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Protagonistas da história: Autores trans que você precisa conhecer

Visibilidade importa em todas as formas de arte

29/01/2024

Hoje celebramos o Dia Nacional da Visibilidade Trans. A data, que representa um marco importante na luta por direitos de pessoas trans e travestis, é dedicada a desconstruir estigmas, cobrar visibilidade e enfrentar preconceitos. São 20 anos de resistência em prol de uma maior conscientização pelo direito de existir e o respeito às vidas transexuais

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Conheça escritores trans que lutam por essa visibilidade por meio de suas histórias e personagens inesquecíveis.

Andrew Joseph White 

O autor trans, que estreou com o elogiado O Inferno Que Nos Persegue, conta que antes mesmo de aprender a escrever rabiscava garranchos em um papel e pedia para que seus pais lessem. Ele cresceu, se especializou em escrita criativa e em sua obra nos apresentou a Benji, um jovem adolescente trans que luta para sobreviver numa comunidade queer num mundo pós-apocalíptico.

o inferno que nos persegue

“Eu não tinha absolutamente nenhuma noção de quem eu era até pelo menos os 15 anos, e nada funcionou até os 20 anos. É uma combinação complexa, de disforia e autismo não reconhecidos, o que significava que na minha cabeça eu não era uma pessoa como todas as outras”, disse ele, em entrevista na época do lançamento do livro.

Para ele, que é vidrado em jogos de terror, escrever foi uma forma de representar toda a comunidade. “Eu odiava a maioria dos livros pós-apocalípticos que li quando era mais jovem. Eles eram muito heterossexuais, muito cis, enfim. Não me vejo em nada disso. Nem me despertam o interesse. É apenas uma fantasia de poder de um cara hétero, não me diz respeito. Então acabei escrevendo o meu próprio!

andrew joseph white

Em 2023, Andrew, de 25 anos, lançou seu segundo livro e começou seu primeiro projeto para o público adulto. Para ele, que vive em uma área relativamente progressista dos Estados Unidos, há uma sensação de segurança, embora ainda seja difícil a aceitação de um jovem trans por uma parte intolerante da sociedade. “Escrevo livros como uma forma de chegar aos mais jovens e dizer que eles têm todo o direito de ficar com medo e com raiva. Além disso, não há coisa mais catártica que ver um jovem arrancar o globo ocular do político corrupto que arruinou sua vida (…) Quero que outras pessoas queer e com deficiência façam arte grotesca, violenta, confusa! Quero que sejamos capazes de escrever toda a gama de nossas experiências sem sermos impedidos”, disse.

Juno Dawson 

Roteirista, jornalista e autora best-seller (ex-atriz e ex-professora), Juno Dawson escreve para séries de TV como Doctor Who e fez participações em séries como a elogiada I May Destroy You, da HBO. Também trabalhou como modelo e tem um podcast, o So I Got to Thinking, sobre a série Sex and the City. Ah, ela também é uma mulher trans.

A autora de Realeza das Bruxas fez sua transição de gênero publicamente há quase dez anos, após fazer sucesso com sua literatura jovem. Para ela, as Spice Girls foram imprescindíveis para seu “despertar feminino”. “Não era certo para um garoto gostar das Spice Girls tanto quanto eu gostava, mas não conseguia me conter. Contei pela primeira vez a alguém que achava que eu era gay no mesmo dia em que comprei o single ‘Stop’, em 1998.” 

realeza das bruxas a irmandade secreta de sua majestade

A vida inteira, porém, precisou se conformar com os estereótipos masculinos. Compensava a frustração e a disforia com um desempenho acadêmico de excelência — ela foi a primeira de sua família a fazer faculdade. “Quando era adolescente, eu sentia como se tivesse falhado como ser humano”, conta ela, que passou a tomar hormônios e assumir a nova identidade já famosa, depois dos 30 anos. O furacão de transfobia que ela sofreu, porém, a inspirou a escrever seu primeiro romance adulto, com protagonismo trans.

Hoje autora consagrada, a inglesa crê que a mídia faz lavagem cerebral no público contra as pessoas trans e espera que pessoas como ela, que escrevem, possam ter a chance de falar sobre o que quiserem em suas obras, e não só sobre transexualidade. Mas, no momento, ela acredita ser importante — ainda mais quando outra grande autora britânica está em verdadeira saga contra os seus pares.

juno dawson
Imagem: Rachel Adams/The Guardian

“Eu tinha 19 anos quando li Tales of the City, de Armistead Maupin. Um amigo me enviou uma cópia, e eu não conseguia acreditar que personagens LGBTQIA+ pudessem ser protagonistas. Não éramos sequer sidekicks, nem estávamos em papéis coadjuvantes”, diz.

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Rachel Pollack

Mulher transexual, autora de quadrinhos e de mais de 40 livros, além de renomada taróloga — é dela a Bíblia Clássica do Tarot —, Rachel foi autora das HQs de Patrulha do Destino, que a própria DC Comics considera um divisor de águas na história da editora. Isso fez dela a criadora da primeira super-heroína trans que se tem notícia.

a biblia classica do tarot estilo de leitura

Durante sua gestão em Patrulha do Destino, a quadrinista explorou tópicos raramente abordados neste meio, como menstruação, identidade sexual e transexualidade. Foi assim que surgiu Kate Godwin, a Coagula, nascida como Clark Godwin, ainda nos anos 1990. 

A personagem não se sentia confortável no seu corpo de garoto e começou a transição de gênero na adolescência. Kate, que sofria bullying, passou por terapia hormonal, cirurgia de redesignação sexual e de feminização, pagos com seu trabalho como programadora e prostituta. E foi assim que ela ganhou seus superpoderes de liquefazer sólidos e solidificar líquidos com apenas um toque.

Com 41 livros publicados, entre romances e poesias, Rachel ganhou prêmios como o Arthur C. Clarke Award, por Unquenchable Fire, e o World Fantasy Award, por Godmother Night. Ela também ficou conhecida por seus renomados livros sobre tarot, além de desenhar seus próprios decks de cartas.

rachel pollack

“Escrevi ficção antes mesmo de escrever (ou mesmo saber) sobre o tarot”, dizia. “Meus romances e contos incluem ficção científica, realismo mágico, contos de fadas e mistérios. O traço comum entre eles é o desejo de explorar a imaginação e como ela cria a realidade.”

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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