Darkside • Filmes

O que é real e o que é ficção nos filmes do casal Warren

Às vezes a realidade assusta mais do que a ficção

07/09/2021

Muitas vezes os caracteres no início dos filmes que dizem “baseado em eventos reais” assustam mais do que a produção em si. Na maioria dos longas inspirados em casos investigados pelo casal Ed e Lorraine Warren estes avisos aparecem, mas isso também não significa que tudo o que será assistido a seguir realmente aconteceu.

Ocorre nos livros, nas séries e nos filmes: até mesmo tramas que se propõem a mostrar eventos reais possuem algumas doses de ficção. Afinal, ainda estamos falando de uma indústria que precisa despertar o interesse do público e lucrar. Então, por que não dar uma esquentada nas coisas, não é mesmo?

Licenças poéticas são absolutamente comuns neste tipo de produção, até porque ainda estamos lidando com tramas de ficção e não com documentários. Até mesmo obras mais biográficas, como A Teoria de Tudo, O Jogo da Imitação e a série The Crown se valem da criatividade de roteiristas para deixar a história mais interessante.

No terror não é diferente. A maioria dos casos explorados nos filmes do universo de Ed & Lorraine Warren realmente ocorreram. Com doses de criatividade de roteiristas, em maior ou menor grau, alguns filmes são bem próximos da realidade enquanto outros aproveitam apenas um ou outro elemento.

A Caveira investigou o que realmente aconteceu e o que é ficção nestes filmes. Preparado?

Annabelle

Créditos: © 2019 Warner Bros. Entertainment Inc.

Real: sim, existe uma boneca diabólica que supostamente foi possuída pelo espírito de uma menina chamada Annabelle (ou por algo muito mais maligno). Ela pertencia a uma jovem enfermeira, que testemunhou acontecimentos estranhos com sua colega de apartamento: Annabelle mudava de posição e até mesmo de cômodo sozinha e deixava bilhetes com pedidos de socorro. O namorado da enfermeira afirmou que a boneca tentou estrangulá-lo. Annabelle permanece até hoje em uma caixa de vidro no museu do casal.

Ficção: praticamente todo o resto foi inventado por roteiristas. Começando pela aparência da boneca, que é bem menos assustadora na vida real. Fora os eventos com a enfermeira, todos os outros plots que envolvem Annabelle foram escritos para os filmes, incluindo sua origem: ela não foi feita artesanalmente por um fabricante autônomo. A boneca de pano era fabricada pela Knickerbocker Toys, baseada na personagem de um livro infantil, e era bem popular nos anos 1960 e 1970.

Invocação do Mal

Créditos: Michael Tackett – © 2013 Warner Bros. Entertainment Inc.

Real: existiu mesmo uma família Perron que morou em uma casa mal-assombrada em Rhode Island e que recorreu à ajuda dos Warren. O histórico da casa retratado no filme Invocação do Mal também tem muitos pontos verdadeiros, como o fato de gerações da mesma família terem vivido e morrido ali – em alguns casos, de forma trágica. Isso fez com que a casa realmente estivesse infestada de espíritos, que começaram a agir de forma benigna, mas que logo se tornaram uma ameaça para o casal e suas filhas, de acordo com relatos dos próprios e também do casal Warren. Ah! E existiu mesmo uma mulher chamada Bathsheba Sherman que morou na residência.

Ficção: apesar de a própria Lorraine ter levantado a possibilidade de Bathsheba ser uma bruxa, não há qualquer evidência de que isso fosse verdade. Havia algumas especulações na época, mas nunca passou disso – e se pararmos pra pensar em tudo o que era motivo para uma mulher ser acusada de bruxaria naquela época, é bem provável que não passassem de rumores mesmo. Como o túmulo da verdadeira Bathsheba Sherman fica no terreno de uma igreja, é pouco provável que um padre teria permitido isso se ela fosse bruxa. Outra coisa que é ficção neste filme é o sucesso do exorcismo dos Warren. Aliás, eles nem chegaram a fazer o exorcismo, apenas uma sessão espírita para se comunicar com os espíritos. Segundo a família Perron, a intervenção só tornou tudo pior e eles acreditam ser assombrados por Bathsheba até hoje.

Invocação do Mal 2

Créditos: © 2016 Warner Bros. Entertainment Inc. and Ratpack-Dune Entertainment LLC.

Real: o casal Warren realmente investigou o caso do poltergeist de Enfield. Os relatos de levitação e móveis se movendo sozinhos chegaram aos jornais na época e mais de trinta pessoas relataram eventos semelhantes na casa – apesar de muitos ainda acreditarem se tratar de uma farsa orquestrada pelas jovens Janet e Margaret.

Ficção: o envolvimento de Ed e Lorraine Warren é superestimado em Invocação do Mal 2. No filme, eles estavam bem investidos no caso, performando o exorcismo do demônio Valak e investigando o fantasma de Bill Wilkins. Porém, a verdade é que o caso já tinha se tornado conhecido muito antes da chegada deles e já estava sendo investigado por outras pessoas. Um dos pesquisadores paranormais envolvidos no caso disse que os Warren apareceram sem aviso e permaneceram no caso por apenas um dia.

A Freira

Créditos: Cos Aelenei – © 2017 Warner Bros. Entertainment Inc

Real: apenas o fato de que Lorraine se sentia perseguida por uma força maligna, como ocorre em Invocação do Mal 2, era verdade.

Ficção: a força maligna não era causada por um demônio chamado Valek e muito menos assumia a forma de uma freira. Apesar de começar com os dizeres de “baseado em uma história real”, o filme é quase completamente fictício. Há registros de um demônio chamado Valek, mas ele não tem nada a ver com freiras.

Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

Créditos: © 2021 Warner Bros. Entertainment Inc.

Real: o assassinato causado por Arne Johnson aconteceu mesmo e a defesa tentou mesmo argumentar possessão demoníaca no tribulal. É verdade ainda que um pouco antes do homicídio os Warren performaram um exorcismo no irmão da namorada de Arne e que acreditavam que o demônio pudesse ter migrado para o corpo do jovem. O fato de Johson ter sido encontrado perambulando coberto de sangue e sem lembrança do assassinato também é fiel à realidade.

Ficção: a própria sequência da morte de Bruno (na verdade chamado Alan Bono) não ocorreu exatamente daquela forma. Na realidade, não era apenas a vítima que estava embriagada naquele momento, Arne Johnson também estava. A morte não ocorreu dentro do canil apenas com Arne, Debbie e Bono, mas sim no jardim após Alan Bono ter se recusado a soltar a prima de Debbie, de apenas 9 anos. A defesa do acusado apenas tentou alegar possessão demoníaca, mas o juiz nem deixou que o advogado prosseguisse com este argumento. Além disso, toda a parte envolvendo um culto satânico e um artefato enterrado no quarto do irmão de Debbie é fictícia.

Conheça detalhes dos casos investigados pelo casal nos livros: Ed & Lorraine Warren: Lugar Sombrio, Ed & Lorraine Warren: Demonologistas e Ed & Lorraine Warren: Vidas Eternas.