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Soylent Green: Ingredientes para um pesadelo social

Uma distopia traumatizante

12/05/2023

“As pessoas sempre foram um nojo, mas o mundo era lindo.” — Sol Roth

Em minhas idas e vindas a videolocadoras, algo que sempre me deixou intrigado foi a seção “Fim do Mundo” (acredite, conheci uma locadora que tinha um espaço dedicado exclusivamente a esse tema, ficava logo à frente dos documentários religiosos que ninguém alugava).

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O fato é que filmes apocalípticos sempre estiveram em alta. Seja em uma super gripe — tudo bem, vamos parar de falar delas por aqui, prometo —, infestação zumbi, tornados, invasões alienígenas ou hecatombes nucleares, algo que sempre nos empolgou foi o berro da trombeta do fim do mundo. Mas antes disso, da nossa completa extinção como espécie, ainda teremos um último fantasma a enfrentar, algo que infelizmente muitas pessoas ao redor do globo já conhecem de perto: a fome.

Quando todas as árvores secarem e solos e mares apodrecerem, entraremos no 2022 de Soylent Green, uma distopia atordoante estrelada por Charlton Heston, astro de grandeza maior que também emprestou seu talento a The Omega Man e Planet of The Apes, que compartilham preocupações ecológicas parecidas (Heston foi um ativista na vida real, inclusive).

soylent green

Longe de ser um filme perfeito, Soylent Green (que por aqui acabou rebatizado de No Mundo de 2020) é um pouco lento, tem muitos furos de roteiro e ainda é premiado com a ultra estilização da década de 1970, o que pode deixar tudo bastante nada crível — principalmente as roupas…

Ainda assim, com alguma paciência, o filme se torna uma experimentação social interessante e traumatizante.

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Na trama de 1973 sob direção de Richard Fleischer, o detetive Robert Thorn (Charles Heston) é escalado para uma investigação de assassinato de um empresário importante, associado à principal empresa alimentícia (e possivelmente única) dos EUA — local onde se concentra o filme. Por algum motivo rasamente explicado, a Terra, envenenada pelos humanos, pereceu sob o efeito estufa, e perdeu sua capacidade de gerar alimentos. Agora, existe uma névoa verde por todos os lados e a única opção nutricional de muitos é o chamado “Soylent”, um alimento super nutritivo em barra, que pode ser verde, amarelo, vermelho, ou mesmo restos de produção que são contrabandeados e vendidos para a população faminta (no livro que inspirou o filme Make Room! Make Room!, o autor Harry Harrison explica melhor essa parte).

soylent green

No filme, a sociedade superpovoada se restabelece bizarramente ultra machista, lançando as mulheres mais idosas e crianças à pobreza, enquanto as mais jovens viram uma espécie de profissional do sexo legitimamente consentida, servindo como parte das casas que são locadas pelos homens mais ricos de Nova York (pasmem!) como uma mobília. A separação de classes também é desconcertante, e enquanto os ricos têm alimentos de qualidade e energia elétrica abundante, na maioria das casas pobres a energia disponível precisa ser recarregada via dínamos (com bicicletas que geram energia, muito ecológico) e a única comida é o bom e velho Soylent fornecido pelo governo.

Mas, calma, existe uma saída. Como opção para descontinuar essa vida tão lamentável, o governo oferece suicídio assistido à população, para que os mais cansados possam “retornar para a casa de Deus”, o que se mostra uma ferramenta de controle populacional bastante eficiente.

soylent green

É um filme estranho e indigesto por muitos motivos (muitos motivos mesmo, mas assista aí para ter certeza), ainda assim, a criatividade premonitória acerta alguns calos e dispara alarmes o tempo todo. Para onde iremos como sociedade, como seres humanos, quando a escassez tomar todas as classes sociais? Como nos organizaremos quando os mais fracos e incapacitados perecerem, restando ao mundo somente os mais aptos à sobrevivência? Existe um limite para a reciclagem? Para a superpopulação? Os códigos morais que praticamos hoje em dia sobreviveriam a um futuro catastrófico?

Como bônus, também me veio à mente o filme Crimes of the Future, do legendário e descomunal mestre David Cronenberg, em que a questão nutricional também leva os corpos humanos a encontrarem soluções bastante inovadoras (e no filme tem aquela barrinha de alimento roxa, certo?). Além disso, Soylent Green sugere carnes suculentas, que possivelmente não vieram de um boi ou vaca, capisce?

Bem, são muitas perguntas e pensamentos que você só vai levar a sério depois de visitar esse filme. Infelizmente, não encontrei em nenhum streaming, então vou deixar essa pesquisa com vocês.

Sorria! Porque hoje é dia de colocar um bom filme e encher a barriga com o delicioso Soylent Green!

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

1 Comentário

  • Newton

    26 de setembro de 2023 às 13:56

    assisti esse filme há muitos anos. algumas cenas me vêm até hoje à memória, como, por exemplo, uma compra de carne feita por uma personagem em um açougue onde a balança é daquelas de pesar joias; uma ida a uma praça onde tem uma única árvore; enfim cenas inverossímeis mas que me deixaram lembranças

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