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Como os tempos musicais se relacionam às emoções

Música para Morrer e Renascer recorre aos tempos para denunciar totalitarismo

20/09/2024

Música e poesia se misturam em Música para Morrer e Renascer, da bielorussa Valzhyna Mort, mas não de uma maneira convencional. No livro lançado pela DarkSide® Books a autora recorre a movimentos musicais como metáforas para denunciar histórias de totalitarismo e violência contra seu país.

Além disso, a música é usada como uma forma de homenagear os mortos. “Allegro para fugir da polícia”, ela escreve em um verso, em referência ao ritmo enérgico e ligeiro. Adágio, um tempo musical mais lento e triste, é dedicado a “lavar os corpos”.

Sons estimulam áreas do cérebro

O tempo musical, na música clássica, é frequentemente pensado para evocar emoções nos ouvintes — assim como cores, texturas e enquadramentos em outras formas de arte. Isso acontece por que, segundo estudos, ritmos específicos ativam diferentes áreas do cérebro responsáveis por nossos sentimentos. É claro que, na música, inúmeros outros fatores, como instrumentos, vocais, arranjos e melodias, podem influenciar. Mas há estímulos básicos que cada tempo musical pode evocar.

Allegro significa “alegre” em italiano, e, por ser leve e rápido, é um movimento que engaja e “prende” quem ouve. Antonio Vivaldi é um dos mestres do estilo: basta lembrar das cordas velozes e inconfundíveis de As Quatro Estações.

Adagio, do lado oposto, é lento e remete a sentimentos de tristeza. Certamente você já ouviu Moonlight Sonata, de Beethoven, tocando em cenas melancólicas em inúmeros filmes e séries.

De forma geral, pesquisas comprovam que ritmos mais rápidos — pelo menos num primeiro momento, de forma instintiva — estimulam um sentimento de empolgação, enquanto aqueles menos apressados causam o efeito contrário.

Música como tratamento e terapia

Foi a partir de todo esse conhecimento que surgiu a musicoterapia, prática clínica que usa a música para o tratamento e reabilitação de pacientes com inúmeros transtornos. É, inclusive, usada em UTIs neonatais para ajudar a estabilizar a temperatura corporal e a saturação de oxigênios, além de reduzir o estresse em recém-nascidos por meio de canções de ninar e músicas clássicas.

Sons influenciam até mesmo a forma como você come. Pesquisas apontam que a mastigação fica mais lenta e a refeição dura por mais tempo se no fundo houver música calma. E já que estamos falando de cuidados com a saúde, você deve saber muito bem que a música que você ouve durante o exercício físico faz toda a diferença no seu desempenho.

Em Música para Morrer e Renascer, Valzhyna Mort cita ainda dois tipos de composição: scherzo (do italiano “piada”) e rondó, caracterizados por uma atmosfera solta, divertida, graciosa e até brincalhona. “Scherzo para risos suaves e lágrimas, e rondó para cobrir o corpo com boa terra”, ela completa.