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Conheça a tradição secular dos teatros Kabuki

Lendas japonesas eram transmitidas através dessas apresentações

25/03/2024

Vingança, amores não correspondidos, feitiços, eventos misteriosos e seres sobrenaturais são apenas alguns dos temas encontrados nas fascinantes lendas japonesas. Transmitindo a história do Japão, tais histórias, que datam de séculos atrás, atravessaram épocas e gerações, encontrando espaço nos mais diferentes formatos e lugares, inclusive na DarkSide® Books.

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Em Lendas Japonesas, a quadrinista italiana Jessica Cioffi — sob o pseudônimo Loputyn — reúne e ilustra 25 contos tradicionais japoneses. Datadas de séculos atrás, essas lendas variam de histórias trágicas e românticas a enredos fantasmagóricos povoados por criaturas malignas. Revelando a riqueza da cultura japonesa e a potência de determinadas narrativas, muitos dos contos presentes em Lendas Japonesas foram transmitidos por meio da tradição oral, frequentemente no formato dos tradicionais teatros Kabuki

lendas japonesas

A arte da música e da dança: o surgimento do teatro Kabuki

Considerado um patrimônio cultural imaterial da humanidade desde 2008, o Kabuki é uma forma de arte performática japonesa que surgiu no século XVII durante o período Edo, quando o Japão era governado pelo xogunato Tokugawa. Incorporando música, dança e mímica junto a cenários e trajes elaborados, as performances são derivadas principalmente de lendas e histórias regionais

Embora hoje os atores Kabuki sejam todos homens, a arte foi criada por uma mulher, a sacerdotisa Izumo no Okuni, que passou a se apresentar ao redor de Kyoto e logo formou uma trupe teatral composta apenas por mulheres marginalizadas pela sociedade. Essas atrizes representavam tanto personagens masculinos quanto femininos em peças espirituosas e sugestivas que parodiavam a vida cotidiana. Isso tornou o Onna-Kabuki (Onna significando mulher) um dos primeiros entretenimentos a ser projetado para os japoneses comuns, o que tornou a prática imensamente popular em um curto período de tempo e incentivou a criação de novas trupes teatrais. 

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Pelo caráter sensual das danças e pelo fato de muitas atrizes também serem prostitutas, o Kabuki logo desencadeou um pânico moral, que proibiu as mulheres de se apresentarem em 1629. As atrizes foram substituídas por jovens garotos, que em 1652 também foram banidos. Por fim, como perdura até os dias atuais, homens adultos assumiram os papéis de ambos os gêneros, ficando conhecidos como “onnagata”.

kabuki

Inicialmente, o Kabuki era visto como uma forma estranha de entretenimento, voltada para pessoas comuns que eram atraídas pela excentricidade, ousadia e até mesmo pelo caráter sensual das performances. A partir do século XVIII — considerado a idade de ouro do Kabuki — a estrutura das performances e os tipos de personagens foram formalizados, retirando muito do estigma e tornando as apresentações ainda mais famosas. No entanto, vale ressaltar que apesar disso muitas técnicas e artistas modernos descendem diretamente dos métodos e atores originais, de forma que o Kabuki constituiu uma tradição bastante sólida e coerente ao longo dos séculos.

Tipos de Kabuki

A performance grandiosa do Kabuki é complementada pelos elementos de produção facilmente reconhecíveis, como figurinos tradicionais japoneses, complexos dispositivos de palco — como elevadores, passarelas e galpões que permitem, por exemplo, que personagens desapareçam e apareçam em outros lugares — iluminação e cenografia. Uma das características mais importantes desse estilo teatral é a linguagem e atuação dos atores, que utilizam poses características e movimentos estilizados, sendo acompanhados por instrumentos tradicionais de música ao vivo.

A música, inclusive, é parte intrínseca da narrativa, sendo essencial para o tom da história e o ritmo da cena. Isso faz com que o método de atuação seja indistinguível da dança, já que os atores são treinados para se mover e gesticular por meio de movimentos de dança, algo essencial em todas as peças. A criação dos personagens envolve também um tipo bastante particular de maquiagem, conhecida como Kumadori, uma das características mais conhecidas do Kabuki. Os rostos dos atores são revestidos com uma camada espessa de pós de arroz branco, complementada com linhas coloridas (que variam de acordo com a natureza do personagem) e tornam suas expressões faciais mais dramáticas. O Kumadori não é apenas maquiagem, mas sim uma forma de linguagem visual que comunica a virtude e a índole do personagem

kumadori teatro kabuki

Existem três categorias principais de peças dentro do teatro Kabuki: as jidaimono, cujos enredos são derivados de eventos históricos e lendas japonesas, conhecidos por grandes cenários e temas como lealdade e honra; as sewamono, que abrangem contos contemporâneos pós-1600 e concentram-se na vida cotidiana das pessoas, explorando questões sociais e emoções humanas; e as shosagoto, dramas apresentados em forma de dança. Apesar de existir essa distinção, todas as peças mantêm temas em comum, como o choque entre a moralidade e as emoções humanas. Além disso, os Kabuki refletem muitas normas sociais e ideais japoneses, enfatizando questões como a devoção aos mais velhos e à comunidade. Em meio a isso, adicionam-se temas como vingança, mistério e amor, criando assim o conflito central da maioria das histórias. 

Embora tenha esse elemento moral e até mesmo educacional, o foco principal do Kabuki é construir uma experiência sensorial imersiva, já que o espectador se torna testemunha de um espetáculo visual com figurinos elaborados, cenários grandiosos e transformações sobrenaturais que questionam a realidade. Uma das peças mais famosas desse estilo é justamente protagonizada por Okiku, uma tradicional criatura fantasmagórica do folclore japonês, que aparece em Lendas Japonesas, que volta para se vingar de uma injustiça cometida. Inclusive, Okiku também serviu de inspiração para a clássica história de Ring: O Chamado (1998).

ring o chamado

O legado do Kabuki

O teatro Kabuki não é apenas uma forma de entretenimento, mas também uma forma de expressão e preservação cultural no Japão, possuindo um papel significativo na história do país. Misturando música, dança, mímica e encenação, esse tipo de arte há séculos hipnotiza o público, sendo também utilizada para comentários acerca da condição humana. Basta lembrar de uma de suas características definidoras: a tradição de atores masculinos desempenharem papéis femininos. Embora tenha nascido da exclusão das mulheres da cena, os Onnagata desafiam as normas e percepções convencionais de gênero.

A influência do Kabuki se estende para além do teatro, impactando outras formas artísticas como a moda, a literatura, as artes visuais, o cinema e até mesmo os animes. Atualmente, as performances acontecem em todo o Japão e às vezes embarcam em turnês internacionais.

Entre tantos méritos, o teatro Kabuki também é responsável por preservar inúmeras lendas e contos do folclore japonês. Estas histórias que mostram a harmonia entre os mundos visível e invisível, entre o tangível e o misterioso, há muito foram encenadas nesses teatros que trouxeram aos palcos seres míticos, personagens intensos e narrativas trágicas. 

kabuki

Agora essas mesmas histórias ganham um novo lar na coletânea Lendas Japonesas, lançamento da DarkSide® Books que apresenta ao leitor o fascinante entrelaçamento entre o mundano e o sobrenatural em uma edição compilada e ilustrada por Loputyn. Prepare-se para abrir o baú desta riquíssima herança cultural e explorar o encanto ancestral das emocionantes e assustadoras lendas japonesas ao lado da Caveira. Chegou a hora de embarcarmos nestas histórias que transcendem as fronteiras do tempo e da realidade. Vamos nessa?

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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