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Caitlin Doughty: “Morte é ciência e história, arte e literatura”

Autora de Verdades do Além-Túmulo compartilha sua visão direta e esclarecedora sobre a morte.

19/10/2020

Quando eu morrer, meus gatos vão comer os meus olhos? Esta e outras perguntas inusitadas Caitlin Doughty responde com muita propriedade e bom-humor em Verdades do Além-Túmulo, publicado pela DarkSide® Books. O título reúne dezenas de dúvidas de crianças e adolescentes sobre a morte.

Esta afirmação pode parecer bem estranha, mas a morte é a vida de Caitlin Doughty. Ela começou a trabalhar em uma casa funerária aos 22 anos de idade, depois de ter frequentado a escola mortuária de São Francisco. Embora tenha se preparado para a profissão, Caitlin nunca imaginou que o ofício a acompanharia como uma carreira. “Eu pensava que seria uma história legal para contar em uma festa quando eu tivesse 45 anos”, comentou divertidamente em uma entrevista ao jornal inglês The Guardian.

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Exposta à realidade da indústria funerária dos Estados Unidos, que ainda trata a morte com muito silêncio e como um verdadeiro tabu, Caitlin decidiu que alguém precisaria falar de forma honesta e educativa sobre o tema – e esse alguém era ela própria.

Além do conhecimento sobre os bastidores da indústria funerária, Caitlin Doughty decidiu ir além e se aprofundar sobre os diferentes ritos de passagem desta para a melhor em diversas culturas. Os resultados destes trabalhos podem ser conferidos nos livros: Confissões do Crematório e Para toda a Eternidade, já publicados pela caveira.

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Mas não é apenas nos livros que a autora compartilha o seu conhecimento sobre o além. Em seu canal no YouTube Ask a mortician, que já tem mais de um milhão de seguidores, ela aborda vários tópicos relacionados à morte, de uma forma bem esclarecedora, educativa e, por que não, divertida. Lá, Doughty comenta mortes famosas, técnicas funerárias e até temas mais curiosos como a relação da Disney com a morte.

A diferença da relação com a morte entre adultos e crianças

Graças ao seu canal, Caitlin percebeu que a forma como as crianças lidam com a morte é bem diferente de como os adultos encaram o tema. “Todas as perguntas sobre morte são boas, mas as perguntas mais diretas e provocativas vem das crianças”.

Quando começou a receber questionamentos sobre o tema, Caitlin acreditou que os menores viriam com dúvidas mais inocentes e puras, mas “as crianças costumam ser mais corajosas e perceptivas do que os adultos”. As indagações dos pequenos tem muito mais a ver com os corpos e com o processo físico da morte do que com questões mais filosóficas da vida após a morte. E o lado físico é o tema preferido da autora.

Não que ela se recuse a responder perguntas que fiquem sob este espectros mais transcendentais, mas Caitlin acredita que as pessoas ainda precisem de mais conhecimento sobre os aspectos práticos da morte. “Às vezes eu tenho a sensação de que nós nem temos vocabulário para conversas mais adultas sobre a morte”, desabafou em entrevista ao site BookPage.

As crianças obviamente não sabem as respostas no livro Verdades do Além-Túmulo, mas a maioria dos adultos também não sabe, afinal, eles não passam de crianças que desistiram de fazer este tipo de perguntas. “Eu não falo apenas com as crianças, mas com os adultos que nunca tiveram a chance de ter uma conversa honesta sobre morte”, define a escritora. 

O conhecimento facilita a nossa relação com a morte

A autora entende que é normal ter curiosidade em relação à morte. O problema é que as pessoas crescem e internalizam a ideia de que este é um assunto “mórbido” ou “estranho”. “As pessoas crescem com medo e criticam o interesse dos outros por este assunto, em vez de confrontarem a morte por conta própria”.

Caitlin Doughty considera isso um problema, pois a maioria das pessoas na cultura ocidental é “analfabeta de morte”, o que as deixa com ainda mais medo. A escritora entende que quanto mais as pessoas conhecerem e compreenderem os processos e rituais relacionados à morte, mais natural se torna a forma de lidar com ela

“Nós não podemos fazer da morte algo divertido, mas nós podemos fazer o aprendizado sobre ela divertido. Morte é ciência e história, arte e literatura. É a ponte que conecta as culturas e une toda a humanidade”, define. Doughty acredita que é possível controlar os nossos medos ao aceitar a morte e aprender sobre ela, perguntando quantas questões forem necessárias.

Em 2011, Caitlin Doughty fundou a Ordem da Boa Morte, um coletivo sobre a aceitação da morte, que tem o objetivo de orientar pessoas a lidarem melhor com o luto e o assunto de forma geral. Em seu canal no YouTube, além dos vídeos com curiosidades, ela tem conteúdos mais fáceis de aplicar, como “Ajudando um amigo em luto” e “Superando a negação da morte na sua família”. 

Para ela, a conversa entre adultos e crianças sobre a morte deve ser encorajada e de uma forma transparente, educativa e sem medo de que isso irá ativar algum gatilho de pavor nos pequenos. Afinal, eles irão se deparar com a morte em algum momento e Doughty acredita que, através da ciência e do humor, é possível treinar o cérebro a “ver a morte como um assunto sério e ao mesmo tempo como fonte de grande curiosidade”.

Caitlin Doughty definitivamente não é uma pessoa insensível à morte, principalmente por conhecê-la tão de perto. Ela sabe que a perda de alguém é uma marca permanente e que aqueles que ficam nunca mais serão os mesmos. Porém, ela vê a possibilidade de encarar o luto de uma forma um pouco mais produtiva do que se render à negação e ao sofrimento. Já que a morte é inevitável, cabe a nós decidir de que forma queremos encará-la.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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