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Descubra a conexão entre o filme Pearl e O Mágico de Oz

Pearl e Dorothy têm muito mais em comum do que você imagina

17/10/2022

ATENÇÃO: O POST A SEGUIR CONTÉM SPOILERS DOS FILMES PEARL E X: A MARCA DA MORTE

Uma garota solitária que mora em uma fazenda e sonha acordada com uma vida mais emocionante. Parece o enredo de O Mágico de Oz, mas não é. Essa é a premissa de Pearl, filme dirigido por Ti West que chegou nos cinemas internacionais em setembro deste ano. 

LEIA TAMBÉM: 7 FILMES E PEÇAS INSPIRADOS EM O MÁGICO DE OZ

Pearl é na verdade uma história de origem da antagonista de X: A Marca da Morte, slasher também dirigido por West e protagonizado por Mia Goth. Ambientado em 1979, X acompanha um grupo de artistas que se reúne para gravar um filme pornográfico em uma propriedade rural pertencente ao casal idoso, e nem um pouco amigável, Howard e Pearl. Não é preciso falar que as coisas não acabam bem para os jovens atores, não é mesmo? 

Rebobinando a fita e voltando para o passado, especificamente para 1918, Pearl conta justamente a história da personagem que dá título ao filme, mostrando sua juventude e sua onda de assassinatos. Apesar de ser uma produção de horror, o longa possui muitos paralelos com o filme clássico de 1939, O Mágico de Oz. Não, você não leu errado! Pearl e Dorothy têm muito mais em comum do que você imagina. 

Prepare-se porque hoje a Caveira vai te levar em uma viagem mágica (e sangrenta) por esses dois filmes, que nos mostram que, para o bem ou para o mal, não existe lugar como a nossa própria casa.

O Mágico de Oz
Divulgação/Warner Bros.

Dorothy & Pearl

Lançado em 1939, O Mágico de Oz é provavelmente um dos filmes mais famosos da história do cinema. Um clássico da literatura e das telonas, a trama criada por L. Frank Baum em 1900 continua inspirando e sendo homenageada em diversas produções contemporâneas. A aventura mágica de Dorothy e Totó, inclusive, já aterrissou na DarkSide® em duas edições diferenciadas para o darksider se aventurar pela inesquecível estrada de tijolos amarelos

Mas infelizmente, em Pearl já não estamos mais no Kansas e sim no Texas. Pearl (Mia Goth) é uma solitária jovem que vive na fazenda de sua família. Enquanto seu marido está longe lutando na Primeira Guerra Mundial, ela ajuda a cuidar de seu debilitado pai e é constantemente castigada pela mãe, Ruth. Sem ter para onde fugir, ela sonha com uma vida melhor que nunca chega. 

Tanto Pearl quanto Dorothy procuram um lugar para “além do arco-íris”. Ambas sonham acordadas com uma vida mais emocionante e desejam aquele algo a mais. É possível inclusive enxergar semelhanças no visual das duas personagens, apesar da diferença de idade entre elas. Pearl aparece frequentemente usando um macacão azul, uma óbvia alusão ao icônico vestido de Judy Garland. É impossível também não reparar nas marias-chiquinhas e nos lacinhos que adornam os cabelos das duas. 

Outro ponto interessante é como Pearl homenageia esteticamente O Mágico de Oz. O filme utilizou um processo de colorização chamado Technicolor, na época muito empregado em Hollywood em grandes produções. Esse processo consistia em um sistema de três tiras no qual uma câmera especial capturava as imagens por meio de filtros coloridos, frequentemente vermelho, azul e verde. O resultado eram filmes com cores altamente saturadas e vívidas. A produção de Ti West faz um aceno a esse visual mais antigo com uma paleta de cores bem parecida.

Pearl
Divulgação/A24

Perigosos novos mundos

Nós já conhecemos a história: durante um tornado, a casa de Dorothy é transportada pelos ares e a menina pousa na terra de Oz. É quando ela chega lá que o filme de Victor Fleming sai dos tons de sépia e ganha suas cores vivas, indicando o início de uma mágica e tão sonhada aventura. Para conseguir retornar para casa, Dorothy deve percorrer a estrada de tijolos amarelos e chegar até a Cidade de Esmeraldas. Mas a jornada não é tão fácil quanto aparenta ser e diversos perigos a aguardam, incluindo uma maligna bruxa verde. 

Em Pearl, não temos casas voadoras ou bruxas. Aqui tudo é um pouco mais realista, afinal estamos no Texas e não em Oz. Mas isso não significa que nossa protagonista não embarca em um novo mundo, tal qual Dorothy. Isso acontece quando precisa ir até a cidade para conseguir remédios para o pai doente. Chegando lá, ela se depara com um mundo completamente diferente do qual estava acostumada, mais livre e alegre com música, pessoas e filmes! É justamente o cinema que proporciona para a jovem uma fuga da realidade. 

LEIA TAMBÉM: AMIGOS DE DOROTHY: COMO O MÁGICO DE OZ ESTÁ RELACIONADO AO PÚBLICO LGBTQIA+

Espantalhos dançarinos

Os amigos que Dorothy encontra pelo caminho, o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde, são alguns dos personagens mais famosos e queridos de O Mágico de Oz. Desejando um cérebro, o Espantalho (Ray Bolger), é inclusive o primeiro a se juntar a ela em sua caminhada. Bolger era um exímio dançarino, tanto que o personagem é introduzido no filme por meio de um número de dança

Espantalho Mágico de Oz
Divulgação/Warner Bros.

Pearl presta uma grande homenagem a esse icônico personagem. Quando a jovem está retornando para casa, ela acaba se deparando com uma plantação de milho supervisionada por um… espantalho. Claro que aqui ele não ganha vida nem deseja um cérebro. Contudo, as coisas tomam um rumo um pouco mais adulto quando Pearl começa a seduzir e dançar com o espantalho, culminando em um encontro sexual entre os dois.

Vale lembrar que no roteiro original de O Mágico de Oz existe uma cena ao final, a qual nunca foi filmada, em que Hunk, a contrapartida humana do Espantalho, está indo embora para frequentar a faculdade de agricultura e faz Dorothy prometer escrever para ele. A cena implicaria assim um futuro romance entre os dois e forneceria uma explicação para quando a menina se despede dos amigos em Oz e conta para o Espantalho que de todos, seria dele quem mais sentiria falta. Não precisamos nem comentar que Pearl leva essa ideia a outro nível, não é mesmo?

Pearl espantalho
Divulgação/A24

Bruxa má x Bruxa mãe

Enquanto Dorothy precisa enfrentar a ira da Bruxa Má do Oeste, que deseja a qualquer custo roubar os sapatinhos vermelhos da menina e vingar a morte da irmã, Pearl encontra-se em uma relação bastante tóxica com a própria mãe, Ruth. A Bruxa Má tenta impedir Dorothy de chegar até a Cidade de Esmeraldas e retornar para casa, já a mãe de Pearl controla a filha e desaprova qualquer tentativa de uma vida mais emocionante longe da fazenda.

Após descobrir que uma companhia local está realizando audições para um novo show itinerante, Pearl encontra a fuga que tanto sonhava. Infelizmente, quando sua mãe descobre seu plano e suas idas escondidas ao cinema da cidade, as duas iniciam uma acalorada discussão que culmina com Pearl empurrando a mãe na lareira da cozinha, o que incendeia seu vestido e a faz ficar em chamas. Na tentativa de apagar o fogo, a jovem joga água no corpo da mãe, levantando uma nuvem de fumaça no ar.

Parece familiar, não é mesmo? Em O Mágico de Oz, Dorothy tenta salvar o Espantalho das maldades da Bruxa Má, que incendia o pobre coitado. Ao jogar um balde de água em seu amigo, a jovem acidentalmente espirra o líquido na bruxa, que derrete e desaparece. Com certeza um desfecho bastante impactante para 1939. 

Diversos outros personagens de Pearl mimetizam perversamente O Mágico de Oz. É como se fossem espelhos distorcidos dos personagens criados por L. Frank Baum, pelo menos aos olhos de nossa protagonista. O projecionista do cinema com quem tem um caso amoroso, por exemplo, é visto por ela como um homem insensível e sem coração, ou seja, uma versão distorcida do Homem de Lata

De volta para casa

Ao final de O Mágico de Oz, Dorothy descobre que seus sapatinhos vermelhos sempre possuíram o poder de transportá-la de volta para casa. Ela apenas precisava descobrir isso sozinha. Em uma emocionante despedida dos novos amigos, a garotinha bate seus saltos três vezes repetindo “não existe lugar como nossa casa”. Magicamente ela volta para sua vida normal, acordando em sua cama no Kansas rodeada por entes queridos. 

sapatinhos o mágico de oz
Divulgação/Warner Bros.,

Pearl não possui os sapatinhos de Dorothy, mas sim um longo vestido vermelho, o qual tira do armário da mãe e veste para a tão cobiçada audição na companhia local. Infelizmente, ela não tem a mesma sorte que a protagonista de O Mágico de Oz e não consegue seu final feliz. 

Após não ser escolhida para o show itinerante, Pearl tenta fazer com que as coisas voltem ao normal. Infelizmente, já é tarde demais e bater três vezes os saltos dos sapatos não adianta muito no Texas. Isso não é uma grande surpresa. Por ser uma história de origem, já sabemos que a personagem vai ficar presa na fazenda por muitos e muitos anos. Ressentida, infeliz e sem viver a vida que merecia, ela vai descontar sua ira assassina em pessoas desavisadas que aparecem em sua propriedade.

Pearl
Divulgação/A24

Enquanto Dorothy embarca em uma aventura mágica pela estrada de tijolos amarelos e consegue retornar para o seio de sua querida família e amigos, Pearl embarca em uma espiral de loucura e assassinatos, deixando para trás uma estrada de tijolos banhados de sangue. Uma consegue voltar para casa, já a outra nunca consegue sair. Mais uma prova de que nem todos os contos de fadas possuem finais felizes

Os darksiders podem matar as saudades de Dorothy e seus amigos com O Mágico de Oz, que agora reside na casa da Caveira no selo Fábulas Dark, contando com duas capas muito especiais e ilustrações originais de William Wallace Denslow. Para aqueles que desejam ir além do arco-íris, sempre é possível revisitar a icônica Judy Garland na adaptação de 1939 dirigida por Victor Fleming.

Infelizmente, Pearl ainda não possui data de lançamento no Brasil. Enquanto aguardamos sua chegada nos cinemas brasileiros, podemos matar um pouco da vontade com X: A Marca da Morte, que chegou por aqui em agosto deste ano, e com o trailer do filme:

LEIA TAMBÉM: 6 MÚSICAS E VIDEOCLIPES INSPIRADOS EM O MÁGICO DE OZ

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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