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O que é invernar: Conheça o conceito de Inverno da Alma

Está tudo bem em não se sentir bem

20/07/2023

Felicidade e tristeza são dois sentimentos humanos. Verão e inverno são estações do ano. Todos são naturais e inevitáveis, no entanto, por que só a felicidade é celebrada e a tristeza é evitada? Por que a maioria almeja pelo calor do verão e despreza o frio do inverno? Estes são alguns dos questionamentos de Inverno da Alma, lançamento Magicae.

Na obra, Katherine May conta episódios de sua vida pessoal e reflete sobre fenômenos naturais e tradições ancestrais sobre as nossas relações com os nossos sentimentos em um paralelo com as estações do ano. Em meio a tudo isso, ela chega ao conceito de “invernar”, que nós vamos apresentar neste post.

Depois de discorrer sobre acontecimentos estressantes de sua vida, como uma doença súbita do marido, dores físicas que levaram a uma suspeita de câncer e uma licença médica forçada em meio a uma rotina frenética, a autora conta como chegou à sua epifania do que seria invernar e como isso pode nos ajudar.

Todos temos invernos em nossas vidas

Temos o costume de contar “primaveras” ao nos referirmos às nossas idades aqui no Brasil. Mas por quantos invernos você já passou? E não estamos falando da estação do ano, mas sim dos períodos difíceis, realmente desafiadores, pelos quais você já passou.

Depois de passar por períodos difíceis em relação à própria saúde e à do marido, Katherine achou que esse inverno estava acabando, mas um novo e inesperado estava prestes a começar quando ela percebeu o sofrimento do próprio filho em se adaptar à rotina escolar. E foi esta situação que provocou a epifania sobre o ato de invernar, diante de tudo o que somos ensinados desde pequenos, inclusive nos anos escolares.

Nas palavras da própria autora, invernar “é a aceitação ativa da tristeza”. Mas mais do que isso, é se permitir aceitá-la como uma necessidade. Trata-se de um ato de coragem, de encarar as piores partes da nossa experiência e de nos curarmos delas da melhor maneira possível.

Para Katherine, “o inverno é um momento de intuição, quando nossas verdadeiras necessidades são sentidas de forma tão aguda quanto o fio de uma navalha”. A partir desta descoberta, ela decidiu que guiaria o filho pela experiência de invernar.

A autora ainda acredita que boa parte do sofrimento do inverno emocional vem das nossas tentativas de evitá-lo ou adiá-lo. Cansaço, frustração e tristeza são sentimentos muito malvistos na nossa sociedade. Mostrar-se triste para alguém, até mesmo para alguém próximo em quem confiamos, geralmente causa desconforto nesta pessoa. Nós simplesmente não sabemos lidar com a dor do outro, e nem mesmo com a nossa.

É aqui que entra a consciência de invernar. Em primeiro lugar precisamos nos libertar da ideia de que existem sentimentos “bons”, como a felicidade, e sentimentos “ruins”, como a tristeza. Todos eles são inevitáveis e até mesmo necessários para os nossos ciclos de vida. Os aprendizados que tiramos de cada um deles é o que nos permite crescer enquanto seres humanos.

A partir do momento que reconhecemos o nosso inverno emocional e o abraçamos, conseguimos tirar aprendizado dele. Toda vez que invernamos, desenvolvemos um novo conhecimento de como voltar para o mundo, aprendendo, por exemplo, sobre nossos gostos, preferências e até mesmo mudanças que precisamos aplicar em nossas vidas.

Isso, é claro, não significa que invernar seja fácil. É um período doloroso, mas ao mesmo tempo você precisa encarar e compreender a dor em vez de simplesmente ignorá-la. Nem sempre as respostas virão com facilidade e provavelmente o inverno será mais longo do que você deseja, mas é ele quem nos torna resilientes para adversidades futuras.

Pensemos nas bruxas naturais e voltemos à metáfora com as estações do ano. O inverno pode até ser o motivo para a hibernação dos animais e para o ressecamento da vegetação. Mas sempre depois dele a grama nasce mais verde, as flores desabrocham na primavera e os animais despertam para o seu período mais fértil.

Se observarmos desta maneira, o inverno não é um castigo ou o fim da vida, muito pelo contrário, ele é a celebração da vida que resiste às intempéries. Invernar é, acima de tudo, honrar os ciclos que nos tornam humanos.