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Amigos de Dorothy: Como O Mágico de Oz está relacionado ao público LGBTQIA+

Personagem de L. Frank Baum virou código na época em que homossexualidade era crime.

16/11/2020

No início da década de 1980, o Serviço de Investigação Naval estava apurando casos de homossexualidade entre militares na região de Chicago. Os agentes descobriram que homens gays às vezes referiam-se uns aos outros como “amigos de Dorothy”. O Serviço acreditava que existia uma mulher chamada Dorothy no centro de um extenso círculo de militares homossexuais e encabeçaram uma busca por ela, para descobrir os nomes dos membros da marinha que eram gays.

O que eles não sabiam é que a Dorothy em questão era uma garotinha do Kansas que havia viajado em um tornado à distante terra de Oz. Sim, a Dorothy de O Mágico de Oz era a tal da amiga dos militares homossexuais. Mas afinal, como a personagem de L. Frank Baum virou uma expressão para identificar estas pessoas?

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As referências LGBTQ+ nas histórias de Oz

A origem precisa do termo é desconhecida, mas ela existe pelo menos desde o período da Segunda Guerra Mundial, quando a homossexualidade era considerada crime nos Estados Unidos. Sem que a grande população soubesse, a comunidade LGBTQIA+ utilizava esta gíria para identificar a orientação sexual de homens gays de forma segura.

Uma das teorias para a origem do termo vem de A Estrada para Oz, uma das sequências do primeiro livro de Oz. Na obra, o leitor é apresentado a Polychrome, uma fada que, ao conhecer Dorothy diz que ela tem alguns amigos queer (no sentido de “excêntricos”), ao que a garota responde: “não importa se são queer, desde que sejam amigos”. 

O livro ainda possui diversas referências LGBTQIA+ em seus personagens e na forma com que eles se relacionam. Uma passagem faz um possível menção à bissexualidade: quando Dorothy está em uma bifurcação da estrada de tijolos amarelos, ela pergunta ao Espantalho por qual caminho deveria seguir, e ele responde: “há pessoas que escolhem os dois caminhos”. Não se sabe se estas referências são propositais, mas elas se encaixam muito bem no contexto. Além disso, a princesa Ozma é uma das primeiras personagens transgênero na literatura.

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Judy Garland era um ícone LGBTQIA+

Outra interpretação da origem do termo diz respeito ao filme de O Mágico de Oz de 1939. No longa, a protagonista Dorothy é interpretada por uma ainda jovem Judy Garland. A personagem se mostra aberta a conhecer qualquer personagem diferente dela, mostrando-se como uma figura acolhedora para aqueles que viviam à margem.

Depois da criação da bandeira arco-íris LGBTQIA+ a música “Somewhere over the rainbow”, interpretada pela atriz no filme, ganhou um significado ainda mais importante entre a comunidade. 

Além das referências diretas ao filme de O Mágico de Oz, Judy Garland era uma figura com quem a população LGBTQIA+ criou uma forte empatia. Todos os problemas pessoais da vida dela eram amplamente explorados pela mídia, tornando-a um arquétipo da diva trágica graças aos seus problemas com álcool, divórcios e drogas. 

Acredita-se que os problemas da atriz tenham relação com estresse pós-traumático, um transtorno bem conhecido entre pessoas LGBTQIA+. Apesar disso, Garland se manteve persistente em sua carreira, tornando-se um exemplo para seus fãs. Mesmo com tantas adversidades e sua vida, a diva se transformava quando subia aos palcos, quase como se ela “saísse do armário” e assumisse sua verdadeira personalidade sob os holofotes.

Entre os fãs da atriz, predominavam homens gays mais velhos. Além deles, Judy teve vários homens importantes na sua vida que também eram homossexuais ou bissexuais, incluindo seu pai, dois de seus maridos e seu genro. A diva ainda gostava de frequentar bares gays com seus amigos desde o início da carreira.

Em tempos em que assumir a sua sexualidade era considerado um crime, Oz se mostrou um lugar seguro para abrigar todas as pessoas. Até os dias de hoje, Dorothy permanece uma forte influência e uma verdadeira amiga da comunidade LGBTQIA+.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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2 Comentários

  • ersiro

    20 de novembro de 2020 às 15:42

    Ótimo artigo! Não sabia das histórias e referências LGBT+ por trás do universo de Oz. Grato por disponibilizar este conteúdo!

  • Julia

    26 de janeiro de 2024 às 15:27

    Adorei. Vou até assistir de novo. Nunca tinha ouvido sobre essas referencias

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