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Richard Gordon Smith: De naturalista a colecionador de lendas japonesas

Conheça o autor de Clássicos Japoneses Sobrenaturais

21/06/2023

Ter contato com culturas diferentes é uma das experiências preferidas de todo viajante. Se isso já é verdade nos dias de hoje, imagine no início do século XX, quando não havia internet e as culturas locais eram mais bem preservadas. Foi este fascínio que ampliou as possibilidades de Richard Gordon Smith.

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O autor de Clássicos Japoneses Sobrenaturais era um britânico que trabalhava como naturalista, catalogando e por vezes descobrindo espécies em todo o mundo. Foi em sua viagem ao Japão em 1898 que o fez enxergar através da paisagem: além de coletar amostras da fauna e da flora local, ele ficou encantado com as lendas e relatos locais. Diante disso, Smith começou a pesquisar e coletar histórias perturbadoras enquanto percorria o país. 

Naquela época o Japão ainda estava relativamente isolado do resto do mundo, após um período de 200 anos do xogunato Tokugawa. Os portos do país tinham sido reabertos para o comércio exterior em 1858, apenas quarenta anos antes da chegada de Gordon Smith. Durante estes dois séculos o país se desenvolveu praticamente sem influência estrangeira, o que contribuiu para uma arte e cultura singulares — algo que chamou a atenção do naturalista.

classicos japoneses sobrenaturais

Quem foi Richard Gordon Smith

Nascido em 1858 — coincidentemente o ano da reabertura dos portos japoneses — Richard Gordon Smith foi um naturalista britânico que sempre gostou de viajar. Seu trabalho consistia em coletar animais e plantas que eram enviados ao Museu Britânico. Muitos eram novos para a ciência e foram nomeados em sua homenagem. Gordon Smith chegou a receber a Ordem do Sol Nascente, uma importante condecoração japonesa, em reconhecimento à excepcionalidade de seu trabalho no país.

Suas viagens também tinham motivações esportivas

Richard Gordon Smith era um esportista que gostava de viajar pelo mundo e praticar atividades como caça, pesca e trawling (um tipo de pesca com redes). Ele visitou países como França, Noruega e Canadá em seus primeiros anos. O interesse por esportes veio da família de sua mãe, Annie Lawrence de Cheltenham. 

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Decidiu viajar o mundo após se separar

As viagens já faziam parte da vida de Gordon Smith desde jovem, mas em 1897 ele decidiu deixar sua esposa para fazer isso. Historiadores dizem que ele não suportava mais a vida conjugal e largou tudo após dezoito anos de matrimônio. O pedido oficial de separação partiu da esposa em 1910, o que comprometeu a vida financeira do naturalista nos seus últimos anos de vida.

Espécies identificadas por Richard Gordon Smith

O autor de Clássicos Japoneses Sobrenaturais catalogou diversas espécies enquanto naturalista. Ele coletou animais e plantas, que ele enviou para o Museu Britânico e colaborou com os estudos de biodiversidade do Japão e de outras localidades. Algumas delas são:

Aglaia smithii: uma árvore da família Meliaceae, encontrada na Malásia e Indonésia.

Ahnfeltiopsis smithii: uma alga vermelha da família Ahnfeltiaceae, encontrada no Japão.

Anas smithii: um pato da família Anatidae, encontrado na África do Sul.

pato descoberto por Richard Gordon Smith
Wikimedia Commons/Reprodução

Bathyraja smithii: uma arraia da família Arhynchobatidae, encontrada no Atlântico Sul.

Spirobranchus smithii: um peixe da família Anabantidae, encontrado na Ásia e Oceania.

Craseomys smithii: um roedor da família Cricetidae, encontrado no Japão.

Como ele coletou as histórias de Clássicos Japoneses Sobrenaturais

Gordon Smith tinha o hábito de escrever diários ilustrados em suas viagens. Foi através deles que ele começou a transcrever contos e mitos tradicionais japoneses quando morava em Kyoto, no final de 1905. O naturalista se interessava pela cultura e pela religião do Japão, e queria preservar as histórias que ele ouvia dos locais. Com isso, publicou em 1908 sua obra Clássicos Japoneses Sobrenaturais, que contém 57 histórias divididas em 12 categorias, como fantasmas, samurais, amor, vingança, entre outras. As histórias foram coletadas com a ajuda de um intérprete chamado Yuki Egawa, a quem ele agradece no prefácio do livro.

classicos japoneses sobrenaturais

Dos diários para uma coleção de lendas

Richard Gordon Smith conta no prefácio que manteve seus diários de viagens ao longo de vinte anos, sendo que os últimos nove foram praticamente dedicados aos achados no Japão. Ele levou cerca de três anos para concluir sua pesquisa sobre as histórias folclóricas do país, tendo começado a transcrever os contos e mitos de seus diários em 1905, quando ele voltou para Kyoto depois de viajar para a Inglaterra. O naturalista continuou esse trabalho até 1908, quando publicou Clássicos Japoneses Sobrenaturais. Ele tentou preservar o estilo e o espírito das histórias originais, mas também acrescentou seus próprios comentários e interpretações.

O livro não foi bem recebido no seu lançamento original

Infelizmente, o livro não foi recebido com muito interesse na Grã-Bretanha na época de seu lançamento. Talvez porque as histórias fossem muito diferentes das que os leitores britânicos estavam acostumados, ou porque elas refletiam a visão pessoal de Smith sobre o Japão. Hoje sabemos que o livro é um registro valioso da tradição oral japonesa que pode ter se perdido com o tempo. Ele mostra a riqueza e a diversidade da cultura japonesa, e também a influência do budismo, do xintoísmo e do confucionismo nas crenças e valores do povo e também em autores contemporâneos tão queridos dos DarkSiders, como Junji Ito e Nagabe. Uma verdadeira joia da cultura japonesa.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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