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Crimes Vitorianos Macabros: O assassinato de Road Hill

Constance Kent foi condenada em um dos casos mais conhecidos e controversos da época

16/07/2021

A sinistra Era Vitoriana decididamente foi um tempo macabro para se viver. Com uma produção artística marcada pelo sombrio, o período contou com a influência fúnebre da própria Rainha Vitória e por inescrupulosos criminosos. Em Crimes Vitorianos Macabros, quatro historiadores desvendam histórias terríveis desta época.

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Um destes crimes, que se soma a tantos outros esquecidos com o tempo, foi o assassinato de Road Hill. Mas afinal, por que o assassinato de uma criança, em uma época marcada por tantas mortes infantis, gera controvérsia e especulações    até hoje?

Quem era a família Kent, que morava em Road Hill

Samuel Kent era um inspetor de fábricas para o governo inglês e um ex-empresário. Seu primeiro casamento foi com Mary Ann, que também vinha de uma família próspera, e os dois tiveram dez filhos – entre eles, Constance.

Constance Kent – Créditos: Aventuras na História

Cerca de um ano após o falecimento da esposa, Samuel se casou com Mary Drewe Pratt, a governanta que ele havia contratado para cuidar dos filhos mais novos devido ao estado de saúde de Mary Ann. O casal teve mais três filhos, todos na propriedade de Road Hill.

Constance não era uma jovem feliz e acredita-se que o motivo era a nova esposa do pai. Dizem que ela causou tantos problemas em casa que acabou sendo enviada para um colégio interno, de onde só voltava nos feriados escolares, assim como acontecia com seu irmão caçula William, de quem era bem próxima.

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O crime que abalou a alta classe inglesa

No início da manhã do dia 30 de junho de 1860, a babá Elizabeth Gough, que cuidava dos filhos pequenos dos Kent, deu pela falta do pequeno Francis, que não estava em seu berço. Ela deduziu que a criança de três anos de idade deveria estar com a mãe.

Não demorou muito para que todos se dessem conta de que a criança estava, de fato, desaparecida. Às 8h da manhã foi iniciada uma ampla busca pela propriedade, com direito a uma recompensa de dez libras oferecidas por Samuel a quem encontrasse seu filho.

Francis foi encontrado morto na latrina de um banheiro externo ainda usando seus pijamas e embrulhado em uma coberta. Ele tinha ferimentos de faca no peito e nas mãos, além de ter sua garganta cortada tão profundamente que quase foi decapitado. A primeira suspeita recaiu sobre a babá Elizabeth, que chegou a ser presa. 

Uma das pistas era um vestido ensanguentado que foi encontrado em uma das chaminés. Isso coincidiu com o desaparecimento de um dos vestidos de Constance. Ela alegou que a vestimenta se perdera quando havia sido enviada para a lavação. Como o vestido em questão acabou sumindo, o álibi da jovem estava completo.

Sem evidências contra Elizabeth e com uma investigação que a apontou como uma pessoa de boa índole, as acusações contra a babá foram retiradas. Além disso, o detetive inspetor Jack Whicher, que investigava o caso, já suspeitava de Constance. Porém, era uma acusação delicada, pois partia de um policial de classe média contra uma moça de uma família rica.

Road Hill House – Créditos: collib.com

Confissão, punição e exílio

Cinco anos após o assassinato, depois de ter sido mandada para um colégio religioso na França e ter retornado à Inglaterra, Constance Kent foi acusada do homicídio de seu irmão. Ela confessou sua culpa a um religioso da Igreja Anglicana e falou a ele sobre sua intenção de se entregar à justiça.

O reverendo a ajudou na redenção, e a jovem foi pressionada a prestar um depoimento detalhado. Constance contou que naquela noite esperou até que a família e os empregados estivessem dormindo, pegou a criança do berço, saiu de casa e o matou no banheiro com uma lâmina roubada de seu pai. Ela também disse que o crime havia sido premeditado, já que foi preciso deixar alguns fósforos antecipadamente no banheiro para que ela pudesse ter luz. O assassinato não foi considerado impulsivo, mas sim um ato de vingança e na época foi sugerido que Constance pudesse ser mentalmente desequilibrada.

Porém, muito se especulou que a confissão dela seria falsa. Algumas pessoas acreditavam que seu pai Samuel, um adúltero conhecido e que especulava-se ter mantido um caso com a babá, teria matado a criança por impulso. A teoria se encaixava no padrão de Kent, que já havia traído a mãe de Constance com a esposa atual, quando ela ainda era governanta da casa.

Outra especulação que ocorreu na época foi de que a confissão da jovem não teria o propósito de proteger o pai, mas sim seu irmão mais jovem William, de quem ela era bem próxima. A motivação de William, caçula do primeiro casamento, seria ciúmes dos novos irmãos. Ele chegou a ser considerado suspeito no início das investigações e até hoje acredita-se que, caso ele não tenha sido o próprio assassino, provavelmente teria auxiliado Constance no crime.

Mas o motivo do assassinato nunca foi revelado, nem mesmo por Constance. Ela foi condenada e sentenciada à morte, mas sua pena foi amenizada pela própria Rainha Vitória devido à sua juventude. Ela cumpriu vinte anos em diversos presídios e foi solta em 1885, com 41 anos. Durante a prisão, ela produziu mosaicos para igrejas, incluindo um trabalho para as criptas da Catedral de São Paulo, em Londres.

Constance emigrou para a Austrália no ano seguinte e se uniu ao seu irmão William na Tasmânia, onde ele trabalhava para o governo. Ela também mudou seu nome para Ruth Emilie Kaye e se tornou enfermeira. Constance viveu até o fim da vida na Austrália, onde morreu aos 100 anos de idade em um hospital em Sydney. Mesmo com sua confissão, até hoje os eventos que levaram à morte de uma criança na propriedade de Road Hill permanecem um mistério.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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