Adaptar livros para o cinema é uma prática bem comum desde os primórdios da Sétima Arte. O movimento é uma evolução das adaptações da literatura para o teatro, aproximando tais histórias de um público mais amplo do que o dos livros.
Neste caminho entre os diferentes formatos muitas alterações acabam sendo feitas, seja pelo tempo possível para o filme ou para deixar a história mais adequada ao audiovisual. Algumas mudanças são tão grandes que os fãs dos livros chegam a repudiar completamente os filmes por causa de roteiros rasos, falta e fidelidade às personagens ou porque a produção realmente pecou em entregar um produto de qualidade.
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Por outro lado, alguns filmes ampliam as possibilidades das tramas dos livros, por vezes dando mais espaço a algumas personagens, aprofundando subtramas e caprichando no visual que a história exige, que ficava restrita à imaginação do leitor. Sim, existem filmes que conseguem ir além do que o autor pretendia quando escreveu a história.
O caminho inverso também existe: filmes cujas histórias fazem tanto sucesso e conquistam fãs tão fiéis que a trama vai parar nas páginas de livros. Isso pode ocorrer pela simples impressão do roteiro ou pela romantização da história, um processo inverso da adaptação para as telonas. O novo formato permite que o leitor tenha materiais extra, saiba o que alguns personagens estão pensando e também que desfrute da história no seu próprio ritmo.
A Caveira tem muito orgulho de trabalhar com as duas possibilidades de livros: aqueles que foram para as telonas e aqueles que vieram de lá. Confira a seguir algumas comparações de filmes e livros que foram lançados pela DarkSide®:
O filme de 1992 deixou a aterrorizante lenda de Candyman famosa em todo o mundo. Adaptado do conto O proibido, de Clive Barker, que foi publicado pela DarkSide® Books, o longa fez algumas mudanças bem significativas das páginas escritas para a telona.
A essência da história é a mesma: Helen é uma acadêmica que conduz uma pesquisa em um conjunto habitacional da periferia e se depara com a maldição do Candyman. Porém, enquanto no livro a história é ambientada em Londres, no filme o cenário mudou para Chicago.
Enquanto no livro de Clive Barker Helen pesquisava sobre pichações, no filme o objeto de pesquisa é justamente a existência de lendas urbanas. A própria caracterização do Candyman é diferente: no livro ele é descrito com uma pele “de um amarelo que lembrava cera”, enquanto no filme ele é negro. Aliás, a questão da negritude e o abismo social que existe entre negros e brancos é um tema restrito ao filme.
A trama de Donnie e do coelhão Frank seguiu o caminho inverso: primeiro o filme e depois o livro. Isso porque a edição publicada pela Caveira é uma adaptação do próprio roteiro utilizado na produção.
Quem nunca leu um roteiro na vida pode até estranhar no começo, já que a história se constrói mais na base dos diálogos e menos na necessidade de um narrador, que irá explorar as sensações das personagens. A vantagem é que, por ser o próprio roteiro, a trama se mantém fiel ao original.
Outro aspecto importante do livro de Donnie Darko é a presença de material extra, como uma entrevista com o roteirista e diretor Richard Kelly. Além de expandir a compreensão sobre a história, enriquece o entendimento dos fãs sobre este filme que alcançou status de cult.
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Outro livro que passou por muitas modificações em sua versão cinematográfica foi Cabo do Medo, escrito por John D. MacDonald. Aliás, o filme de 1991 dirigido por Martin Scorsese é a adaptação da adaptação, já que também se baseia no filme Círculo do Medo, de 1962.
A perseguição de Max Cady à família de Sam Bowden é a mesma e pelo mesmo motivo: Bowden é o advogado que mandou Cady para a cadeia, o que faz com que o ex-presidiário queira vingança. O tom de suspense consegue ser reproduzido no filme, mesmo com uma ambientação tão diferente.
O livro de MacDonald se passa na década de 1950, enquanto a produção estrelada por Robert De Niro é ambientada no início da década de 1990, época em que foi lançado. A composição da família Bowden também é diferente, pois no filme eles têm apenas uma filha chamada Danielle. No livros são três filhos: Jamie Bucky e Nancy (a versão original de Danielle).
As personalidades das personagens também mudam bastante do livro para o cinema. No romance eles são mais bondosos e inocentes, enquanto na produção eles são mais dúbios, carregando vícios e virtudes dentro de si.
O clássico literário de Lewis Carroll tem uma forte influência na cultura pop e já foi adaptado, repaginado e revisitado diversas vezes. Uma das versões mais conhecidas da história é o longa de animação da Disney, de 1951. Apesar de ter algumas diferenças do original, até que a mensagem não foi tão alterada, como acontece com diversos contos de fadas produzidos pelo estúdio.
Mas é claro, a Disney deu algumas suavizadas na história para deixá-la mais adequada ao público infantil, mais colorida e um pouco menos sinistra. Uma das principais diferenças na adaptação é a presença de Tweedle Dee e Tweedle Dum, que no livro aparecem só na sequência e não na primeira visita de Alice ao País das Maravilhas. A sequência no jardim das flores também não acontece no livro, mas as flores aparecem em Alice Através do Espelho.
Se formos pensar em uma comparação com o filme de 2010 feito por Tim Burton já vamos desviar bastante do material original. Embora muitos dos personagens centrais estejam lá, como o Chapeleiro, a Rainha de Copas, o Coelho Branco e a Lagarta, o contexto é diferente. No longa, Alice já está crescida e retorna ao País das Maravilhas para acabar com o reinado da Rainha de Copas.
Adaptado para o cinema logo após o lançamento do livro, o filme O que terá acontecido a Baby Jane se manteve bem fiel ao original de Henry Farrell, que acompanhou o processo de produção.
O romance sombrio do escritor teve a maioria de suas características não apenas preservadas, mas valorizadas por duas talentosas atrizes: Bette Davis e Joan Crawford. Mais do que atuações brilhantes, as duas pareciam perfeitas para o papel, em virtude da fama de disputas. O barraco ajudou no sucesso das primeiras semanas de bilheteria, mas o filme se mostrou consistente em qualidade, sendo aclamado por gerações de críticos e indicado a cinco Oscars naquele ano – venceu na categoria de figurino em preto e branco.
O comprometimento de Bette Davis com sua personagem Jane era tanto, que ela própria elaborou a maquiagem com base na descrição de Farrell no livro. Quando o autor a viu caracterizada pela primeira vez ficou impressionado pelo fato da atriz estar idêntica à imagem que ele tinha de Jane.
Um ponto que pode ser considerado uma diferença é o tom e o ritmo de como a história é contada. Baby Jane é uma história extensa, com um suspense que evolui aos poucos, envolvendo o leitor na tortura e medo constante que Blanche sente aos cuidados da irmã. O filme precisou ser um pouco mais objetivo nisso para chegar ao seu desfecho e adotou um tom mais leve, quase cômico, até pela situação que as atrizes viviam fora das telas.
Nem todo mundo sabe, mas antes do sucesso intergalático de Star Wars: Uma Nova Esperança, George Lucas lançou a versão romantizada do roteiro do filme. Originalmente intitulado Star Wars: As Aventuras de Luke Skywalker, o livro foi escrito pelo ghost writer Alan Dean Foster e assinado por Lucas. Nas duas continuações da trilogia original, O Império Contra-ataca e O Retorno de Jedi, a romantização foi assinada pelos seus respectivos autores: Donald F. Glut e James Kahn. Dica da Caveira: os três foram publicados em edição única pela DarkSide®.
Por terem sido adaptados diretamente dos roteiros do cineasta, os livros de Star Wars se mantêm extremamente fiéis aos originais, deixando as diferenças para meros detalhes, como a quantidade de stormtroopers que a Princesa Leia matou em tal cena ou a presença de algumas personagens em determinadas reuniões. A história é exatamente a mesma, do jeito que os fãs gostam.
O legal dos livros é que eles aproximam o leitor das intenções originais de George Lucas com a saga, quase como uma “versão do diretor”. Além disso, é possível conhecer com um pouco mais profundidade as personagens, entendendo seus atos e pensamentos de uma forma que o filme nem sempre consegue explorar.
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Para resgatar seu tom ousado do início da carreira, Alfred Hitchcock decidiu adaptar o suspense Psicose de Robert Bloch para a telona – mesmo sabendo do choque que isso causaria nas pessoas. Mas ao trazer a assombrosa história de terror para o cinema mainstream da época, o mestre do suspense tomou algumas liberdades.
A história é essencialmente a mesma, sobre a mulher fugindo com uma quantia significativa de dinheiro e se hospedando no horripilante Motel Bates. Mas o que Hitchcock fez foi pegar os dois personagens principais e mudar um pouco suas personalidades, caracterização e até mesmo a relevância para a história.
Enquanto no livro a história já começa com Norman Bates, deixando claro que ele é o protagonista da trama, o longa sustenta Marion Crane (que deixou de ser Mary, como no livro) como personagem principal por quase metade da duração do filme, passando o bastão para Norman depois da famosa cena do chuveiro.
A Mary do livro conta com uma personalidade um pouco mais puritana e presa a valores morais, enquanto a Marion do filme tem um pouco mais de malícia, porém, não é muito cuidadosa em elaborar seu plano de fuga. Já o Norman do livro é logo de cara uma pessoa com quem se deve tomar cuidado: de meia idade, careca e alcoólatra, que tem seus “apagões” por causa da bebida. No filme, Hitchcock o caracterizou mais jovem, boa pinta e aparentemente inofensivo, cujo único vício seria em doces. Isso faz com que seus atos sejam recebidos com ainda mais choque pelo público.
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6 Comentários
Anderson Tissa
30 de junho de 2020 às 15:27
Anderson Tissa
30 de junho de 2020 às 15:27
Acho que se eu ler o livro tenho uma chance de entender Donnie Darko. Haha!
DarkSide
30 de junho de 2020 às 16:31
DarkSide
30 de junho de 2020 às 16:31
Boa saída! hahaha
Nathalia
3 de julho de 2020 às 21:33
Nathalia
3 de julho de 2020 às 21:33
Ótima seleção! ❤️ Sou fã da Darkside desde que foi lançado o livro “Golem e o Gênio”, pois adoro ficções judaicas (gênero que não é muito divulgado no Brasil). A editora irá publicar outras obras no mesmo estilo, como “The Angel of Losses”, da Stephanie Feldman?
DarkSide
6 de julho de 2020 às 16:12
DarkSide
6 de julho de 2020 às 16:12
Em breve a Caveira terá novidades sobre os lançamentos de 2020, fique de olho nas redes sociais ❤️