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A evolução do terror japonês através dos tempos

De histórias seculares de fantasmas ao terror sem limites do ero guro

06/06/2024

A história do terror japonês remonta a séculos de folclore, lendas urbanas e contos sobrenaturais. Afinal, muito antes de sequer pensarmos na existência do cinema, o Japão já contava uma extensa tradição de histórias assustadoras e estranhas, conhecidas como kaidan.

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Surgida no período Muromachi (1338 – 1573) e popularizada no período Edo (1603 – 1868), a literatura kaidan é composta por narrativas que causam medo e estranheza. Embora sejam frequentemente traduzidos como “histórias de fantasmas”, os kaidan vão muito além disso, incluindo diversos seres sobrenaturais e fenômenos misteriosos. Os teatros kabuki, surgidos no século XVII, por exemplo, já traziam elementos presentes em histórias kaidan, adaptando para os palcos temas como o mundo sobrenatural e a vingança.

Não é de se estranhar então que desde muito cedo, o terror japonês — enquanto um gênero cinematográfico e literário consolidado — esteja entrelaçado nessas histórias e crenças tradicionais, as quais são transmitidas de geração para geração. Honrando toda essa tradição, dos kaidan até Sadako e Junji Ito, hoje a Caveira te leva um pouco pela maravilhosa história e evolução do terror japonês. 

hyaku monogatari
Imagem de domínio público

Fantasmas e espíritos vingativos

Uma das gêneses do terror japonês está justamente nas bases xintoístas do país e em seu folclore repleto de histórias sobre Oni, poderosos demônios invisíveis. No entanto, entre os variados seres etéreos que habitam a cultura e religião japonesas, uma ramificação se destacou: os yōkai, criaturas de habilidades espirituais ou sobrenaturais que podem adotar aparências diversas e cujo comportamento varia do malévolo ao travesso. Entre essa imensidão de seres fantásticos, há os metamorfos, como a raposa kitsune e o cão-guaxinim tanuki, e também os yūrei, análogos aos fantasmas ocidentais. 

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Entre os yūrei, há ainda os espíritos vingativos, conhecidos como onryō. Um dos exemplos mais conhecidos de onryō é Okiku, cuja história aparece em Lendas Japonesas, obra que reúne 25 contos tradicionais japoneses ilustrados pela quadrinista Loputyn.  Na narrativa clássica datada do século XVIII, intitulada Banchō Sarayashiki, Okiku é uma empregada doméstica que desperta o interesse de seu mestre, que tenta torná-la sua amante. Quando a jovem rejeita seus avanços, ele cria uma armadilha que a faz ser acusada de quebrar ou sumir — dependendo da versão — com um precioso prato. Sua punição foi ser brutalmente torturada e ter seu corpo jogado em um poço. A partir disso, Okiku se tornou um dos exemplos mais conhecidos de onryō, atormentando seu assassino até enlouquecê-lo e assombrando as pessoas que aparecem em seu caminho. 

Não estranhe se a história de Okiku parece familiar. É que os onryō influenciaram imensamente o cinema de terror do século XX. A imagem de espíritos femininos com longos cabelos pretos que buscam vingança contra alguma injustiça é um dos tropos mais popularizados e comercializados do terror japonês. Basta lembrar de Sadako de Ringu (1998) e Kayako de O Grito (2002), por exemplo.

Ringu
Basara Pictures

Embora essas histórias sejam extremamente populares, remontando a séculos de tradição oral, um ponto decisivo para sua ida aos cinemas aconteceu ao final do século XIX quando o folclorista irlandês Lafcadio Hearn decidiu catalogá-las. O resultado foi a coletânea Kwaidan: Stories and Studies of Strange Things, publicada em 1904, a qual serviu de base para filmes japoneses aclamados, como o clássico Kwaidan – As Quatro Faces do Medo (1964) do cineasta Masaki Kobayashi. Por meio de uma antologia que apresenta quatro histórias kaidan, Kobayashi definiu o tom que seria seguido por muitos diretores japoneses, enfatizando a sensação persistente de medo ao invés de sustos momentâneos.  

O cinema de terror japonês dos anos 1920 e 1930

Desde a década de 1920, o terror japonês já se destacava por suas histórias perturbadoras e ousadas. Um dos primeiros exemplos é o filme mudo experimental Uma Página de Loucura, de 1926, que permaneceu perdido até 1971 quando seu diretor, Teinosuke Kinugasa, encontrou uma cópia em seu depósito pessoal. Uma Página de Loucura acompanha um marinheiro aposentado que assume um emprego em um hospital psiquiátrico para ficar perto da esposa internada e convencê-la a fugir com ele. Com um elenco composto por uma trupe de teatro vanguardista, o filme emprega técnicas expressionistas para abordar uma vertiginosa descida à loucura acompanhada de perturbadoras imagens.

Saltando para os anos 1930, enquanto Hollywood testemunhava a ascensão de ícones do terror como Bela Lugosi e Boris Karloff, o Japão teve sua própria estrela pioneira do gênero: Suzuki Sumiko. Diferentemente do que era costume em outros lugares, Sumiko não representava a donzela em perigo ameaçada pelo monstro. Ela era a entidade monstruosa. Suas performances misturavam a arte dos teatros kabuki e temas tradicionais japoneses com a estética de terror presente em Hollywood na época. Assim, a atriz foi responsável por levar monstros e histórias presentes na tradição oral e nos palcos de teatro para a recém-nascida arte cinematográfica. 

sumiko suzuki

Monstros gigantes e samurais estranhos: os anos 1950 e 1960

Já nos anos 1950, o terror japonês foi responsável por criar a franquia mais longeva da história do audiovisual: Gojira ou Godzilla. Considerado o primeiro filme Kaiju, famoso subgênero de monstros gigantes, Gojira chegou às telonas em 1954 com direção de Ishirō Honda. A história da gigantesca e pré-histórica criatura se tornou um clássico do cinema, empregando um simbolismo sombrio e pessimista para abordar a Segunda Guerra Mundial e os bombardeios das cidades de Hiroshima e Nagasaki em 1945. 

godzilla

Enquanto nos anos 1950, Gojira marcava a união entre o terror e a ficção científica, na década de 1960, Onibaba – A Mulher Demônio (1964) pavimentou outro caminho para o cinema japonês. Trazendo elementos do tradicional teatro Nō, como a máscara hannya, o filme, dirigido por Kaneto Shindo, acompanha duas mulheres tentando sobreviver durante a guerra civil japonesa no século XVI. No entanto, o encontro com um misterioso samurai mascarado traz uma assustadora surpresa. Utilizando o simbolismo e imagens dignas de um pesadelo para levar o enredo para direções inesperadas, Onibaba – A Mulher Demônio definiu o tom assustador, atmosférico e evocativo que predominaria no audiovisual dos anos seguintes.

A psicodélica década de 1970

Na década de 1970, o terror japonês abraçou as narrativas absurdas e surreais, representadas pelo clássico psicodélico de Nobuhiko Obayashi, Hausu (1977). Mistura de surrealismo, comédia, horror e experimentação vanguardista, o filme acompanha um grupo de estudantes que viaja para a casa de campo da tia de uma delas e se depara com eventos sobrenaturais bizarros cada vez mais perigosos. Fruto do crescimento econômico, Hausu marca um momento na cinematografia japonesa em que os cineastas contaram com mais liberdade e incentivos financeiros para explorar estilos e temas não convencionais. Deixando de lado as estruturas narrativas tradicionais e as convenções de gênero, Hausu é um dos grandes exemplos da criatividade ilimitada do cinema japonês.

hausu

O horror visceral de Tetsuo e Audição

A partir dos anos 1980, o terror japonês passou a se aventurar cada vez mais pelo visceral e perturbador horror corporal. Um dos grandes testemunhos dessa evolução é Tetsuo: O Homem de Ferro do cineasta Shinya Tsukamoto. Lançado em 1989, o longa é frequentemente comparado ao trabalho de diretores como David Cronenberg e Sam Raimi, ao mesmo tempo em que se insere de forma única na história audiovisual japonesa. Nele, acompanhamos a agonizante transformação de um homem em um grotesco híbrido de carne e metal, a qual funciona como uma alegoria da era tecnológica e industrial para a qual o Japão estava rapidamente avançando. 

Simultaneamente, o cinema contou com outra adição visceral: Audição (1999) de Takashi Miike. Adaptação do romance homônimo de Ryu Murakami, o longa acompanha a história de um viúvo de meia-idade que é convencido pelo filho a voltar ao mundo do namoro. Junto de seu melhor amigo, ele encena falsos testes de elenco para encontrar uma nova parceira, sendo conquistado por uma ex-bailarina. No entanto, a história acaba descartando o manto romântico para revelar um lado perturbador e sombrio da realidade. Conhecido por seu notório clímax, Audição se tornou uma das grandes influências para os filmes ocidentais apelidados de “torture porn”. 

audição

O terror nos mangás: Junji Ito & Shintaro Kago

Simultaneamente à popularidade do terror nas telas, o gênero também encontrava cada vez mais espaço na literatura. Um exemplo é Ring, obra de 1991 do autor Koji Suzuki, a qual deu origem à prolífica franquia cinematográfica de Sadako. Já no mundo dos mangás, o terror passou a ser muito bem representado por Shintaro Kago e, é claro, Junji Ito

Nascido em 1969, Shintaro Kago teve sua estreia com o mangá adulto Uchuu Dai Sakusen, publicado em 1988. De lá para cá, o mangaká conquistou uma ampla base de leitores, tornando-se um dos representantes do gênero “ero guro”, marcado pela união entre o erótico e o grotesco. Autodenominado “autor bizarro de mangás”, Kago traz em suas histórias horror corporal, humor ácido, ficção cientifica, escatologia, sexo extremo e modificação corporal, contando com uma extensa lista de obras, as quais incluem Pedacinhos e Anamorfose, ambas publicadas pela DarkSide® Books

anamorfose

Da mesma geração de Shintaro Kago, há outro nome que se destaca no mundo dos mangás de terror: Junji Ito. Nascido em 1963, Ito começou desenhando como um hobby até se profissionalizar em 1987, com o lançamento de Tomie, obra que lhe rendeu menções honrosas em diversas premiações. A partir disso, o autor conquistou leitores do mundo todo e se tornou um dos maiores artistas contemporâneos dos mangás de terror, lançando sucessos como Uzumaki e Gyo, os quais foram adaptadas para o cinema. 

Misturando diferentes subgêneros do terror, como o horror corporal e o horror cósmico, as obras de Junji Ito são chocantes e perturbadoras, dialogando imensamente com temas presentes no cinema japonês. Ao trazer o terror sobrenatural para o cotidiano, seus personagens se tornam vítimas de forças malévolas, as quais abrem as portas para verdadeiros pesadelos, cenários caóticos e muitas outras bizarrices. Em Fragmentos de Horror, por exemplo, Ito traz uma coleção de nove histórias, as quais oferecem encontros com o desconhecido e toda a estranheza que pode habitar a vida cotidiana, variando do aterrorizante ao cômico. Já em Contos de Horror da Mimi, o autor mostra sua relação com a tradição dos kaidan, inspirando-se em experiências sobrenaturais reais que foram coletadas por Hirokatsu Kihara e Ichiro Nakayama na obra Shin Mimibukuro.

Contos de Horror da Mimi

O horror tecnológico de Sadako 

Com o novo milênio se aproximando e a presença cada vez mais forte da tecnologia no dia a dia, muitos cineastas japoneses passaram a abordar as ansiedades socioculturais ligadas a essa realidade. Tais filmes inovaram ao conferir mais protagonismo à tecnologia, retratada enquanto personagem ou canal para o mundo sobrenatural, e não como mera ferramenta. Desta forma, o cinema equilibrava o novo e o antigo com enredos que mostravam dispositivos, como o VHS e o celular, sendo transformados em instrumentos de terror, ao mesmo tempo em que os tradicionais contos de fantasmas vingativos ganhavam novos contornos. 

O pioneiro desse estilo dispensa apresentações. Do diretor Hideo Nakata, Ringu (1998) traz a clássica história de um onryō – Sadako – cuja malignidade passa a ser também representada pela inocente fita de VHS que perpetua sua maldição. Além de ser um tradicional conto kaidan de fantasmas, Ringu aborda o medo da perda de controle perante o rápido avanço tecnológico e sua inserção em nossas vidas, a qual pode trazer perigos inimagináveis. 

Na esteira de Ringu, vieram filmes como Kairo (2001), o qual aborda a solidão e dependência do mundo digital por meio de uma história de fantasmas, e Uma Chamada Perdida (2003), onde o celular se transforma em um instrumento de morte. Ambas as narrativas ecoam desconfianças sobre a natureza invasiva da tecnologia e de um mundo cada vez mais interconectado. Unindo o avanço tecnológico com o sobrenatural, o cinema japonês encontrou um terreno fértil para abordar os medos mais enraizados do público.

uma chamada perdida

Contudo, na contramão dos filmes de horror tecnológico, há obras que trazem os onryō e outros fantasmas para um ambiente urbano. É o caso de Água Negra (2002) e O Grito (2002). Dirigido por Takashi Shimizu, O Grito deixa de lado o apelo da tecnologia para focar no tradicional espírito vingativo que sofreu uma grande injustiça antes de morrer. Atrelando a maldição à uma residência em Tóquio, o filme marcou o surgimento de dois ícones do horror: Kayako e seu filho, Toshio. 

A era dos remakes ocidentais 

Ringu e O Grito não foram sucessos apenas no Japão. O final da década de 90 e início dos anos 2000, marcou a popularização do termo j-horror ao redor do mundo. Oferecendo diferentes formas de sentir medo e misturando o imaginário tradicional dos yōkai e onryō com cenários urbanos, estas produções renovaram o terror audiovisual, cativando não apenas os espectadores japoneses. Com seus cabelos compridos e aparências assustadoras, Sadako e Kayako trouxeram o tropo do fantasma vingativo para o cinema hollywoodiano, tornando-se as grandes representantes do j-horror no ocidente. Isso resultou em uma série de refilmagens estadunidenses, como O Chamado (2002), O Grito (2004), Pulse (2006) e Uma Chamada Perdida (2008).

Embora sigam praticamente o mesmo enredo, as refilmagens ocidentais realçam as diferenças que existem entre estas tradições cinematográficas. Enquanto as versões japonesas optam pela tensão atmosférica e enigmática, utilizando o poder tácito em suas narrativas, as refilmagens oferecem explicações e resolvem as ambiguidades das histórias, frequentemente com narrativas mais lineares e esmiuçadas. Isso acontece principalmente porque as sensibilidades e os medos dos públicos são diferentes. Basta pensar nas duas versões de O Grito, feitas pelo mesmo diretor. Tanto o filme de 2002 quanto a refilmagem de 2004 têm o mesmo roteiro e utilizam praticamente as mesmas locações em Tóquio. Contudo, considerando o imaginário japonês e sua familiaridade com os kaidan e onryō, vários elementos não precisam ser explicados no filme original, enquanto na versão americana é necessário que estes sejam esmiuçados para o público. 

o grito
Columbia Pictures/Divulgação

A versatilidade do terror japonês 

O terror, o medo e o sobrenatural fazem parte da história japonesa há séculos. Das primeiras histórias de fantasmas, passando pelo surgimento da literatura kaidan até peças de teatro kabuki e outras formas artísticas que retratam assombrações e espíritos vingativos, há uma rica tradição de folclore, lendas urbanas e contos sobrenaturais. Tudo isso contribuiu para a consolidação do gênero no cinema, televisão, videogames e literatura. 

Com temas que variam de fantasmas melancólicos e eventos sobrenaturais até preocupações perante a industrialização e a tecnologia, o terror japonês influenciou globalmente o audiovisual, resultando não apenas em sua popularização, mas também em refilmagens e outras produções inspiradas. Atualmente, o terror japonês é um gênero multifacetado e extremamente variado, que engloba diferentes subgêneros e agrada desde os fãs sedentos por gore até aqueles que preferem narrativas sobrenaturais.

Apesar dessa variedade de enredos e imagens, uma de suas características mais icônicas permanece o equilíbrio entre a tradição e o mundo contemporâneo. Ao abraçar o antigo e o novo, o familiar e o desconhecido, o sobrenatural e o natural, o terror japonês revela sua infinita criatividade e beleza, mostrando que o terror é uma experiência plural que pode assumir as mais diferentes e assombrosas faces.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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1 Comentário

  • Kaique

    7 de agosto de 2024 às 17:14

    Ótimo texto, obrigado!

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