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Caveira Viu: Boogeyman: Seu Medo é Real

Stephen King está de volta às telonas

06/06/2023

Com uma quantidade absurda de livros adaptados para o cinema, Stephen King se transformou em uma figurinha carimbada nos audiovisuais. Clássicos do terror como Carrie: A Estranha, O Iluminado e Cemitério Maldito, dramas aclamados como Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre e filmes inesquecíveis como Conta Comigo têm uma coisa em comum: seus roteiros foram baseados em histórias do icônico escritor americano. 

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A impressionante versatilidade de King, que vai de escritor até roteirista, ator e diretor, chama a atenção do público. Basta seu nome estar associado a algum lançamento que todos paramos para prestar atenção. Não foi diferente com Boogeyman: Seu Medo é Real, que chegou semana passada nos cinemas brasileiros com uma bilheteria mundial que já soma 20 milhões de dólares

Após selar um pacto com a UCI Cinemas, a Caveira teve a oportunidade de assistir ao filme no escurinho do cinema em uma sessão para lá de trevosa. 

Da mente de Stephen King

Boogeyman: Seu Medo é Real é baseado no conto “O Bicho-Papão” de Stephen King, publicado pela primeira vez em 1973 na revista Cavalier e posteriormente incluído na primeira coletânea do autor, Sombras da Noite, publicada em 1978. Porém, engana-se quem acha que King é o único nome de peso do filme. 

boogeyman
20th Century Studios/Reprodução

A cadeira de diretor foi ocupada por Rob Savage, que em 2020 nos entregou o fenômeno da pandemia Cuidado com Quem Chama. O roteiro ficou nas mãos de nomes experientes: Scott Beck e Bryan Woods, dupla responsável por Um Lugar Silencioso, e Mark Heyman, uma das mentes por trás do roteiro de Cisne Negro. Na produção encontramos Shawn Levy, um dos produtores executivos de Stranger Things. Como se não bastasse, o filme é um lançamento da 20th Century Studios, pertencente ao grupo Disney

Estrelado por Sophie Thatcher, a Natalie de Yellowjackets, o filme apresenta duas irmãs, Sadie de 16 anos e Sawyer de 10, que estão tentando se recuperar da morte inesperada da mãe. O pai, Will Harper, é um famoso terapeuta que não consegue lidar com a súbita perda da esposa, fechando-se em seu trabalho para esquecer a tragédia. No entanto, quando um novo paciente chega ao consultório, trazendo uma perigosa e sádica presença na residência, a família deve se unir para tentar sobreviver antes que seja tarde demais.

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Bicho-papão e traumas

Por mais que Boogeyman seja baseado no conto homônimo de King, o filme utiliza o texto original como um ponto de partida para os eventos que iremos assistir. Isso funciona muito bem, resolvendo a difícil tarefa de adaptar uma história curta e simples em um filme de 90 minutos. O que poderia resultar em mera enrolação, encontra no roteiro uma forma de expandir a história por meio de personagens bem desenvolvidos e conflitos reais. A direção de Savage e o elenco extremamente competente também ajudam na hora de entregar uma adaptação original e envolvente. 

Um dos pontos mais altos do filme é justamente a direção de Rob Savage e sua habilidade de criar sustos previsíveis, mas eficientes. O diretor sabe criar tensão enquanto o Bicho-Papão vai se esgueirando pela escuridão da residência da família Harper. Nisso, o filme é muito inteligente em se apoiar em um dos medos mais antigos e primórdios da humanidade: o medo do escuro e consequentemente do desconhecido, já que a criatura que dá nome ao longa é avessa à claridade. Ao utilizar a oposição luz x escuridão, Savage transforma momentos banais em cenas tensas e sinistras que com certeza deixam o espectador esperando pelo pior. 

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20th Century Studios/Reprodução

O elenco liderado por Sophie Thatcher é outro destaque positivo, entregando personagens convincentes que conseguem se afastar dos estereótipos que estamos tão acostumados a assistir em produções de terror. Thatcher transmite de forma comovente o luto e o não pertencimento da adolescente Sadie. Ao seu lado está a jovem Vivien Lyra Blair, que interpreta a pequena Sawyer, uma criança precoce e amedrontada, mas ainda assim cativante. O vínculo entre as duas irmãs é com certeza um ponto positivo da história, nos fazendo torcer e nos identificarmos com as personagens. 

O elenco é ainda composto por Chris Messina, que entrega muito bem o papel do patriarca viúvo e perdido, e Marin Ireland, que rouba a cena em sua breve participação. Outra participação rápida, mas que com certeza se destaca é a de David Dastmalchian, que interpreta o novo paciente de Will, Lester Billings, um pai enlutado cujos filhos foram vítimas de uma entidade monstruosa. O personagem de Dastmalchian é o ponto de partida de todo o terror de Boogeyman, estando presente também na história original de King. 

O que mais chama a atenção em Boogeyman não são tanto os momentos de terror ou os sustos plantados para amedrontar o espectador. Também não é sua história, que é relativamente conhecida, sendo que o enredo não tem o objetivo de expandir a mitologia do Bicho-Papão. O verdadeiro mérito do filme é sua abordagem do luto. E é justamente aqui que ele mais se destaca. 

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20th Century Studios/Reprodução

Nos últimos tempos inúmeras produções de terror vem abordando o luto e seus traumas. O Babadook, Midsommar: O Mal Não Espera a Noite e Sorria são apenas alguns deles. Ao falar sobre luto, sofrimento e culpa, Boogeyman conquista seu lugar ao lado desses títulos, oferecendo uma visão um pouco mais positiva e esperançosa, enquanto seus personagens tentam enfrentar os monstros reais e metafóricos que se escondem na escuridão da casa. Aqui o destaque vai novamente para o roteiro e as atuações, já que cada membro da família Harper tem uma maneira diferente de lidar com a tragédia, que paira como uma assombração em suas vidas. 

No entanto, nem tudo são flores e Boogeyman escorrega um pouco em seu ritmo, tornando-se lento em alguns momentos, o que quebra o ritmo e o interesse do espectador.  Junto a isso há alguns momentos que poderiam muito bem ser descartados, já que não possuem relevância alguma na trama. É o caso da relação entre Sadie e suas “amigas” da escola, cujo único propósito é atrasar o desenvolvimento da história.  

O fato de o roteiro não expandir a mitologia do monstro principal também pode decepcionar, principalmente na hora da conclusão, que parece um pouco vaga e anticlimática. Ao entregar uma história focada em seus personagens humanos, sem a pretensão de mergulhar em explicações e histórias sobrenaturais, o filme infelizmente não dá muito espaço para seu antagonista monstruoso, que termina sem ter um grande momento na trama.

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20th Century Studios/Reprodução

Boogeyman funciona simultaneamente como uma boa adaptação e expansão do conto de King. Mantendo a essência de muitas histórias do autor, que inclusive aprovou o filme com uma reação bastante positiva, o filme de Rob Savage entrega uma história emocionante que traz em seu âmago questões como luto, relações familiares e culpa. Embora esteja longe de ser revolucionário, o longa é eficaz em criar sustos e estabelecer uma ameaça, nos fazendo realmente torcer pelos personagens, que no final das contas são apenas gente como a gente. 

Com um elenco talentoso e direção eficaz, Boogeyman cumpre seu objetivo como um bom filme de terror. Pode até não ser o longa mais assustador que você vai assistir esse ano, mas com certeza vai te fazer acender as luzes e fechar as portas dos armários antes de dormir.  

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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