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Mitomania: Conheça a Síndrome de Pinóquio

Quando mentir se torna uma doença

09/12/2022

Todos conhecem Pinóquio da clássica história de Carlo Collodi como um boneco de madeira que queria ser um menino de verdade. Mas uma das características mais marcantes do personagem é o seu nariz, que cresce sempre que ele conta uma mentira

LEIA TAMBÉM: PINÓQUIO: O FRANKENSTEIN DE MADEIRA

Infelizmente não há uma forma tão evidente de descobrir quando alguém está tentando nos enganar. Mas você sabia que mentir demais pode ser até um problema de saúde? É isso o que acontece com um distúrbio psicológico chamado mitomania.

O que é mitomania?

Mentir é um hábito comum a todas as pessoas. Inventamos histórias para escapar de compromissos, explicar algum atraso e até mesmo para impressionar e agradar os outros. Pesquisas apontam que ouvimos e falamos aproximadamente duzentas mentiras por dia. Algumas delas, embora eticamente erradas, chegam a ser inofensivas, enquanto outras causam sérios prejuízos e são criminosas.

A maioria das pessoas mente pontualmente e com alguma intenção, ou seja, não faz parte da nossa natureza, mas mentimos propositalmente, mesmo sabendo que isso é errado, para alcançarmos algum objetivo específico. Mas há casos em que o indivíduo conta mentiras de maneira compulsiva, criando um verdadeiro distanciamento da realidade.

Esse distúrbio psicológico é chamado de mitomania, também conhecida como síndrome de Pinóquio, justamente por causa do boneco de madeira e seu nariz denunciante. Outros nomes para a condição são mentira obsessivo-compulsiva, mentira patológica e pseudologia fantástica.

síndrome de pinóquio
Disney/reprodução

Quem sofre dessa condição é chamado de mitômano ou mentiroso patológico, uma pessoa que mente compulsivamente, desde as tais pequenas histórias “inofensivas” até contos mais mirabolantes e detalhados. Embora minta sem perceber, ele ainda utiliza a mentira de maneira consciente.

A mentira se torna tão frequente na vida dessas pessoas que isso chega a interferir na sua capacidade de julgar racionalmente uma situação. O mentiroso crônico se perde nas próprias mentiras e fica sem noção do que é real e o que são as histórias criadas em sua cabeça. No começo o hábito é quase imperceptível, mas quando se torna constante, passa a ser notado pelas pessoas que o cercam.

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Causas e principais sinais da Síndrome de Pinóquio

Embora não se conheçam os fatores decisivos que irão tornar alguém um mentiroso patológico, sabe-se que não se nasce com a Síndrome de Pinóquio, ela é desenvolvida com o tempo. Na maioria das vezes a pessoa começa a mentir por causa da baixa autoestima, insegurança, compensação ou pela simples necessidade de chamar a atenção.

Porém, se considerarmos que todo mundo conta uma lorota de vez em quando, como podemos diferenciar uma mentira de um quadro de mitomania? Além do hábito compulsivo, há algo que evidencia essa discrepância: normalmente ao contar uma mentira o indivíduo se sente culpado e tem medo de ser descoberto. Uma pessoa com mitomania não.

Os mitômanos entendem que a mentira é um comportamento natural, por isso, muitas vezes nem sentem remorso por fazer isso. Para eles, inventar a própria versão dos fatos é tão comum que em alguns casos chegam até a acreditar que o fruto da sua imaginação é real, em detrimento da realidade.

Isso se aplica a mentiras de todas as proporções. Até mesmo para fatos corriqueiros, os mentirosos patológicos “aumentam um ponto”. Para eles, falar a verdade é algo que causa desconforto e estranheza.

novo pinóquio da disney
Disney/reprodução

Atente-se aos seguintes sinais para identificar alguém com a tal síndrome de Pinóquio:

Ausência de culpa ou de medo de descobrirem a verdade por trás de suas mentiras;

Excesso de emoções, sejam elas felicidade ou tristeza, ao contar suas histórias;

– Histórias elaboradas e detalhadas demais sem necessidade;

Respostas muito elaboradas para perguntas simples;

Descrição excessiva para fatos corriqueiros;

– Tendência a se posicionar como vítima ou herói;

– Existência de diversas versões para uma mesma história.

Existe cura para a Síndrome de Pinóquio?

Na maioria dos casos, são as pessoas no entorno do mitômano que percebem o descontrole das mentiras, que podem ter um custo social alto para esses pacientes, com o afastamento de pessoas queridas. Em alguns casos, a compulsão pela mentira pode resultar na perda do emprego e da renda.

O tratamento é bem complicado, porque a maioria dos mentirosos patológicos não se considera doente. Além disso, a própria abordagem do psicólogo pode ser delicada, uma vez que o excesso de mentiras do paciente irá prejudicar a obtenção de informações para orientar o tratamento.

Na maioria dos casos, a terapia cognitiva é o tratamento mais adequado, com sessões em que o paciente irá refazer o caminho da mentira, revertendo o funcionamento inadequado do cérebro, que já está acostumado a essas fantasias. Quando há cooperação entre o paciente e o terapeuta, e os motivos da compulsão conseguem ser identificados e o profissional poderá auxiliar com um repertório de enfrentamento, formas de tolerar a frustração que desencadeou a mentira, fortalecimento de autoestima, além de desenvolver estratégias para minimizar o comportamento de mentir.

A mentira pode não fazer o nariz crescer, mas ela sempre tem perna curta e a verdade acaba vindo à tona. Ninguém quer ser conhecido como o Pinóquio do grupo, não é mesmo? Melhor deixá-lo na ficção dos livros e dos filmes.

Pinóquio

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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1 Comentário

  • Lira Miranda

    27 de fevereiro de 2024 às 08:39

    Obrigado por essa explicação sobre a Síndrome de Pinoquio, não sabia que existe esse problema de saúde, mas conheço uma pessoa muito familiar, que sofre disso há muitos anos, e achávamos que era algum tipo de sociologia, sua explanação me fez ver a pessoa, e creio que interiormente ela deve sofrer também, mesmo que acredite no que diz…Muito Grata!!!

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