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Critters: A fome que caiu do espaço

Tirando a poeira cósmica de A Hora das Criaturas

26/04/2024

Não é segredo que ao longo dos anos o horror se provou um celeiro de artistas e uma pista de provas para os diretores mais ousados. Entre os artistas, já falamos nesse espaço de Demi Moore, Hugh Grant, Sharon Stone e Kevin Bacon. Entre os diretores, transitamos de Sam Remi a John Carpenter e David Cronenberg, e ainda ressuscitamos mais de uma dezena de nomes que injustamente acabaram obliterados pela poeira dos anos. E falando em poeira, vamos desencavar mais um desses filmes, Critters, o que deu origem à saga, dirigido por Stephen Herek (sua primeira direção, inclusive, de 1986), estrelado por Billy Zane (Titanic) e Deanna Wallace (E.T.) e rebatizado por aqui como A Hora das Criaturas.

Começamos o filme lá em cima, no distante e já não tão inalcançável espaço sideral, onde orbita um Asteroide Prisão, Setor 17, prisão de segurança máxima. Contenção essa, de onde acabam de escapar alguns… Critters. Com a fuga, caçadores de recompensa são convocados, enquanto a nave de fuga dos Critters se evade na direção da Terra.

Já nesse início a aparência de alguns alienígenas é bastante surpreendente, oscilando entre concepções convincentes e assustadoras, e outras beirando o ridículo. E tudo bem, eram os anos oitenta, era legal. E da mesma forma era muito mais legal, sendo um caçador de recompensas mutante, poder assumir a aparência de um rockstar terrestre em vez de escolher qualquer rosto na multidão.

Do espaço sideral intergaláctico despencamos em uma pequena propriedade no Kansas, onde a família Brown está reunida para seu café da manhã. Também conhecemos o xerife local e alguns de seus homens, e conhecemos Charlie McFadden, um ex-jogador de beisebol que se torna o bêbado local supostamente abduzido algumas vezes — ele trabalha para os Brown na fazenda. E como vocês podem estar imaginando, quem também despenca nas terras dos Brown é a nave com oito prisioneiros Critters fugitivos e famintos. A essas alturas já nos vinculamos aos personagens, e o filme se torna uma experiência viciante pra caramba.

Os próximos a chegarem na Terra são os caçadores de recompensa, ainda no encalço dos fugitivos.

Enquanto os caçadores procuram pelas criaturas, elas atacam, espalhando um rastro de destruição e sangue por onde passam. Nesse ponto já sabemos como elas são, e apesar do tamanho reduzido, a inteligência, adaptação e habilidades de caça — além dos dentes afiados, elas disparam dardos espinhosos que fazem parte de seus corpos — as tornam predadores mortais.

A arena escolhida para o combate é a fazenda dos Brown, onde a família é atacada e perseguida pelos Critters em sua fome incontrolável. As esperanças da família logo recaem sobre as poucas armas de fogo e aos fogos de artifício e valentia do filho caçula, Brad Brown. Enquanto isso, na cidade, os caçadores de recompensa procuraram pelo seu alvo em todos os lugares (isso inclui igrejas, bares e pistas de boliche).

O tom de choque e o uso sob medida do humor são perfeitos, as reações que se espalham pela cidade, tudo é muito verossímil, reconhecível, e dão um sabor especial ao filme. Os diálogos também são ótimos, assim como os atores e as escolhas de posicionamento e movimentos de câmera por parte da direção. A integração entre filmes como E.T. the Extraterrestrial, Gremlins, Star Wars e Close Encounters of the Third Kind também é uma outra cereja desse bolo espacial, e com a devida atenção, é possível flagrar muitos outros pontos que seriam usados em tom de homenagem em filmes mais modernos, sendo um dos mais icônicos Men In Black, de 1997.

Para ajudar a salvar o dia (e o planeta Terra), Brad consegue trazer os caçadores de recompensa até a sua fazenda e equilibrar um pouco as forças, mas só um pouco, porque os últimos dos Critters estão um pouquinho grandes demais depois de se alimentarem com as iguarias terrestres. E vamos parar por aqui, afinal de contas, ainda precisaremos falar das sequências desse filme, principalmente da parte 3 (será outro momento épico, nós garantimos). Mas só depois, afinal de contas, agora é hora da apertar esse play.

Esse um ótimo filme, e valerá muito a pena ser visitado. Apesar dos efeitos datados e de algumas peculiaridades fiéis à época à qual foi concebido, Critters entretém, diverte e inspira, sem perder a capacidade de prender o seu fôlego nas sequências de maior tensão. Se tudo isso não o convenceu, talvez o problema esteja em seu apetite, o que pode ser resolvido com um aperitivo. Só clicar aqui: