Atenção! Este post contém muitos spoilers de Psicose e de Bates Motel
Psicose se mantém forte no imaginário popular mesmo depois de mais de 60 anos de sua publicação. O livro de Robert Bloch, republicado pela Caveira, levou Alfred Hitchcock a produzir seu marco no cinema de suspense e terror, com cenas icônicas que são reconhecidas até por aqueles que não viram o filme. Em 2013 a série Bates Motel surgiu para reacender os mistérios que rondam os crimes de Norman Bates.
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Ambientada nos dias atuais, a série teve duração de cinco temporadas e aproveitou para explorar melhor a relação de Norman com sua mãe Norma, a ausência mais sentida no filme. Há uma mistura entre a década de 1960 com os anos 2010, com carros e roupas de época, mas com smartphones.
Os roteiristas da série tomaram várias liberdades criativas, mas com justas homenagens ao livro e principalmente ao filme de Hitchcock. A seguir, confira algumas comparações entre as duas obras:
A história de Bates Motel começa bem antes dos eventos de Psicose: com Norma e um jovem Norman Bates se mudando para o hotel que eles acabaram de comprar. Isso ocorre logo após a estranha morte do marido de Norma e os dois buscam uma espécie de novo início.
Mesmo com um Norman bem mais jovem do que o homem de 40 e poucos anos do livro de Robert Bloch, a série antecipa um pouco mais o crime mais famoso de Psicose, mais até do que o filme de Hitchcock. Na série, ele é cometido quando o assassino ainda é um jovem adulto.
Na sua última temporada, a série alcança os eventos do livro e dá continuidade a eles, só que de uma forma diferente, conforme explicaremos a seguir. Com isso, não dá pra dizer que Bates Motel se trata de um remake do longa de Alfred Hitchcock, mas sim, de um reboot, quando acontecimentos são intencionalmente alterados na história.
Norman Bates continua sendo a peça central da trama. Na série, sua mãe Norma ganha bem mais protagonismo, justamente porque a ideia era justamente explicar a influência dela na personalidade e nos crimes do filho.
Além deles, Marion Crane (Mary, no livro) se mantém fiel à personagem, mesmo com as adaptações aos dias atuais. Até mesmo o namorado dela continua sendo Sam Loomis, só que com uma personalidade um pouco diferente. É claro, por se tratar de uma série, outros personagens foram adicionados à equação, mas aqueles essenciais para a trama permanecem os mesmos.
Outro fator que agradou bastante os fãs é a ambientação do Bates Motel, com seu corredorzinho de quartos e o imponente e assombroso casarão no topo de um morro. A série caprichou de uma forma que fã nenhum pode colocar defeito.
Verdade seja dita: não sabemos tanto assim sobre Norma Bates no livro e no filme. Sabemos, é claro, da influência que ela teve em Norman e de que provavelmente era uma mãe autoritária e que causou muitos estragos na mente do filho, mas só sabemos de tudo isso através dele.
A série busca aprofundar melhor o nosso entendimento quanto a Norma. Mais do que uma mãe dominadora, a personagem interpretada por Vera Farmiga se mostra muito mais amorosa e protetora de seu filho – talvez até demais. Ela é uma figura obstinada que não aceita ser feita de boba pelos outros, mas ingênua quando se trata dos problemas de seu filho Norman.
Em resumo, a série posiciona Norma não como a principal causadora da psicose do filho, mas como uma figura por vezes negligente quanto aos problemas que ele já vinha apresentando ao longo da vida.
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Esta é provavelmente a primeira mudança significativa da série. Enquanto no livro e no filme o Bates Motel está localizado na cidade fictícia de Fairvale, na Califórnia, na série ele fica em White Pine Bay, no Oregon.
Apesar disso, a cidade ganha um papel bem mais importante na série. O lugar esconde mistérios de forma semelhante a Twin Peaks, como se todos os seus habitantes fossem altamente corruptíveis e escondessem um corpo no armário. Na primeira temporada, é bem explorada a indústria ilegal de vastas plantações de maconha, que parece estar ligada a misteriosas mortes que ocorrem na cidade.
No livro é mencionado algo sobre o Bates Motel ter perdido seus clientes por causa de uma nova rodovia, que desviou os viajantes para outro lugar. Na série, este tema vira uma importante batalha para Norma.
No filme, Marion fica impressionada e horrorizada com os animais empalhados por Norman Bates. O personagem explica sua experiência com taxidermia – o que justifica o fato de ele ter conservado tão bem o corpo de sua mãe após a morte dela.
Na série, descobrimos como Norman se tornou adepto de um hobby tão sinistro. Ele aprende a técnica com o pai de sua melhor amiga, Emma Decody. Conforme o tempo passa, empalhar animais parece ser a única atividade que o mantém realmente focado e interessado.
Em Psicose há Norman, Norma e sabemos de um marido dela que foi morto. Nas continuações ainda surge uma irmã para Norma, mas a coisa para por ali. Norman é tradicionalmente um filho único, porém, em Bates Motel ele ganhou um irmão mais velho chamado Dylan, que é deixado meio que de lado por Norma – e depois descobrimos ser fruto de um estupro incestuoso por parte do irmão dela, Caleb. Aliás, Caleb também é uma criação da série, que não existe nem no livro e nem no filme.
A inserção de Dylan na família Bates, no entanto, ajuda a aproximar Norman do assassino que inspirou Robert Bloch a escrever seu personagem: Ed Gein, que também tinha um irmão mais velho.
Quando Marion Crane é assassinada em Psicose, por quem imaginamos ser a mãe de Norman, uma das coisas que mais chocam é ver a naturalidade com que ele limpa a cena de um crime que ele, supostamente, não cometeu.
Na série, quando Keith Summers é brutalmente esfaqueado por Norma, ela e o filho limpam a cena de forma bem semelhante ao que Norman faz para se livrar do corpo de Marion. Eles cobrem o corpo com um lençol, colocam-no no porta-malas do carro e jogam o carro no lago até que ele afunde. Parece que Norman aprendeu algo com sua mãe, no final das contas.
No filme original, sabemos que Norma foi assassinada com o seu marido por Norman. Porém, na série os acontecimentos são um pouco diferentes. Quando Norman sai de sua internação em uma instituição psiquiátrica, descobre que sua mãe se casou com Alex Romero, o xerife da cidade com quem Norma já ensaiava um romance há várias temporadas. Tomado por um ciúme insano, ele decide tirar a própria vida, assim como a de Norma, enchendo a casa com monóxido de carbono. No entanto, Romero chega a tempo de reanimar Norman, mas não consegue salvar sau esposa. Ele eventualmente é morto pelo enteado na temporada seguinte.
Assim como no filme, Norman dá um jeito de manter sua mãe por perto mesmo após sua morte. No filme, ele faz isso por meio da mumificação. Já em Bates Motel, Norman congela o corpo de Norma para preservá-lo. Aparentemente o plano dele era mumificar a mãe também, já que Caleb encontra um livro sobre este procedimento.
A cena que ajudou no buzz causado por Psicose ao longo de décadas, a do assassinato de Marion Crane no chuveiro, ganhou uma nova versão e até um novo significado em Bates Motel. No filme, a mulher é assassinada por Norman “possuído” pela mãe, por considerá-la pecaminosa demais e para suprimir os impulsos sexuais do filho – ou dele próprio, se formos analisar friamente.
Só que a série decidiu recontar esta passagem. Marion é interpretada por Rihanna e, assim como a personagem de Janet Leigh, está em maus lençóis. Ela tem um relacionamento com Sam Loomis, que é casado com Madeleine – uma mulher por quem Norman se afeiçoa significativamente, principalmente por causa da semelhança dela com Norma.
Ao saber da infidelidade de Sam, Norman decide que quem deve ser punido é o marido infiel, no lugar de Marion. Ou seja, pela primeira vez em todas as versões de Psicose, a moça do chuveiro é poupada e um homem é morto em seu lugar – sim, no chuveiro, só que sem que o assassino vestisse as roupas da mãe. Quase faz com que o público simpatize com Norman.
Psicose acaba com a descoberta do crime de Norman e de sua mãe mumificada no porão, o que leva à prisão do assassino. Este final deu margem a outras continuações, bem menos lembradas do que o original.
Já Bates Motel vai um pouco além. Norman chega a ter problemas com a justiça por causa dos assassinatos, mas sua história não termina por aí. Ele é retirado da prisão por um fugitivo Alex Romero, que o obriga a mostrar onde está o corpo de Norma. Depois de matar o padrasto, Norman leva sua mãe para o casarão e convida Dylan, seu irmão, para jantar, como se nada tivesse acontecido. Neste contexto, Norman praticamente pede para que Dylan o mate, o que acontece, reunindo mãe e filho e encerrando qualquer possibilidade de continuidade para a história de Norman.
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9 Comentários
Sandra Maria Bergel Gonçalves
31 de julho de 2020 às 13:40
Sandra Maria Bergel Gonçalves
31 de julho de 2020 às 13:40
Muito bom. Amei a serie e assisti Psicose nos anos 60,qdo foi lançado. Não se falava em outra coisa. Bates Motel faz jus a famosa criação de Hitchcock. Muito boa a serie . Vc fica querendo ver todos os episódios,sem parar. Ela mostra a estrondosa influência que Norma tem na formação doentia da personalidade de Norman Bates. Sem contar a atuação dos atores, que é um show à parte.
Gilmar Ribelato
31 de julho de 2020 às 19:51
Gilmar Ribelato
31 de julho de 2020 às 19:51
Ótima uma série ótima assisti todas as temporada e assistiria dinovo melhor série que já assisti bates motel deixou saudade está serie
Kátia Barbosa
31 de julho de 2020 às 22:22
Kátia Barbosa
31 de julho de 2020 às 22:22
Série linda. Me impactou bastante . Sempre amei Fred Highmore desde seus filmes de criança. Depois disso não consigo ver ele em outro papel kkk kkk. Mas ele continua sendo um ator genial .
Ana Lúcia
1 de agosto de 2020 às 10:23
Ana Lúcia
1 de agosto de 2020 às 10:23
Bates motel tá no top five de séries pra mim. Bem escrita, linda fotografia, uma bela trilha musical, e os atores dão vida de maneira irrepreensível aos personagens. Sou muito apaixonada por essa serie.
Miriam Bonagura
3 de agosto de 2020 às 01:56
Miriam Bonagura
3 de agosto de 2020 às 01:56
Não sou muito de gostar de filmes de suspense e thrillers, porém amei a Série MOTEL BATES, pelos atores por quem senti, um carinho, sem entender o porquê
Rodrigo
3 de agosto de 2020 às 20:56
Rodrigo
3 de agosto de 2020 às 20:56
Não sou muito de acompanhar séries, mas sem querer acabei assistindo o primeiro episódio da primeira temporada e fiquei “preso” à série até o final. Assisti todos os episódios e não quis saber o final por quem já havia assistido. Não imagino um final tão correto para todos os personagens. Muito bom!
Monique
5 de agosto de 2020 às 04:55
Monique
5 de agosto de 2020 às 04:55
Minha série preferida, muito boa mesmo, amo o Fred interpretando ??
Fernanda Francieli
18 de setembro de 2023 às 20:10
Fernanda Francieli
18 de setembro de 2023 às 20:10
é a 3° vez q assisto eu simplesmente amo, a 1° vez assisti todas as temporadas em 2 meses, a 2° vez com minha irmã q amou , e hoje em setembro de 2023 estou na 2° temporada pela 3° vez assistindo com a minha namorada. Ela está viciada , e eu amando cada reação dela. Série ótima, personagens que nos deixam sem fôlego.