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The Boneyard: A eterna magia dos necrotérios

Uma homenagem torta aos que já partiram (e deram um jeito de voltar)

03/05/2024

Para a maioria dos seres humanos, nada é mais aterrorizante que a morte, seja ela a de si próprio, a de entes queridos, o fim da linha para os nossos animaizinhos de estimação, ou mesmo a morte de conhecidos que não são tão queridos assim — que D. nos perdoe, mas muitos pecados vão embora quando o pecador está dentro de um caixão, é mais fácil gostar deles assim, ali quietinhos, com um tufinho de algodão enfiado no nariz.

the boneyard

O filme de hoje é uma dessas homenagens tortas aos que já partiram e deram um jeito de voltar. Trata-se do terror/comédia de 1991 não tão conhecido The Boneyard, dirigido por James Cummins e rebatizado por aqui de A Maldição do Necrotério e ocasionalmente como Os Visitantes.

the boneyard

O filme começa com alguma tensão, a trilha sonora nos coloca em uma ambientação insegura, com dois homens visitando um imóvel aparentemente abandonado. Enquanto o mais velho segue para a entrada da casa, o outro o observa do lado de fora do carro, com um pé de coelho preso ao chaveiro. O recado está dado: se você precisa de boa sorte, aquele não é um bom lugar, e logicamente estamos loucos para saber o que tem lá dentro. Com a evolução da cena, percebemos que os dois homens são os detetives de polícia. 

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A casa está abandonada, sim, mas sua moradora parece ter se ausentado há pouco tempo. A mobília ainda está ali, as roupas de cama embaraçadas, há restos de comida na cozinha. Tudo indica que a residência foi abandonada às pressas, até que… não, não é nada do que você está pensando, era apenas a proprietária com um sono muito, muito pesado.

the acolyte

A dona do imóvel em questão é uma médium deprimida chamada Alley Oates (interpretada pela excelente atriz Deborah Rose), e a visita do detetive Jersey Cullin tem como objetivo pedir sua ajuda em mais um caso. O detetive e a médium são velhos conhecidos, embora Alley não esteja feliz com sua visita e seu pedido. O caso investigado é o mais bizarro possível, com crianças sendo encontradas mortas e com restos de carne humana em seus estômagos. Allie se rebela e recebe nossa empatia, declarando que suas capacidades mediúnicas a machucam demais, que ela não aguenta mais ser exposta a tamanhos horrores (e a gente sabe que ela fará exatamente isso mais uma vez…).

the boneyard

A maneira com a qual Alley recebe suas revelações é através de sonhos, e eles são bastante perturbadores, principalmente por envolverem crianças.

the boneyard

De volta à delegacia, Alley assiste ao depoimento de um homem oriental e proprietário de uma casa funerária, Chen, acusado pelos crimes, e esse homem cita uma antiga raça de demônios ghouls, os Kyoshi, como responsáveis pela tragédia. Segundo esse homem, seus antepassados vêm alimentando os demônios há gerações, para que eles não se lancem sobre toda a raça humana. As crianças então não seriam vítimas, mas demônios ghouls alimentados com carne da funerária que ocasionalmente se fingem de mortos.

the boneyard

Os detetives e a médium fazem uma visita ao necrotério, para que Alley possa de alguma forma ter suas revelações e elucidar a identidade das crianças mortas. Embora o filme sabiamente tempere as partes mais delicadas com alguns elementos cômicos (a forma como mostra as três crianças mortas pela visão distorcida de uma câmera de vigilância é um desses momentos), a verdade é que o momento continua tenso, mesmo para os padrões de ontem. Os três pequenos podem até ser demônios, mas eles se parecem com três crianças sem vida (e que passaram por uma necropsia).

the boneyard

A médium Alley não pode tocar nas três vítimas, mas ela consegue uma mecha de cabelo para estabelecer seu elo psíquico. Enquanto ela faz isso, ficamos com os detetives de polícia e a noite agitada do necrotério.

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Até aqui, mais ou menos metade do filme, a parte do horror vale bastante a pena, mas acaba perdendo validade com as inserções cômicas que poderiam ter sido melhor trabalhadas. Inclusive esse filme poderia funcionar muito melhor sem essa contaminação cômica, mas eram os anos noventa, e o próprio gênero experimentava certa confusão. Em muitas cenas The Boneyard parece ter se inspirado no clássico The Return of the Living Dead, e verdade seja dita, passou um pouco longe da qualidade do seu antecessor. Em compensação, temos a presença da responsável noturna do necrotério, Mrs. Poopinplatz, que está a lata da Ana Maria Braga (sim, é mesmo e vocês podem conferir) e de sua cadelinha poodle.

the boneyard

Deixando a comédia de lado, a coisa começar a ficar aterrorizante logo após a médium Allen perceber que o dono da casa funerária, Chen, havia dito a verdade. Ela corre para avisar a todos, mas chega tarde, e os três demônios Kyoshi já estão se refestelando com a carne dos cadáveres armazenados no necrotério. Se você é fã da trilogia gore, canibalismo, bizarrices, chegou o seu momento! Inclusive cabe elogiar os efeitos práticos e a maquiagem envolvidos, são bem convincentes.

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A partir desse ponto The Boneyard se torna um filme de sobrevivência noturna, tendo como arena o grande necrotério da cidade. As vítimas potenciais são os administradores, legistas, os dois detetives da polícia, e Alley, que se encontra em uma realidade bem pior que seus pesadelos. Ah, também temos a cachorrinha poodle da Ana Maria Braga, que se parece incrivelmente com a poodle da eterna Elvira, rainha das trevas, e uma moça suicida que acorda em plena mesa de necropsia. Um zoo sim, mas é divertido depois que você entra no clima funéreo dessa produção frenética. E caso não esteja tumultuado o suficiente, não se preocupe: os Kyoshi também estão recrutando mais pessoal, e criando mais demônios em uma situação endêmica (cachorros estão incluídos).

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Agora não podemos dizer mais, sob o risco de perturbar um filme que esteve morto e merece ser devolvido à vida. The Boneyard possivelmente é um dos filmes mais malucos e pervertidos dos anos 1990, e de tão inesperado e confuso, nós nunca sabemos o que esperar na cena seguinte. No final das contas esse filme, queira você ou não, vai te pegar como um demônio antigo, como uma criança birrenta, ou como um morto que se recusa a continuar dormindo.

Falando nisso, vamos manter todos acordados com esse trailer aqui:

Partiu Firestar? Encontro vocês no necrotério!

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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