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Novo filme de Jordan Peele abre com pontuação nas alturas e críticas positivas

"Não! Não olhe!" vem cercado de mistérios

21/07/2022

Jordan Peele, um dos cineastas mais revolucionários de sua geração, vem se destacando não apenas pela qualidade de suas produções como também pelo protagonismo negro dentro delas.  Ao assistir um filme de Peele, podemos ter certeza que, mesmo que pareça ser uma ideia comum, ela virá com pontos de vista bem diferentes dos que estamos acostumados. “Não! Não olhe!” é exatamente assim.

A sinopse oficial entrega apenas uma pequena amostra da história: Uma cidade do interior da Califórnia começa a ter eventos bizarros e extraterrestres. Uma dupla de irmãos interpretado por Keke Palmer (True Jackson e Alice) e Daniel Kaluuya (Corra e Judas e o Messias Negro), possuem um rancho de cavalos e são vizinhos de um parque de diversões de uma série de televisão do personagem interpretado por Steven Yeun, inspirada no velho oeste. Os dois então são testemunhas de eventos bizarros e discos voadores.

Apesar do filme ainda não ter chegado aos cinemas, boa parte da crítica mundial já o assistiu e teceu diversos elogios. O Rotten Tomatoes — agregador de críticas de cinema e televisão —, atribuiu 86% de aprovação após 80 avaliações, sendo 69 positivas e apenas 11 negativas. Logo que o filme estreou na plataforma, alcançou 90% de aprovação. Confira algumas das críticas:

“Não! Não Olhe! é um dos melhores filmes que assisti este ano! É assustador e feroz, mas também muito engraçado e diferente de todos os filmes de alienígenas que você já viu. É um filme de horror único e envolvente, cheio de surpresas doidas e uma performance inesquecível de Keke Palmer.”
— ERIK DAVIS (FANDANGO) —

“A coisa mais importante a se saber sobre Não! Não Olhe! é que ele é muito diferente de Corra! e Nós. Este é Jordan Peele abrindo suas asas e fazendo uma ficção científica à la Spielberg, com todo o subtexto que você esperaria. Entre na sessão com a mente aberta, e você será recompensado.”
— KEVIN POLOWY (YAHOO) —

O longa estreia nos cinemas brasileiros no dia 25 de agosto.

Peele, que já declarou não ter interesse em escalar atores brancos como protagonistas de seus filmes, comentou sobre seu posicionamento: “Não que eu não goste de caras brancos. Mas eu já vi muitos filmes assim antes”, disse. Desafiando limites que antes eram impostos por Hollywood, o cineasta já conta com uma carreira sólida e sucessos como Corra!, Nós e o novo Candyman.

LEIA TAMBÉM:  “NÓS” TAMBÉM FAZEMOS FILMES DE TERROR, AFIRMA JORDAN PEELE

Créditos: Joel C Ryan / Invision / AP

O terror, como gênero cinematográfico, tem sido um lugar para diversas explorações provocativas de racialismo e racismo, e muito se tem pesquisado e escrito sobre a história dos negros no cinema, mas até agora sua presença — ou ausência — nos filmes de terror tem sido relegada a um único capítulo ou a várias notas de rodapé.

Para contribuir com a narração histórica da negritude no cinema de gênero, a Dra. Robin R. Means Coleman desenvolveu uma pesquisa profunda que envolveu análise das imagens, influências e impactos sociais dos negros nos filmes de terror desde a década de 1890 até o presente. A pesquisa deu origem ao livro Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror, publicado pela DarkSide® Books.

Em sua introdução para a obra, o cineasta, professor e escritor S. Torriano Berry, disserta sobre um dos aspectos mais danosos do espectro limitado de papéis representados por atores negros nos filmes de terror iniciais e aponta a falta de imagens positivas para proporcionar um sentimento de equilíbrio: “Ver um personagem negro arregalar os olhos e empalidecer ao se deparar com um fantasma não teria sido tão ruim se o seu papel seguinte ou anterior tivesse sido como um médico, advogado ou empresário de sucesso. No entanto, os filmes hollywoodianos relegavam aos negros os personagens subservientes, como mordomos, empregadas e motoristas”. É esta análise que Coleman propõe ao público em sua obra.

Protagonismo negro

Assim como Peele vem fazendo no cinema, P. Djèlí Clark está reescrevendo as histórias que conhecemos ao contá-la de uma nova perspectiva. O autor de Ring Shout: Grito de Liberdade se utiliza de um cenário muito real ao narrar o retorno assustador da Ku Klux Klan após a Primeira Guerra Mundial. É a partir desse traço de realidade — e se inspirando em reportagens e textos de época —, que a história do livro acontece.

Na obra, acompanhamos Maryse Boudreaux, uma mulher negra que se reúne com um grupo para lutar contra os monstros de capuzes brancos que têm assustado e assassinado a população não-branca. Em um mundo histórico alternativo, Maryse e suas companheiras de caçada, Sadie e Cordy, são responsáveis pela resistência contra os Klu Kluxes. Com uma espada mágica e diversas histórias guardadas em sua memória de sua infância, Maryse se prepara para um enorme desafio conforme a Klan aumenta de tamanho e de poder.

Diferente das obras de não-ficção, que se atém aos fatos, e das obras de ficção, que têm sua liberdade garantida, quando se escolhe trabalhar com uma obra de ficção com elementos e eventos reais há sempre o questionamento “até onde podemos ir com esse assunto?”.

Em entrevista, Clark mencionou que a ideia para o livro começou a se formar com partes separadas. Ao se deparar com narrativas de escravização em 1930, do retorno da Klan, e de como os capuzes brancos utilizavam termos monstruosos para tratar da organização criminosa, ele percebeu que havia algo ali que poderia ser interessante, que havia uma noção de membros da Klan como criaturas monstruosas. 

LEIA TAMBÉM: AS INFLUÊNCIAS DE P. DJÈLÍ CLARK EM RING SHOUT: GRITO DE LIBERDADE

Créditos: Irene Gallo

A pesquisa histórica, um dos trabalhos que P. Djèlí Clark realiza quando não está escrevendo ficção, foi de extrema importância para a construção de Ring Shout. Todos os elementos levantados pelo autor acabaram se unindo posteriormente no livro que hoje temos em mãos. Mas isso não aconteceu de uma hora para outra. De início, Clark não imaginou que reunir todo esse conteúdo pudesse dar certo. A coisa começou a tomar forma somente quinze anos depois, quando ele quis criar uma fantasia sulista.

A obra arrematou os prêmios Nebula, Locus, Alex e British Fantasy, e foi finalista nos prêmios Hugo, World Fantasy, Ignyte, Shirley Jackson, AAMBC, SIBA e Hurston/Wright Foundation Legacy. Inspirado por Toni Morrison e Madeleine L’Engle, o autor P. Djèlí Clark — dono de uma narrativa brutal e ágil, mas que transborda magia e encanto — envolve os leitores nesta história de horror extremamente original, com cenas de ação ritmadas e hipnotizantes, que em breve serão adaptadas para uma série de TV por Kasi Lemmons (Harriet, 2019), com Kiki Layne (Se a Rua Beale Falasse, 2018) no papel da destemida e incansável protagonista desta obra.

Uma dança capaz de evocar as origens de uma luta que nunca terminou, obra transgressora e um dos livros mais aguardados pelos darksiders, Ring Shout: Grito de Liberdade é uma jornada brutal e criativa que proporciona reflexões preciosas em meio aos recorrentes contextos políticos e sociais conturbados, com seus males sobrenaturais e sobretudo demasiado humanos. Prepare-se para encher o inferno de capuzes brancos.

LEIA TAMBÉM: HORROR NOIRE: FILMES FAVORITOS DA DRA. ROBIN MEANS COLEMAN

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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