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Blue Öyster Cult e o culto ao horror

Banda têm letras inspiradas pelos grandes clássicos do gênero

13/07/2023

Todos sabemos que o rock e o heavy metal têm uma relação para lá de próxima com o horror. Há muito tempo o gênero que tanto amamos vem influenciando a música, e vice-versa, com uma longa e variada lista que passa por Black Sabbath, Iron Maiden, Ghost e Rob Zombie

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No cinema, por exemplo, são diversos os filmes de horror que tiveram suas trilhas sonoras marcadas por grandes nomes do rock. Cemitério Maldito (1989) contou com a inédita “Pet Semataryda banda de punk rock Ramones. Hellraiser III – Inferno na Terra (1992) veio ao som de “Hellraiser”, gravada pela primeira vez por Ozzy Osbourne e agora na versão da banda britânica Motörhead, enquanto A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos (1987) eternizou “Dream Warriors” do grupo americano Dokken. 

Mas as relações entre horror e rock não param por aí. O cantor Alice Cooper ficou conhecido por suas performances nos palcos que envolviam sangue falso, guilhotinas, cadeiras elétricas e um visual extremamente influenciado pelo horror. Em seu álbum Constrictor, lançado em 1986, o cantor norte-americano fez uma homenagem à franquia Sexta-Feira 13 na música “He’s Back (The Man Behind the Mask)”, a qual foi inserida na trilha sonora de Sexta-Feira 13 Parte 6: Jason Vive. A banda de horror punk Misfits é outro bom exemplo dessa relação. O clipe da música “Scream” foi dirigido por ninguém mais, ninguém menos do que o pai dos zumbis modernos, George Romero. 

Entre todos esses exemplos há um outro grupo musical que com certeza se destaca por suas letras baseadas no horror e na ficção científica. Fundada em 1967 na cidade de Long Island nos Estados Unidos, a banda de rock Blue Öyster Cult ficou conhecida pela mistura de rock psicodélico com hard rock e músicas que abordam o oculto e fantástico com maldições, monstros, vampiros e outras criaturas lendárias

blue oyster cult

O horror e a música do Blue Öyster Cult

Fundada no final dos anos 1960 por um grupo de estudantes norte-americanos, a banda nasceu com o nome Soft White Underbelly. Após inúmeros shows pequenos, mudanças de integrantes, um rompimento temporário e vários nomes, o grupo finalmente decidiu se chamar Blue Öyster Cult, lançando seu primeiro álbum em 1972. 

O nome veio de um poema escrito pelo empresário da banda, Sandy Pearlman, em que um grupo de alienígenas, chamado de Blue Öyster Cult, se reuniu secretamente para guiar a história do planeta Terra. Já a misteriosa logo da banda, que combina uma cruz e um gancho, possui conotações mitológicas, alquímicas e metafísicas. Aparecendo em todos os álbuns da banda, a imagem é um símbolo do titã Cronos, pai de Zeus, e o símbolo alquímico do Chumbo, considerado um metal pesado. Além disso, a logo também se assemelha ao símbolo astrológico de Saturno, deus romano da agricultura. 

logo blue oyster cult

Citada como a influência de inúmeros outros gigantes musicais, como a banda de heavy metal Metallica, para além do som, a Blue Öyster Cult também se destaca por suas letras inspiradas no horror e em escritores famosos como Edgar Allan Poe, Stephen King e H.P. Lovecraft. Quando questionado sobre o significado sombrio de muitas de suas letras, o vocalista Eric Bloom afirmou que ele e seu companheiro de banda, Buck Dharma, são aficionados por ficção científica, fantasia e feitiçaria, o que inspira e é transmitido para as composições da dupla. 

Mas a relação da banda com o horror não acaba por aí. Seu primeiro grande sucesso foi a icônica “(Don’t Fear) The Reaper, lançada em 1976 no álbum Agents of Fortune. Escrita por Buck Dharma, a música aborda a inevitabilidade da morte, sua aceitação, o amor eterno e a viagem tenebrosa pelo abismo. Algo que poderia muito bem ter saído da mente de Edgar Allan Poe, não é mesmo?

Além disso, a faixa foi utilizada em um dos maiores clássicos do cinema de horror: Halloween (1978). Para DarkSiders curiosos, basta procurar a cena em que Laurie (Jamie Lee Curtis) e Annie (Nancy Kyes) estão dentro do carro voltando da escola que você vai escutar a música tocando no rádio do veículo. “(Don’t Fear) The Reaper” ainda fez outras aparições na franquia, sendo incluída na refilmagem de 2007 dirigida por Rob Zombie de e no mais recente Halloween Ends, tocando ao longo dos créditos de encerramento.

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Quem também gostou da música foi o mestre Stephen King, que a utilizou como inspiração para seu livro A Dança da Morte, publicado originalmente em 1978. Quando a obra foi adaptada como minissérie para a televisão em 1994, “(Don’t Fear) The Reaper” foi utilizada como música de abertura. Já na nova adaptação da história, produzida entre 2020 e 2021, a canção apareceu nos créditos do quinto episódio. 

Outro filme de sucesso que utilizou a música do Blue Öyster Cult foi o slasher X: A Marca da Morte, lançado em 2022 sob direção de Ti West em homenagem ao uso que Halloween fez da canção. Falando em homenagens ao filme de John Carpenter, Pânico (1996) incluiu em sua trilha sonora um cover acústico da música, feito por Gus Black, que toca ao fundo da cena em que Sidney e Billy discutem seu relacionamento

As referências: De Lovecraft a Godzilla

Embora seja muito utilizado como trilha sonora em filmes de horror, a relação da Blue Öyster Cult com o gênero vai muito além disso, estando praticamente enraizada na banda. Não apenas pelas temáticas e referências presentes nas canções, mas também pelo próprio som da banda e a imagética utilizada nas capas dos álbuns.

Um bom exemplo disso é “Joan Crawford”, faixa do álbum Fire of Unknown Origin de 1981. Além da letra, que parece ter saído direto de um filme macabro, fazendo alusão de forma quase demoníaca à relação abusiva entre a atriz Joan Crawford e sua filha Christina, a música conta com uma assustadora e perturbadora voz chamando por Christina. Um detalhe que parece ter saído direto de um bom filme de zumbi. 

No entanto, uma das maiores referências do horror nas obras da Blue Öyster Cult com certeza é H.P. Lovecraft, autor que há muito reside nas profundezas do selo Medo Clássico aqui na DarkSide® Books. Um dos exemplos mais visíveis disso está no álbum Imaginos, lançado em 1988, que combina elementos da literatura gótica e ficção científica. Concebido como uma ópera rock, o álbum possui como tema uma conspiração alienígena no final do século XIX e ao longo do século XX que se concretiza por meio das ações de Imaginos, um agente do Mal. Mesclando uma história de horror com conto de fadas, as letras citam eventos e personagens históricos, ao mesmo tempo em que fazem referências à civilizações antigas, misticismo, astronomia, ocultismo e teorias da conspiração

Recheadas de seres antigos e poderosos, diversas canções são inspiradas nos trabalhos de Lovecraft. Um exemplo é “I am the One You Warned Me Of”, que faz referência ao conto “O que Assombra nas Trevas” publicado em 1936 e que integra o livro H.P. Lovecraft: Medo Clássico Vol. 2. Embora Lovecraft seja uma das principais referências do álbum, outros grandes clássicos do horror são citados, como Frankenstein e a inovação tecnológica na canção “The Siege and Investiture of Baron von Frankenstein ‘s Castle at Weisseria”.

lovecraft medo classico

Em 2001, a banda lançou Curse of the Hidden Mirror, seu décimo quarto álbum de estúdio, no qual cita os alinhamentos cósmicos que Lovecraft tanto escrevia sobre. Isso fica nítido na canção “The Old Gods Return”, que fala do cumprimento de uma profecia sobre a volta de Antigos Deuses e a destruição das civilizações humanas. Seu disco mais recente, The Symbol Remains, lançado em 2020, traz uma faixa intitulada “The Alchemist”, que referencia o conto homônimo do escritor publicado originalmente em 1916 e aborda uma história de nobreza, vingança, maldição e feitiçaria

Mas as referências de horror do Blue Öyster Cult não se limitam a Lovecraft. A canção “Tattoo Vampire”, presente no disco Agents of Fortune, narra um encontro sexual com uma vampira. Já o álbum Spectres, lançado em 1977, traz inúmeras homenagens ao cinema do gênero, com canções como “Godzilla”, tributo ao icônico monstro gigante; “Nosferatu”, que narra os eventos do filme alemão de 1922; e “Dial M for Murder”, cujo título faz alusão ao filme Disque M para Matar de Alfred Hitchcock. 

O disco de 1974 da banda, intitulado Secret Treaties, conta com a música “Harvester of Eyes”, que descreve a macabra história de um assassino em série que rouba os olhos de suas vítimas. O álbum ainda traz a faixa “Astronomy”, que mais tarde também ganharia uma nova versão em Imaginos, já que narra eventos envolvendo o personagem cósmico de mesmo nome. Em 1988, quando foi lançado um vídeo desta nova versão da canção, Stephen King, fã de longa data da banda, foi quem emprestou sua voz para a narração, que se inicia da seguinte forma: “Imaginos (interpretada por Blue Öyster Cult) – uma história de ninar para os amaldiçoados”.

Já o álbum Heaven Forbid, de 1998, tem uma capa digna de um filme de horror. Esse décimo terceiro disco do Blue Öyster Cult foi uma colaboração com o escritor de horror e ficção científica John Shirley, que compôs a grande maioria das canções, as quais prestam homenagem aos primeiros temas da ficção científica e das histórias de mistério. 

Dos clássicos do horror ao heavy metal

Assim como a Caveira, o Blue Öyster Cult é nitidamente um amante do horror e da ficção científica, inspirando-se continuamente nesse universo Dark que tanto adoramos. Seja em forma de homenagem, inspiração ou em diversas referências temáticas e imagéticas, a banda americana formada em 1967 continua na ativa, cultuando o horror do jeitinho que a gente gosta

Com seu fascínio pelo sobrenatural e fantasia, o Blue Öyster Cult nos mostra a riqueza do gênero de horror e sua vastidão de temas e histórias. De H.P. Lovecraft, Edgar Allan Poe e Stephen King até Godzilla, o grupo musical continua surpreendendo e encantando os fãs, que tentam decifrar suas letras e referências ocultas. 

E você? Também gosta da união entre o horror e a música? Qual outra banda tem essa relação? Conta nos comentários que a Caveira vai amar conhecer novas playlists!  

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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