Filmes • Resenha

Caveira Viu: Halloween Ends

Filme promete o fim de Michael Myers. Será?

13/10/2022

Há poucas certezas na vida: a morte, a pilha de louça pra lavar e o fato de que Michael Myers sempre volta. Os lendários atores Jamie Lee Curtis e Nick Castle retornam como Laurie Strode e Michael Myers, respectivamente, para dar um fim à noite do terror iniciada em 1978 com Halloween Ends, que deve marcar o confronto final entre os personagens.

Repleto de referências diretas ao primeiro filme da saga, mas com algumas diferenças brutais, o novo filme da franquia garante que o sangue e a violência estejam mais presentes do que nunca, honrando o subgênero slasher.

Halloween Ends encerra a última série da franquia, iniciada com Halloween em 2018. Dessa vez, o filme se passa quatro anos após os eventos do anterior, Halloween Kills (2021), com Laurie vivendo com sua neta Allyson (Andi Matichak) e terminando de escrever suas memórias. Michael Myers não foi visto durante todo esse tempo.

Hallowen Ends — Divulgação/Universal Pictures

Aqui temos uma Laurie decidida a se libertar do espectro do assassino silencioso que a assombrou desde a adolescência. Porém, quando um jovem chamado Corey Cunningham (Rohan Campbell) é acusado de assassinar um garoto que estava sob seus cuidados como babá, isso desencadeia uma sequência de violência e terror que obriga Laurie a enfrentar o mal que ela não consegue controlar, de uma vez por todas.

O que esperar de Halloween Ends

É difícil não estabelecer comparações do tipo após maratonar os filmes da série antes de assistir à batalha final. Enquanto Halloween (1978) focava mais no suspense e no terror do que no gore dos slashers da época, Halloween Ends traz muitas cenas de ação e conflitos psicológicos dos personagens. Depois de passar quatro décadas numa incessante batalha contra a figura invencível de Michael Myers, é perceptível que a saúde mental de Laurie Strode já não é mais a mesma.

Essa luta também traz consequências diretas e indiretas às suas relações familiares — inclusive, com a sua neta Allyson, obcecada por relacionamentos claramente disfuncionais, que muitos diriam se tratar de daddy issues (ou grandma issues?). Ainda no campo da psicanálise, também é interessante notar como o Complexo de Jocasta afeta em partes Corey Cunningham (Rohan Campbell). Sem mais detalhes para evitar spoilers, mas Norma Bates aprovaria isso.

Voltando ao fato de que se trata de uma franquia de terror, Halloween Ends surpreende e frustra antigos fãs da saga na mesma medida. O filme acaba girando em torno de quatro locações e o fator surpresa parece ter se perdido para dar espaço quase que totalmente às cenas de ação e gore, com poucas chances para sustos e frios na barriga.

Por outro lado, o desenvolvimento de Corey Cunningham ao longo da sequência nos faz criar muitas expectativas, pois Michael Myers parece estar cansado e envelhecido. A batalha final também conta com referências épicas e performances incríveis, dignas de uma conclusão de respeito.

Com uma roupagem gore que alcança as novas gerações e referências suficientes para agradar aos fãs das antigas, Halloween Ends consegue puxar alguns truques da manga para justificar a sua existência. Agora, quanto a colocar um ponto final na franquia iniciada há mais de quarenta anos por John Carpenter, somente o tempo, as brechas no roteiro e o desempenho nas bilheterias irá dizer. Mesmo após as cenas explicitamente conclusivas, é possível sair do cinema se perguntando: será que a noite do terror acabou de verdade ou tivemos apenas mais um “Halloween Ends por enquanto”?