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Política Infernal: 10 Filmes para bagunçar as suas convicções

Quem disse que o terror não pode ser político?

04/11/2022

Muito bem, se você é brasileiro (ou mesmo se não é da terrinha, mas está acompanhando nossas eleições e seus desdobramentos de perto), possivelmente precisou tomar alguns calmantes e dar um tempo nas redes sociais por um tempinho durante os últimos meses. Sabe como é… livramento, cura, detox.

LEIA TAMBÉM: A BRUXARIA É UM ATO POLÍTICO

Mas e se eu disser que existem alguns filmes que podem ajudar ou arruinar de vez com sua mente sociopolítica? Bem, como não sou de mentir ou dizer nada pela metade, separei alguns filmes especiais que vão bagunças de vez suas convicções políticas.

Prontos? Aqui vamos nós!

1. Videodrome: A Síndrome do Vídeo (1983)

Vamos começar transtornando a todos com o mestre do horror corporal David Cronenberg. Nesse cult da década de 1980, Max Renn (James Woods) é diretor de uma pequena estação de TV especializada em transmissões sensacionalistas e apelativas (CIVIC-TV). Ele está à procura do próximo grande programa que vai empurrar os limites do sexo e da violência pra casa do além quando esbarra em uma transmissão desconhecida chamada “Videodrome”.

A transmissão é pesada: sexo, tortura, assassinato — tudo isso e o mais que podemos imaginar. A obsessão de Max em adquirir o Videodrome para seus espectadores o leva a uma conspiração política sombria na qual políticos de direita e líderes empresariais estão usando a mídia para transformar seus inimigos políticos em assassinos tecno-orgânicos (armas de câncer, esse tipo de coisa). Os inimigos também são submetidos a lavagem cerebral por sinais de transmissão secretos e fitas “especiais”. Testando todos os limites da tecnologia da época, Videodrome é um clássico cada vez mais atemporal.

Videodrome
© Universal Pictures/Divulgação

2. A Sociedade dos Amigos do Diabo (1989)

Esse filme é frequentemente mais lembrado pelo horror corporal podreira, mas acredite: existe uma mensagem. Principalmente se você pensar na orgia que o dinheiro dos ricos faz às custas da população mais pobre e de como certos comportamentos podem ser monstruosos em um olhar mais racional. A Sociedade dos Amigos do Diabo passa longe do marxismo, mas se você quer ver até onde o sexo repulsivo e a ganância sem limites pode chegar, é uma boa dica.

Na trama, Bill é um atleta rico do ensino médio que está paranoico porque sua família mais rica ainda o odeia. Ele divide com o terapeuta como se sente distante dos rituais de socialite, como os abomina e os teme, e de como ele aparentemente detesta tudo o que sua família ama. Mas Bill tem razão em seus temores, e logo toda a cidade, dos esnobes da escola preparatória à polícia e até mesmo seu próprio terapeuta, parecem estar envolvidos em alguma conspiração da sociedade secreta. Esse é um daqueles filmes pra ler muitas entrelinhas (e ter mais algumas paranoias).

a sociedade dos amigos do diabo
Wild Street Pictures/Divulgação

3. O Massacre da Serra Elétrica (1974) e franquias

Quando falamos em motosserra pensamos em Leatherface, mas depois de assistir a esse clássico algumas vezes, o que salta à eletricidade dos neurônios é a discrepância social que acaba produzindo o pior da espécie humana.

O filme começa com uma “turminha querendo aprontar altas confusões” indo pro meio do Texas, onde a turma do Leatherface não tem muito o que comer e não se interessa por salada. O resultado acho que todo fã de horror conhece, mas se você prestar muita atenção aos diálogos, não só no primeiro filme, mas principalmente nas continuações, vai encontrar muito mais que o ruído de uma motosserra. Vruuuummmmmm!

Vortex/Divulgação

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4. Despertar dos Mortos (1978)

Todo filme de Romero é um tabefe na face da sociedade, mas Despertar dos Mortos parece cuspir no olho da sociedade moderna (e olha que o filme é de 1978…). Enquanto A Noite dos Mortos-Vivos estava concentrada nos comentários raciais durante o auge do movimento pelos direitos civis americanos, esse longa reflete a preocupação do cineasta com o consumismo e com o emburrecimento cultural. Ambientado em grande parte em um shopping center, Romero usa seus companheiros mortos-vivos para condenar os efeitos entorpecentes de confortos superficiais e seus efeitos corrosivos na natureza e nos valores humanos. Se você assistir esse filme e não o relacionar a nada real que conheça de perto, o problema pode estar em você…

despertar dos mortos
Laurel Group/Divulgação

5. Uma noite de Crime (2013)

Bem, aqui a coisa começa a ficar realmente perigosa. No mundo distópico da franquia, a América está livre de crimes, exceto por um único dia do ano. O “Expurgo”, criado pelo governo para diminuir as taxas de criminalidade ao longo do ano, é um dia em que todo e qualquer crime é considerado legal por 24 horas. Você pode bater, violar e matar, sem consequências e sem polícia impedir. Uma Noite de Crime é um ótimo exemplo de como tudo pode dar errado mesmo com a concordância da maioria.

Quando o filme foi lançado, confesso que não fez tanto sentido para mim, como um brasileiro. Hoje em dia me assusto com a quantidade de pessoas que concordariam com uma medida parecida. Como estamos “no clima”, sugiro que vocês façam logo uma visita a 12 Horas para Sobreviver: O Ano da Eleição, longa da mesma franquia lançado em 2016.

Sim, senhoras e senhores, é a vida real ansiosa para imitar o lado mais terrível da ficção.

uma noite de crime
© Universal Pictures/Divulgação

6. Qualquer filme do Jordan Peele: Corra!, Nós, Não! Não Olhe!

Se você ainda não encontrou uma grande obra cinematográfica que acesse aquele seu lado mais escondido e o fez se sentir um criminoso, uma vítima ou um cúmplice, você precisa conhecer — e conhecer depressa — o cinema de Jordan Peele. No cinema e na literatura, existe uma grande diferença entre mostrar e sentir, e a humanidade precisa de um pouco mais desse grande mestre do horror sensitivo para se confrontar com o espelho.

Comece por Corra! (2017), transite por Nós (2019), e finalize com Não! Não Olhe! (2022). Esse é um bom começo para entender as consequências modernas e catastróficas do racismo.

corra
© 2016 Universal Pictures/Divulgação

7. Tubarão (1975)

Não podemos fazer qualquer lista sem falar de Tubarão.

Caso você só lembre dos dentes do bicho e dos corpos seccionados ao meio, estou aqui para refrescar sua memória. Um dos melhores filmes de tubarão já criados (o melhor, todo mundo sabe), Tubarão é um ótimo exemplo de consumismo e irresponsabilidade. O filme tem três pilares principais: um xerife, um biólogo marinho e um velho marinheiro, mas quem ganha nosso ódio logo no começo do filme é o prefeito da cidade, um negacionista bizarro que coloca todas as pessoas em risco para não perder sua gestão e seu rico dinheirinho.

O xerife (Roy Schieder) tenta várias vezes abordar os funcionários da cidade em relação ao tubarão, afirmando que eles precisam fechar a praia para remover a criatura com segurança. No entanto, as autoridades da cidade e parte da população estão sequestradas em quanto dinheiro os turistas vão trazer durante o fim de semana. O resultado a gente conhece de perto: muitas vidas perdidas.

Tubarão
Universal Pictures/Divulgação

8. Fahrenheit 451 (1966)

Nessa outra distopia baseada no romance de Ray Bradbury, o mundo é dominado pela tecnologia, e os livros e toda forma de escrita são proibidos por um regime totalitário, sob o argumento de que livros fazem as pessoas infelizes e improdutivas. Se alguém é flagrado lendo é preso e “reeducado” (aka pau de arara). Se uma casa tem muitos livros e um vizinho denuncia, os “bombeiros” são chamados para incendiá-la. No filme (e no livro) Montag é um desses bombeiros. Chamado para agir numa casa “condenada”, ele começa a roubar livros para ler. Como acontece com quem lê bastante, seu comportamento começa a mudar, até que sua mulher, Linda, desconfia e o denuncia às autoridades. Fahrenheit é um filme datado, mas muito interessante para abrir nossa mente em relação aos exageros e até onde eles podem nos arrastar como sociedade.

fahrenheit 451
Anglo Enterprises/Divulgação

9. Eles Vivem (1988)

Vamos pré-encerrar com esse clássico absurdo e profético de John Carpenter.

O filme, como todos sabem, trata-se de enxergar a verdade e de alienígenas (isso não é spoiler, é conhecimento geral, e algo como “todo mundo sabe o que é café e açúcar”), mas se pararmos para pensar só um pouquinho, vamos descobrir que o buraco é bem mais profundo.

Em Eles Vivem Carpenter faz críticas severas ao capitalismo, à sociedade de consumo, à falsidade humana, a conspirações, grandes corporações negacionistas e a todo um encobrimento social sobre quem realmente está no poder e está nos mantendo divididos. Além das questões de propaganda, consumismo e domínio das massas, o longa nos estapeia com questões raciais e, de uma maneira muito particular, nos coloca lado a lado contra um inimigo discreto e muito mais ardiloso.

eles vivem
Alive Films – © 1988/Divulgação

10. Bacurau (2019)

Em décimo, vamos colocar essa obra-prima da cinemática nordestina, de Kleber Mendonça. Como o filme ainda é relativamente novo, não vou falar muito sobre ele. O que posso dizer é que Bacurau traça uma linha muito firme em relação ao que foi feito e ao que ainda se pode fazer em relação ao cinema nacional voltado a questões sociais e políticas que conhecemos de perto, que tem o nosso DNA. É assistir, aplaudir e recomendar: o mundo precisa conhecer Bacurau.

Bacurau
© CinemaScopio/SBS/Divulgação

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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