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Vampire Facial: O que é o procedimento estético que usa sangue

A medicina nunca deixa de ser macabra

02/05/2024

Você já ouviu falar em vampire facial? Se a sua primeira associação foi imaginar o Conde Drácula fazendo algum procedimento para se manter jovem, parabéns, você é um DarkSider de verdade. Mas, por mais divertido que seja imaginar esse cenário, a vampire facial é um procedimento que está se tornando bem famoso entre nós mortais — mas que realmente parece ter saído de um filme de terror.

Se você já leu os livros da coleção Medicina Macabra já se deparou com sua boa dose de procedimentos médicos que eram considerados milagrosos e que, com o tempo, foram deixados de lado graças aos avanços da ciência. Mas nem por isso a medicina deixou de ser assustadora, e isso está se estendendo ao mercado estético, em uma busca incessante pela juventude — será que Dorian Gray se arriscaria?

O que é a Vampire Facial?

Também conhecida como “facelift vampiro”, a vampire facial é o nome popular de um procedimento estético facial que se utiliza de injeções de plasma rico em plaquetas. Na prática, é retirada uma amostra de sangue do próprio paciente e o plasma é extraído. Até aí tudo bem, mas esse plasma será aplicado de volta no rosto do paciente por meio de agulhas hipodérmicas.

As injeções podem ser feitas utilizando uma única agulha, aplicada em diferentes áreas do rosto — mais ou menos como nos procedimentos de preenchimento facial — ou por microagulhamento, um procedimento que envolve uma dermapen, um dispositivo parecido com uma caneta com um jogo de agulhas descartáveis.

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O procedimento se tornou famoso há poucos anos graças a celebridades como Megan Fox, Gwyneth Paltrow, Kim e Kourtney Kardashian, mas ele não é uma novidade e muito menos uma exclusividade estética. Na medicina, os tratamentos ricos em plasma são utilizados na recuperação de entorses de tendões, tendinites, lesões musculares, dores relacionadas à artrite e lesões nas articulações, além de recuperações pós-operatórias.

Porém, recentemente o tratamento passou a ser utilizado com fins estéticos como uma maneira de rejuvenescer a pele, reduzir linhas de expressão, rugas e hiperpigmentação, reduzir queda de cabelo e estimular a produção de colágeno. Pode até auxiliar para disfarçar cicatrizes. Isso acontece porque esse plasma com plaquetas é rico em fatores de crescimento e pode desencadear a reprodução celular e a regeneração.

Procedimento está ligado a casos de infecção por HIV

Os principais riscos e efeitos colaterais associados à vampire facial são dor, vermelhidão, inchaço e infecções no local da aplicação. Por usar sangue do próprio paciente, não há risco de reações alérgicas. Porém, recentemente circulou a notícia de casos de infecção por HIV ligados ao procedimento.

Pelo menos três mulheres foram infectadas pelo vírus causador da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids) durante procedimentos estéticos de vampire facial em um spa não licenciado na cidade de Albuquerque, nos Estados Unidos. É a primeira vez que é constatada a transmissão por meio de serviços de injeção cosmética — a partir de uma denúncia feita em 2018.

As três mulheres estavam em um grupo de cinco pessoas que apresentavam cepas de HIV altamente semelhantes, das quais quatro tinham passado pelo procedimento no spa. O quinto indivíduo, um homem, teve relações com uma das mulheres. Os diagnósticos dessas pessoas foram emitidos entre os anos de 2018 e 2023, quando as investigações no spa foram conduzidas.

O spa foi fechado em 2018, pouco após a identificação da primeira infecção incomum. As investigações e tentativas de contato com os clientes do local foram prejudicadas pela falta de registros do estabelecimento. Foram identificados 59 clientes, sendo 20 deles submetidos à vampire facial e 39 que receberam outros serviços, como aplicação de botox.

Os investigadores ainda não sabem a fonte exata da contaminação, mas uma inspeção no spa encontrou tubos de sangue sem etiquetas sobre um balcão de cozinha, enquanto outros eram armazenados em um refrigerador junto com alimentos. Ainda foram encontradas seringas não embaladas em gavetas e lixeiras.

De acordo com um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, o estabelecimento também aparentava estar reutilizando equipamentos descartáveis — sim, que deveriam ser de uso único.

Se tem algo que aprendemos em Medicina Macabra 4, destinado a procedimentos cirúrgicos, é a importância da assepsia em qualquer procedimento que rompa a barreira da pele ou que envolva contato com mucosas — não apenas em cirurgias. A recomendação é sempre procurar estabelecimentos credenciados, com todos os alvarás sanitários em dia, e sempre exigir que seringas e frascos sejam abertos na sua frente e sejam devidamente rotulados com o seu nome e informações que confirmem a sua identidade. Melhor deixar o terror corporal apenas para a ficção mesmo.