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Clock: Thriller psicológico escancara as dores da pressão social pela maternidade

Relembre outros filmes de terror em que a cobrança da sociedade é o verdadeiro monstro

13/04/2023

Sabemos que a pressão da sociedade sobre as pessoas pode gerar efeitos muito graves — e muitas vezes até macabros. É essa premissa em que se baseia Clock, novo filme do Hulu dirigido por Alexis Jacknow, que estreia nos EUA no próximo dia 28 de abril.

O terror psicológico acompanha o drama de Ella (vivida por Dianna Agron, de Glee), uma mulher independente, em seus 30 e poucos anos, que está feliz no trabalho como uma reconhecida designer de interiores e vivendo bem com o fato de não querer ter filhos.

Ella vive um casamento apaixonado com Aidan e usa seu tempo livre para fazer trabalhos voluntários, cozinhar comidas gostosas e fazer qualquer outra coisa que sua vontade permita. Até aí, tudo bem, né? Exceto pela pressão social exercida pela família e os amigos, que acham que Ella deveria “ouvir seu corpo” e ter logo um filho. As coisas pioram depois que um amigo próximo tem um bebê (e ela está feliz com isso!).

A existência até então satisfeita de Ella dá lugar a uma turbulência constante. A personagem acaba cedendo e se submete a um tratamento experimental que promete “consertar” seu relógio biológico (daí o título do filme, “relógio”, em inglês) através de terapias cognitivo-comportamentais. Tudo capitaneado por médicos irresponsáveis que acreditam que a principal missão de uma mulher é procriar.

O monstro da pressão social para ter filhos, casar, passar por rituais indigestos…

O mesmo mote costurou o aclamado Precisamos Falar Sobre o Kevin, de 2011, mas com um desfecho trágico. Baseado no romance homônimo de Lionel Shriver, o filme de Lynne Ramsay mostra a luta de Eva Katchadourian (Tilda Swinton) para retomar sua vida, entre a culpa e a solidão, após um massacre causado pelo seu filho.

Eva nunca quis ter filhos, mas se apaixonou por um fotógrafo publicitário que sonhava em ser pai. Ela cede e os dois dão à luz Kevin, um menino entediado e cruel empenhado em aterrorizar babás e vizinhos. Até que o pior acontece.

Mais recente, Noite Passada em Soho, de Edgar Wright, nos apresenta Eloise (Thomasin McKenzie), uma jovem estudante de moda que consegue voltar no tempo para efervescente Londres dos anos 1960 e conhece Sandy (Anya Taylor-Joy), uma aspirante a cantora por quem fica fascinada. Ellie muda todo seu estilo para se parecer cada vez mais com Sandy e ser mais aceitas pelo povo da época, mas isso acaba tendo consequências assustadoras.

Outro exemplo clássico de pressão social retratada na ficção é O Lagosta, de Yorgos Lanthimos. Protagonizado por Colin Farrell e Rachel Weisz, o filme ganhou o prêmio do júri no Festival de Cannes, um dos mais importantes do cinema mundial, e abocanhou uma indicação ao Oscar de roteiro original.

O longa, de 2015, aborda a pressão social para que pessoas adultas encontrem um par romântico, já que a solidão costuma não ser muito bem vista. O Lagosta acompanha David (Farrell), um homem vivendo numa realidade distópica, em que adultos solteiros são presos. Assim, ele é enviado para um hotel após ser deixado pela esposa. Neste hotel, nada de descanso: os hóspedes têm 45 dias para encontrar um parceiro ou serão transformados em um animal de sua escolha. Uma doideira só.

Já em Demônio de Neon, lançado no ano seguinte, Jesse (Elle Fanning) é uma bela jovem de 18 anos que vai tentar a sorte como modelo em Los Angeles. Após tirar algumas fotos mórbidas com um jovem fotógrafo, ela acaba contratada por uma conceituada agência de modelos. E, como você pode imaginar, aqui a pressão é estética. E das mais pesadas. Ingênua, Jesse tem que lidar com o ego das colegas e também com a maquiadora Ruby (Jena Malone), que tem intenções misteriosas. E é daí que vem o terror.

Raw (2016) conta a história de Justine (Garance Marillier), uma estudante vegetariana que entra para a mesma faculdade de veterinária que sua irmã mais velha, e onde seus pais se conheceram. Durante uma semana de trotes, Justine é forçada a participar de rituais violentos, que incluem ingerir rins de coelho. Crus, claro. Depois disso, ela desenvolve uma estranha atração por carne crua e, aos poucos, seus desejos carnais aumentam, escalando de um jeito aterrorizante. Tudo isso pela pressão para se encaixar na cultura universitária e para não ser considerada uma estranha. Puxado.

Essas tramas mostram que muitas vezes o monstro está na própria sociedade e na pressão para que alguém se encaixe num padrão ou atenda determinada expectativa. Na sua opinião, que outros tipos de pressão social renderiam um filme de terror?