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O Corvo: Dos quadrinhos ao cinema

Graphic novel de James O'Barr se prepara para voltar às telonas

22/03/2024

Existem histórias que nascem da dor. Narrativas que surgem como formas de lidarmos com a morte, a culpa, a perda e todas as outras dores que enfrentamos ao longo da vida. Entre tantas obras que simbolizam isso, uma das mais marcantes com certeza é a graphic novel de James O’Barr, O Corvo.

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Criada a partir de uma tragédia na vida do autor, a história de Eric Draven, um desafortunado jovem que volta dos mortos em busca de vingança pelo assassinato de sua noiva, conquistou os fãs com sua mensagem sensível e aura melancólica. A fama da obra aumentou ainda mais em 1994, quando foi adaptada para o cinema em um filme protagonizado por Brandon Lee. Infelizmente, a trágica história de Eric Draven deu espaço para outra tragédia quando Lee foi acidentalmente morto durante as filmagens, em uma série de eventos que culminaram em um dos maiores acidentes da história de Hollywood. 

Surpreendentemente, esta tragédia da vida real não acabou com o legado de O Corvo. Pelo contrário. Desde o seu lançamento em 1994, o filme continua conquistando gerações de fãs, mantendo viva a memória de Lee e o interesse na graphic novel de O’Barr. O sucesso da adaptação levou à criação de mais três longas e uma série de televisão, com um novo filme em 2024. Previsto para 7 de junho deste ano, o reboot de O Corvo, que quase virou lenda urbana devido ao complicado processo de produção, traz Bill Skarsgård no papel que um dia pertenceu à Brandon Lee.

o corvo

Enquanto esperamos pelo retorno de Eric, a Caveira preparou uma retrospectiva para você relembrar os quadrinhos e todos os outros longas inspirados nessa trágica história. 

Ninguém morre enquanto for amado: a obra de James O’Barr

A história de O Corvo começa na década de 1970 quando James O’Barr passou por uma terrível tragédia. Aos 18 anos, sua noiva foi morta em um acidente de carro causado por um motorista embriagado. Alguns anos depois, em 1981, O’Barr começou a trabalhar na série de quadrinhos como uma forma de lidar com a dor e a culpa. Segundo o autor, tratava-se de um projeto puramente pessoal, não importando se seria publicado ou não.

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Eis que a obra acabou na prateleira e foi só em 1989 que uma editora publicou a jornada de Eric Draven de forma serializada. Você provavelmente já conhece a história de O Corvo, mas vale relembrar: os quadrinhos contam a jornada de Eric, que depois de ter sido brutalmente assassinado junto de sua noiva, Shelly, volta dos mortos em busca de vingança contra a gangue que interrompeu seus sonhos. Acompanhado por um corvo sobrenatural, ele se transforma em um anjo vingador, implacável e indestrutível, que metodicamente persegue e mata seus assassinos, enquanto sofre copiosamente pela ausência da amada. 

o corvo

As artes em preto e branco, o visual remetendo a estrelas de rock dos anos 1980, as citações musicais, a estética pós-punk, assim como os diálogos poéticos, que alternam entre o mórbido e o humor autodestrutivo, auxiliaram na criação de uma história que cativou leitores no mundo todo. Era questão de tempo até O Corvo ser levado para os cinemas.

Não pode chover o tempo todo: o Corvo de Brandon Lee

Em 1993, mesmo ano em que os quadrinhos foram reunidos em um único volume, os produtores Jeff Most e Ed Pressman compraram os direitos da história e começaram a procurar alguém que pudesse interpretar Eric nos cinemas. Inicialmente foram cogitados nomes famosos na época, como River Phoenix e Christian Slater. No entanto, logo surgiu outro nome: Brandon Lee, filho do ícone das artes marciais, Bruce Lee.

Bastante envolvido com o projeto, O’Barr se mostrou cético em relação a Lee, sentindo que o ator não era adequado ao personagem. No entanto, o jovem de 28 anos, que buscava desvencilhar da fama do pai, conquistou o quadrinista logo de cara e recebeu o papel de Eric Draven. Muitos anos depois, O’Barr comentou que foi conversando e convivendo com Lee no set de filmagens que ele finalmente sentiu a tão sonhada catarse em relação aos eventos trágicos do passado

o corvo

Com o diretor Alex Proyas no comando, as filmagens de O Corvo iniciaram em fevereiro de 1993, programadas para se estenderem por 54 dias. Contudo, em 31 de março, a adaptação cinematográfica mergulhou em uma tragédia. Ao gravar a cena inicial em que Eric era morto, Lee foi acidentalmente baleado por uma arma de fogo mal preparada, que disparou detritos acumulados e o acertou no estômago. Depois de ser levado às pressas para o hospital e passar por seis horas de cirurgia, o ator foi declarado morto. Para deixar tudo ainda mais trágico, Lee estava noivo e iria se casar uma semana após o fim das filmagens.  

Mesmo com a maioria das cenas do ator já filmadas, o filme entrou no limbo, já que o próprio diretor queria abandonar o projeto. Enquanto os produtores deliberavam, a Paramount, que estava interessada na distribuição, pulou fora. A Miramax assumiu o projeto, que recebeu então o aval da mãe e da noiva do protagonista, Linda Lee e Eliza Hutton, que pediram que o filme fosse finalizado e lançado como um testamento do ator

Como grande parte do filme estava pronta, a produção foi retomada e uma parte do roteiro foi reescrita, com adição de novas cenas. Para completar a participação de Brandon Lee, os dublês Chad Stahelski (que posteriormente dirigiria John Wick) e Jeff Cadiente entraram como substitutos, com efeitos especiais sendo utilizados para inserir os traços de Lee nos atores. O início do filme foi reescrito e a cena do apartamento refeita por meio de computação gráfica. Outra alteração envolveu um personagem dos quadrinhos chamado Skull Cowboy. O guia entre os mundos dos mortos e vivos já estava com suas cenas filmadas, sendo interpretado por Michael Berryman, mas acabou cortado na versão final. 

o corvo

O Corvo chegou aos cinemas em maio de 1994 e foi uma grata surpresa nas bilheterias. Parte da atenção veio do acidente nos bastidores, mas logo surgiram críticas positivas que elogiaram o estilo visual, a narrativa atmosférica e o desempenho de Brandon Lee

Amplificando a atmosfera sombria e os cenários urbanos góticos, o filme segue a mesma história criada por O’Barr, trazendo algumas alterações. O sargento Albrecht, interpretado por Ernie Hudson, por exemplo, é uma combinação de dois personagens dos quadrinhos, enquanto Top Dollar ganha no filme o papel de grande vilão, com direito a um confronto final épico. Os motivos para os assassinatos de Eric e Shelley também diferem e a personagem Sarah (Sherry, nos quadrinhos) ganha uma história afetiva com o casal assassinado. De qualquer forma, ambas as obras abordam magistralmente temas como luto, vingança, amor e redenção, causando um impacto duradouro nos leitores que se aventuram por essa história. 

Quando a morte não é o fim: as sequências

Em 1996, dois anos após o lançamento do filme, a editora Kitchen Sink Press lançou a primeira de uma série de novas histórias com diferentes personagens assumindo o manto do “Corvo”. Entre eles um indígena americano de 1860, uma agente de Conservação Federal e um homem tentando salvar as filhas da máfia chinesa. 

Mas essas não foram as únicas sequências da obra de James O’Barr. O sucesso do filme fez com que logo surgissem planos para um novo longa, O Corvo: A Cidade dos Anjos. David S. Goyer, que posteriormente escreveu adaptações de quadrinhos como Blade e Batman Begins, foi contratado para trabalhar no roteiro e Tim Pope, conhecido por videoclipes de bandas como The Cure, entrou como diretor. A dupla desejava fazer uma sequência bastante diferente do filme original, no entanto a Miramax insistiu que o longa fosse o mais parecido possível com O Corvo de 1994. 

cidade dos anjos

O ator Vincent Perez foi então escalado para viver o protagonista, Ashe Corven, um mecânico assassinado junto com o filho de oito anos após testemunhar os crimes de uma gangue. O resto a gente já sabe: movido pela dor e vingança, Ashe é ressuscitado por um corvo e volta para o acerto de contas. O Corvo: A Cidade dos Anjos também trouxe o cantor Iggy Pop como um dos vilões e a volta da personagem Sarah.  O filme foi um fracasso de críticas e bilheteria, o que fez com que as seguintes sequências fossem lançadas direto para o mercado de home vídeo. 

Em 1998, o produtor Edward R. Pressman resolveu levar a história para a televisão na série canadense The Crow: Stairway to Heaven. O enredo retornava a Eric Draven, interpretado pelo artista marcial Mark Dacascos, e sua busca por vingança. A série durou uma temporada com 22 episódios, até ser cancelada em 1999. Em uma sinistra coincidência, Stairway to Heaven também teve seu momento trágico: durante as filmagens, o dublê Marc Akerstream foi atingido fatalmente por detritos resultantes de uma explosão controlada no set. 

o corvo stairway to heaven

Mais sequências: A Salvação & Vingança Maldita

Em 2000, a Miramax decidiu lançar o terceiro filme de O Corvo direto para o vídeo, após uma desastrosa exibição limitada nos cinemas. O Corvo III: A Salvação trouxe Eric Mabius como o protagonista, Alex Corvis, um homem injustamente condenado e executado pelo assassinato da namorada. De volta à vida, ele parte em busca de vingança, auxiliado pela antiga cunhada, interpretada por Kirsten Dunst. 

o corvo a salvação

Como se não fosse suficiente, em 2005 o estúdio distribuiu mais um filme direto para o vídeo, O Corvo: Vingança Maldita. Quem assumiu o manto foi Edward Furlong, de O Exterminador do Futuro II, que interpretou Jimmy Cuervo (pois é!!), um homem assassinado junto da namorada em um ritual satânico. No elenco ainda constavam nomes famosos como David Boreanaz, Tara Reid, Danny Trejo e Dennis Hopper. Mesmo com um elenco desses, o filme não escapou de ser uma bomba. 

Filmes cancelados, reboots e a volta de O Corvo em 2024

Além das sequências mal recebidas, a franquia de O Corvo ficou conhecida por sua instabilidade. Em 1997, por exemplo, foi anunciado um terceiro filme que seria dirigido por Rob Zombie. Intitulado de O Corvo: 2037, o filme nunca saiu do papel, mas Zombie comentou que planejava se aproximar mais do terror. Já em 2000, o rapper DMX discutiu as possibilidades de um quarto filme, O Corvo: Lazarus, que nunca aconteceu. 

Eis que em 2008, o diretor de Blade, Stephen Norrington anunciou sua intenção em reinventar O Corvo. Em 2009, foram iniciadas negociações para o financiamento da produção, com boatos de que o papel principal teria sido oferecido a Mark Wahlberg. No entanto, em 2011, Norrington abandonou o projeto, sendo substituído por Juan Carlos Fresnadillo, de Extermínio 2. A partir disso, iniciou-se uma grande dança de cadeiras em que nomes eram anexados e excluídos em uma velocidade tão impressionante que ficou difícil acompanhar tudo. 

Com idas e vindas, o projeto se tornou quase uma lenda urbana. Vários nomes foram associados ao papel de Eric Draven, entre eles Bradley Cooper, Luke Evans, Channing Tatum, James McAvoy, Ryan Gosling e Nicholas Hoult. Quando parecia que o filme nunca iria acontecer, as esperanças foram revividas em 2016 quando o diretor Corin Hardy e o ator Jason Momoa foram anunciados no projeto. O filme seria distribuído pela Sony Pictures com previsão para outubro de 2019. No entanto, em 2018 Hardy e Momoa também abandonaram a produção. 

Eis que finalmente em 2020, o filme foi retomado quando Rupert Sanders, responsável por Branca de Neve e O Caçador (2012) e Ghost in the Shell (2017) foi anunciado como diretor. Em abril de 2022, Bill Skarsgård, conhecido pelo palhaço Pennywise em It – A Coisa (2017), foi escalado para o papel principal. 

o corvo

Sanders comentou que o objetivo nesse reboot era partir dos quadrinhos de O’Barr para criar algo diferente da adaptação de 1994, focando em temas como tristeza, moralidade e melancolia para entregar um “romance sombrio”. O cineasta chegou a comparar o tom do filme a uma canção de The Cure, citando a beleza e melancolia que residem na história. Sanders também afirmou que o roteiro honraria o legado de Brandon Lee, de forma que Skarsgård seria seu “sucessor”. 

As filmagens começaram em julho de 2022 na República Tcheca e outros nomes foram escalados em papéis ainda não revelados, como Danny Huston, Sami Bouajila, Laura Birn e Jordan Bolger. Em setembro, as filmagens foram encerradas e em novembro do mesmo ano a pós-produção estava oficialmente finalizada. 

No novo filme de O Corvo, Eric Draven (Skarsgård) e Shelly Webster (FKA Twigs) são um casal apaixonado que é brutalmente assassinado quando demônios do passado os alcançam. Eric então sai em busca de uma vingança impiedosa, atravessando as fronteiras entre os mundos dos vivos e dos mortos para consertar as coisas. A executiva da Lionsgate, Charlotte Koh, afirmou que o filme vai oferecer uma reinterpretação autêntica e visceral da história, emanando seu poder emocional e sua mitologia. Os produtores também afirmaram que a adaptação irá respeitar o legado do filme original, trazendo novas dimensões e uma visão contemporânea.  

o corvo

O reboot será lançado nos cinemas brasileiros em 6 de junho de 2024 e o visual de Skarsgård já divide opiniões nas redes sociais. Enquanto muitos internautas o compararam ao Coringa de Jared Leto em Esquadrão Suicida (2016) e criticaram o novo look do protagonista, outros apontaram que o visual simbolizava uma atualização da história. O próprio Rupert Sanders afirmou que a inspiração para a nova caracterização é uma mistura dos anos 1990 com rappers atuais, visando à identificação de um público mais jovem. No entanto, o diretor do filme original, Alex Proyas, que sempre foi contrário à uma refilmagem, utilizou suas redes sociais para alfinetar o visual do protagonista, afirmando que “Eric estava tendo um dia de cabelo ruim”

Tire suas conclusões assistindo ao trailer:

A história original que cativou leitores ao redor do planeta e se destacou como uma potência estilística, poética e emocional foi publicada pela DarkSide®. O Corvo – Edição Definitiva não apenas traz os quadrinhos de James O’Barr, como também apresenta artes inéditas, uma sequência descartada e uma introdução inédita do autor. 

Ler esta edição é celebrar o legado de uma verdadeira obra-prima e de um amor que não tem fim. Afinal: “se as pessoas que amamos são roubadas de nós, a maneira de mantê-las vivas é nunca parar de amá-las. Prédios são queimados, pessoas são mortas, mas o amor verdadeiro é para sempre.”

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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