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The Substance: O elogiado filme que mistura O Médico e o Monstro e Showgirls

Longa com Demi Moore é um dos mais aclamados da temporada em Cannes

27/05/2024

“Visionário feminista sobre terror corporal”, “filme cruel e inteligente sobre uma ex-estrela de cinema que encontra uma maneira de voltar no tempo, por um preço”, “um terror corporal bizarro e virulento que é tão insanamente violento quanto perturbador”. Pelas críticas, The Substance chegou arrasando a Croisette. Exibido no Festival de Cannes, o longa acabou de tornando um dos mais elogiados da temporada.

O longa roteirizado e dirigido pela francesa Coralie Fargeat é estrelado por Demi Moore e, segundo a revista Variety, mistura o “talento de um Kubrick” (o que, convenhamos, é um baita de um elogio) numa mistura “estranhamente divertida e catarticamente grotesca de O Médico e o Monstro com Showgirls“. Tá ficando cada vez mais interessante, né?

Mas vamos à trama, também de acordo com a Variety: The Substance conta a história de uma idosa atriz de Hollywood que virou apresentadora de um daqueles programas de exercícios aeróbicos (tipo aqueles da Jane Fonda nos anos 1980). Elisabeth Sparkle, a protagonista interpretada por Demi Moore, é demitida de uma rede de TV porque agora é considerada velha demais.

Em desespero, Elisabeth liga para um telefone que lhe foi entregue anonimamente e se envolve com um sinistro programa de aprimoramento corporal conhecido como “The Substance”. Ela recebe uma pilha de equipamentos médicos selados em sacos plásticos (seringas, tubos, um líquido verde fosforescente, um produto alimentar injetável branco e pegajoso) e é informada sobre o protocolo relativo ao seu novo “eu” — que, alerta o programa, também será seu antigo “eu”. “Vocês dois são um”, dizem as instruções. O que isso significa?

Isso significa que, depois de aplicar as injeções em si mesma, Elisabeth desmaia no chão do banheiro, sua pele se abre ao longo da espinha e, como as pessoas pod que emergem dos seres humanos em Invasores de Corpos (1978), surge seu novo eu: um espécime “perfeito” de feminilidade jovem e sexy, interpretada por Margaret Qualley (de Era Uma Vez em Hollywood).

O acordo é o seguinte: a jovem substituta, chamada Sue, sai pelo mundo e dá a letra — por uma semana. E ela o faz, tendo seu próprio programa de treinos. Uma estrela nasce. Mas então ela tem que se deitar, em hibernação, enquanto Elisabeth, com o mesmo rosto e corpo de sempre, se levanta e se movimenta novamente. As duas trocam, alimentando-se uma à outra, para que Elisabeth possa “ser” Sue a cada duas semanas. É como O Médico e o Monstro recontado como um sonho/pesadelo da cultura de trilhões de dólares de aprimoramento cosmético.

Segundo os críticos, Demi está em uma de suas melhores atuações ao mostrar um problema comum a todas as mulheres no mundo real em que vivemos: o da pressão estética e da ojeriza a envelhecer — vale lembrar que ela já foi a atriz mais bem paga de Hollywood ao ter sua sensualidade explorada em Striptease, de 1996, pelo qual recebeu 12 milhões de dólares. Já Margareth se apresenta perfeitamente como a mulher-objeto que Sue foi criada para ser, afinal, ela só existe para agradar aos padrões impostos pela sociedade e pela indústria. E é claro que as personagens das duas brilham ao disputar por seu espaço neste mundo cão (especialmente com as mulheres).