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Mais de 150 anos de história dos quadrinhos no Brasil

No Dia do Quadrinho Nacional, relembre as obras nacionais e os quadrinistas do time da DarkSide® Books

30/01/2022

Coloridas ou em preto e branco, com traços precisos ou aquarelados, as HQs são uma forma de literatura ágil e expressiva que têm conquistado cada vez mais fãs pelo mundo. No Brasil, a primeira história em quadrinhos surgiu há mais de 150 anos, em 30 de janeiro de 1869. O autor, Angelo Agostini — um cronista italiano e radicado no país —, gostava de desenhar acontecimentos do cotidiano e publicou uma de suas primeiras ilustrações sequenciais na revista semanal Vida Fluminense. Entre seus personagens mais populares, estavam Nhô Quim (1869) e o Zé Caipora (1883).

Em 11 de outubro de 1905, outro marco importante para a história dos quadrinhos no Brasil: o lançamento de uma revista integralmente dedica à esta arte. O periódico O Tico-Tico, foi a primeira revista em quadrinhos do país, concebida pelo desenhista Renato de Castro. O formato de O Tico Tico foi inspirado na revista infantil francesa La Semaine de Suzette, cuja personagem Suzette foi publicada na revista brasileira com o nome de Felismina.

Revista Ilustrada, publicada por Angelo Agostini, no museu Museu da Imagem e do Som/SP

E a jornada da arte sequencial continuou a prosperar no país, quando Adolfo Aizen — que trabalhava nos jornais O Globo e nas revistas O Malho e O Tico-Tico —, após viajar para os Estados Unidos conheceu os suplementos de quadrinhos e, ao voltar para Brasil, trouxe este novo formato consigo. Em sembro de 1929, o jornal A Gazeta publicou então um suplemento de quadrinhos no formato tabloide, baseado nos Suplementos dominicais de quadrinhos americanos.

A partir deste ponto, diversas publicações no mesmo estilo surgiram no mercado nacional. Em 1939, a revista O Gibi, nome que se tornaria sinônimo de revista em quadrinhos no Brasil. Em 1942, surgiu o Amigo da Onça, célebre personagem que aparecia na revista jornalística O Cruzeiro. Nos anos 1950, a Editora Abril adotou o formatinho, modelo que gradualmente se tornou padrão em publicações brasileiras de histórias em quadrinhos.

Quase 10 anos depois, o público amante dessa arte conheça uma revista em quadrinhos com personagens e temas brasileiros: O Pererê, com texto e ilustrações de Ziraldo. O personagem principal era um saci e não raro suas aventuras tinham um fundo ecológico ou educacional. E os quadrinhos de super-heróis também tiveram vários personagens brasileiros lançados em revista nessa época: Capitão 7, Escorpião e Raio Negro.

Mas algo surgiu no caminho: o golpe militar. Com isso, houve uma nova onda de moralismo que bateu de frente com os quadrinhos, mas que também inspirou publicações jornalísticas cheias de charges como O Pasquim que, embora perseguido pela censura, criticavam a ditadura incansavelmente.

Após esse período intenso de censura à arte, nos anos 1980, o trabalho artístico de vários quadrinistas brasileiros — como Angeli, Glauco e Laerte — ajudaram a restabelecer os quadrinhos no Brasil. Os três cartunistas produziram as aventuras de Los Três Amigos (sátira western com temáticas brasileiras) e, separados, renderam personagens como Rê Bordosa, Geraldão e Overman e Piratas do Tietê.

Até chegarmos às publicações mais populares, como Turma da Mônica e O Menino Maluquinho por exemplo, a história dos quadrinhos no Brasil teve muito chão pela frente. E a Caveira esteve sempre atenta a este modelo de arte, buscando autores e ilustradores para compor o seu time dark de HQs. Dia do Quadrinho Nacional, relembramos os títulos brasileiros publicados pela DarkSide® Books:

Revolta da Vacina, de André Diniz

Revolta da Vacina é a primeira obra de André Diniz a integrar o catálogo da DarkSide® Books. Nela acompanhamos a trajetória de Zelito, um jovem ilustrador cearense que parte para o Rio de Janeiro e tem seis meses para provar ao pai que poderá construir uma carreira de futuro. Na capital, enquanto procura trabalho como cartunista nos jornais, ele se envolve nas manifestações que iriam culminar na rebelião que sacudiu a cidade naquele ano de 1904.

LEIA TAMBÉM: ANDRÉ DINIZ: “A HQ FICOU MUITO MAIS ATUAL AGORA DO QUE QUANDO EU A ESCREVI”

Esta edição especial conta com uma vasta seleção de charges da época a respeito da vacinação obrigatória, além de Posfácio do historiador Luiz Antonio Simas. Com uma pesquisa meticulosa, Revolta da Vacina é um documento da persistência de nossas mazelas históricas, que vai informar tanto o jovem leitor em um primeiro contato com o tema, como aqueles já familiarizados com a história.

Samurai Shirô, de Danilo Beyruth

Danilo Beyruth é um quadrinista bastante premiado pelos seus trabalhos e um nome consolidado nos quadrinhos brasileiros. Desenha para a Marvel Comics, é o criador de Bando de Dois e Necronauta, reformulou o personagem Astronauta de Mauricio de Sousa em uma série de graphic novels e tem trabalhos publicados nos Estados Unidos, Europa e Argentina. O seu primeiro trabalho para a DarkSide® foram as ilustrações horripilantes da reedição de A Noite dos Mortos-Vivos, de John A. Russo.

LEIA TAMBÉM: DANILO BEYRUTH, AUTOR DE SAMURAI SHIRÔ E COM TRABALHOS PARA A MARVEL E MSP, CONVERSA COM O DARKBLOG.

A partir daí, o relacionamento entre a arte de Beyruth e as edições da Caveira só cresceu, surgindo a primeira HQ do autor publicada pela DarkSide®, Samurai Shirô. O quadrinho conta a história de lutas sangrentas pelo poder, honra familiar e do reencontro violento com o passado, vivido no agora por samurais modernos e a yakuza (a máfia japonesa), que usa de cenário o bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo. 

A HQ foi vencedora do troféu HQMIX, a maior premiação de quadrinhos do Brasil, na categoria Aventura/Terror/Fantasia. O 31º Troféu HQMIX recebido, foi uma homenagem ao personagem Nhô Quim, de Angelo Agostini, publicado em 30 de janeiro de 1869. A história teve seus direitos audiovisuais adquiridos e recentemente foi lançada nos cinemas com o nome de “Yakuza Princess”.

Love Kills, de Danilo Beyruth

Dando sequência à parceria entre Beyruth e DarkSide®, o quadrinista publicou mais uma de suas histórias com uma edição impecável da Caveira. Love Kills é a investigação de Danilo Beyruth sobre o mito dos vampiros, com um enredo repleto de aventura e terror, e o traço preciso do autor de Samurai Shirô.

LEIA TAMBÉM: DANILO BEYRUTH: “A HQ BRASILEIRA NÃO ESTÁ PRESA A UM GÊNERO”.

Os desenhos muito bem realizados chamam a atenção do leitor em um primeiro momento, mas a qualidade da narrativa, da transição entre os quadrinhos e o ritmo da história, que mescla diálogos e ações, é o que vai segurá-lo até o final da obra. É uma leitura veloz, mas o leitor vai querer voltar algumas vezes, para se atentar aos detalhes da arte e da história, como se fosse um verdadeiro imortal.

Silvestre, de Wagner Willian

Wagner Willian é um premiado autor de obras magistrais como Bulldogma, Martírio de Joana Dark Side e O Maestro, o Cuco e a Lenda, e entrou para o time de grandes autores da DarkSide® Books em 2019. O quadrinista brasileiro entrega aos leitores uma obra de arte imersiva e reflexiva, ao mesmo tempo orgânica e visceral, chamada Silvestre.

LEIA TAMBÉM: WAGNER WILLIAN: “SILVESTRE CLAMAVA POR SANGUE”.

Nesse quadrinho nacional, acompanhamos a jornada de um velho caçador que atravessa e dialoga com lendas sobre divindades extintas, mergulhando na relação entre o homem e a natureza, e o respeito sobre o que a terra pode nos dar e o que somos capazes de oferecer. No isolamento de sua cabana, ele assa uma torta. Seu aroma cruza a memória, as paredes, a floresta, atraindo animais silvestres e criaturas fantásticas em um grande resgate ao convívio humano, digno de uma celebração selvagem e ritualística

Semblant: Blood Chronicles, de André Meister e Sergio Mazul

Do metal para os quadrinhos nacionais, o músico Sergio Mazul e o artista André Meister se unem para criar um projeto único que é um verdadeiro presente para os fãs desse estilo de música e do terror. A HQ Semblant: Blood Chronicles conta três histórias sanguinárias repletas de magia e ancestralidade.

LEIA TAMBÉM: DO METAL AOS QUADRINHOS: CONHEÇA SEMBLANT: BLOOD CHRONICLES. 

A arte de Semblant: Blood Chronicles foi propositalmente composta de forma a ressoar com as músicas em que se baseou, com referências à ilustração dos discos de metal e às histórias em quadrinhos da revista francesa Métal Hurlant. A obra celebra a adolescência e paixão dos autores pelo horror gótico e às subculturas brasileiras, e celebra o respeito que a DarkSide® tem pelo terror em suas diversas formas.

Imaginário Coletivo, de Wesley Rodrigues

Imaginário Coletivo foi o primeiro título brasileiro do selo DarkSide® Graphic Novel, e trata-se de uma fábula sobre liberdade e força de vontade criada pela mente inquieta do quadrinista Wesley Rodrigues — artista brasileiro consagrado no mundo inteiro. Em suas quase 500 páginas absolutamente deslumbrantes, Imaginário Coletivo narra as aventuras de uma vaca que queria ser pássaro — ou seria um pássaro que nasceu vaca? Inconformada com os papéis que lhe impuseram, a adorável protagonista insiste em seus sonhos e luta pelo que acredita ser melhor para si. 

Uma das maiores referências em animação em nosso país, Wesley Rodrigues coleciona fãs e reconhecimento com seus desenhos, como os prêmios de melhor curta brasileiro no Anima Mundi e Animage em 2013, e menção honrosa no festival de Sapporo, no Japão, para o seu curta “Faroeste: Um Autêntico Western”.

No Dia do Quadrinho Nacional, a DarkSide® Books parabeniza todos os quadrinistas e ilustradores brasileiros que ajudam a alimentar este universo da arte sequencial, especialmente o seu time de autores.

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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4 Comentários

  • Keivelly Naiara Da Silva

    9 de dezembro de 2021 às 14:00

    Amei

  • Ronnie

    30 de janeiro de 2022 às 13:17

    Ótima matéria, aprendi bastante.

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