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Vítima: O que foram os crimes do Hi-Fi

Conheça a história que deu origem ao livro de Gary Kinder

02/03/2023

ALERTA DA CAVEIRA: Esse post contém conteúdo gráfico sobre episódios de violência e pode causar gatilhos

Na noite de 22 de abril de 1974, o adolescente Byron Cortney Naisbitt entrou na loja Hi-Fi, que estava quase fechando, para agradecer ao atendente Stanley por ter deixado que ele usasse uma das vagas da loja para estacionar seu carro enquanto resolvia assuntos em outro lugar. O que Cortney não sabia é que essa simples tentativa de agradecimento custaria a vida de sua mãe e comprometeria a sua integridade física e mental para o resto de sua vida.

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Cortney Nasbitt é o personagem principal do livro Vítima: O Outro Lado do Assassinato, escrito por Gary Kinder. A obra se tornou obrigatória na formação de agentes do FBI e é pioneira em retratar o ponto de vista de uma das vítimas, ao contrário do foco nos criminosos.

vítima

Como se desenrolaram os crimes do Hi-Fi

Dois funcionários da Hi-Fi, loja de eletrônicos na cidade de Ogden, no estado de Utah, estavam prestes a fechar o expediente quando quatro homens armados entraram no estabelecimento e anunciaram o assalto — outros dois permaneceram no veículo para agilizar a fuga. Os funcionários eram Stanley Orren Walker, de 20 anos, e Sherry Michelle Ansley, de 18 anos, que trabalhava no local há apenas uma semana e tinha planos de se casar em breve.

Mas em vez de apenas levarem os itens da loja, os bandidos amarraram e prenderam Stanley e Sherry no porão, mantendo-os reféns. Nesse meio-tempo, começaram a carregar a van em que chegaram com os itens roubados, como aparelhos de som. Foi então que Cortney chegou para agradecer Stanley por emprestar a vaga de estacionamento — e acabou sendo feito refém também.

Algumas horas se passaram e Orren William Walker, pai de Stanley, ficou preocupado que o filho não havia chegado em casa e foi procurá-lo na loja. Carol Elaine Naisbitt, mãe de Cortney, também ficou preocupada com a demora do filho e foi atrás dele. Ambos acabaram se tornando reféns dos criminosos.

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Tortura e morte

Com os cinco reféns confinados ao porão, os criminosos trouxeram um frasco envolto em um saco de papel. Eles disseram às vítimas que era vodca com pílulas para dormir, para que eles “apagassem” durante a fuga. Porém, o verdadeiro conteúdo do recipiente era Drano, um produto utilizado para desentupir ralos.

Esse se mostrou um método de assassinato lento e doloroso para as vítimas. A ingestão do produto instantaneamente causou bolhas nos lábios das vítimas, queimou suas línguas e gargantas e esfolou a carne ao redor de suas bocas. Orren foi o último a receber a substância e conseguiu cuspir boa parte do Drano e imitou os gritos e convulsões dos demais, para que os bandidos pensassem que ele também estava sendo intoxicado.

Um dos assassinos se irritou com a demora das mortes e começou a atirar nos reféns. Ansley ainda foi abusada sexualmente por um dos assaltantes, que em seguida também a matou com um tiro atrás da cabeça.

Quando perceberam que Orren ainda estava vivo, tentaram estrangulá-lo com um arame e, como não conseguiram, inseriram uma caneta pelo ouvido dele, que estourou o tímpano da vítima e saiu pela garganta. Depois disso, os assassinos fugiram na van.

loja hi-fi
Imagem: The real people and real times of Layton/Reprodução

A descoberta do crime e a captura dos assassinos

As vítimas foram encontradas quase três horas depois, quando a esposa e o outro filho de Orren foram à loja procurarem por ele e por Stanley. Orren, Cortney e Carol ainda estavam vivos naquele momento, porém ela faleceu assim que chegou ao hospital. 

Os pertences das vítimas foram encontrados em contêineres de lixo próximos a uma base da força aérea por dois adolescentes. Quando a polícia chegou ao local para coletar as evidências, uma multidão se formou ao redor. Três homens apresentaram um comportamento inquieto e chamaram a atenção da polícia. Eram justamente os criminosos: Dale Selby Pierre, William Andrews e Keith Leon Roberts. 

crimes do hi-fi
Standard Examiner/Reprodução

Os três foram indiciados por homicídio e roubo. Pierre e Andrews foram condenados de todas as acusações à pena de morte, e Roberts levou apenas a sentença de roubo porque ficou o tempo inteiro aguardando na van e alegou não saber dos assassinatos. Pierre foi executado em 1987, Andrews em 1992 e Roberts ficou preso até receber liberdade condicional em 1987. Ele cometeu suicídio em 1992, próximo à data de execução de Andrews.

Um crime que também acabou com a vida dos sobreviventes

Orren e Cortney foram as únicas vítimas sobreviventes do massacre do Hi-Fi, mas suas vidas foram profundamente abaladas desde então. Orren ficou com graves queimaduras na boca e no queixo e danos permanentes na sua audição, por conta da perfuração do ouvido.

vitimas crimes do hi-fi
Imagem: Find A Grave/Reprodução

Quando as vítimas chegaram ao hospital, não se esperava que Cortney Naisbitt fosse sobreviver. Ele ficou hospitalizado por 266 dias e somente conseguiu retornar à escola mais de um ano após os crimes, conseguindo se formar no ensino médio.

Porém, Cortney teve uma vida muito difícil desde então. Além de ter perdido a mãe de uma maneira traumática, ficou com graves problemas de amnésia pelo resto da vida, o que o impossibilitou de testemunhar no julgamento dos criminosos. Por causa dos problemas de memória, ele também não conseguiu dar continuidade nos estudos no ensino superior e não conseguia se manter em qualquer emprego. Cortney também sofreu com fortes dores crônicas pelo resto de sua vida.

O ponto de vista das vítimas

Em Vítima: O Outro Lado do Assassinato, Gary Kinder conta principalmente a história de Cortney e da família Naisbitt. O autor levou vários anos para escrever a obra, em parte porque o foco da obra mudou ao longo de sua produção.

Originalmente, Kinder iria escrever a partir dos relatos de um dos assassinos, Dale Selby Pierre. Quando soube disso, Byron Naisbitt, pai de Cortney, encontrou-se com o escritor, chateado com a exposição do caso e com o ângulo da narrativa. Na conversa, Kinder o convenceu da importância de contar o relato do ponto de vista das vítimas. Naisbitt concordou e acabou se tornando a principal fonte para o livro.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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