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Por que Frankenstein é chamado de Prometeu moderno?

Desvende a mensagem por trás do clássico de Mary Shelley

05/04/2023

Frankenstein é um marco da literatura de terror e de ficção científico. Publicado há mais de 200 anos, o romance de Mary Shelley é uma história de monstros, tanto humanos quanto inumanos, que continua a cativar leitores através das gerações.

Mary Shelley tinha apenas 18 anos quando foi desafiada por Lord Byron a escrever um conto de terror que daria origem à sua obra mais aclamada. O livro foi publicado pela primeira vez em 1º de janeiro de 1818, quando a autora tinha 20 anos, sob o título Frankenstein ou O Prometeu Moderno. A obra, no entanto, foi editada anonimamente porque era bem incomum que mulheres escrevessem esse tipo de história na época.

Filha dos intelectuais Mary Wollstonecraft e William Godwin, Mary Shelley cresceu em um ambiente repleto de incentivos literários, o que contribuiu com o seu forte interesse pela ciência, como podemos observar em Mulheres Extraordinárias: As Criadoras e a Criatura. Essa inclinação, em especial o método de galvanização, motivou-a a escrever um livro que, apesar das influências góticas e do Romantismo, é considerado a primeira obra de ficção científica.

Dentre suas influências literárias, uma que se destaca é Paraíso Perdido, de John Milton. Ela também se inspirou em experiências pessoais, principalmente a morte precoce da mãe, em acontecimentos da época, como a Revolução Francesa, e em mitologia. Afinal, de onde viria a relação com Prometeu?

Quem era Prometeu na mitologia grega?

De acordo com a mitologia, Prometeu era o titã que criou os humanos à imagem dos deuses. Foi ele quem os ensinou a caçar. Porém, após ter induzido Zeus a aceitar oferendas “de baixa qualidade”, o deus do Olimpo decidiu privar os mortais do fogo.

Só que Prometeu pegou o fogo de volta de Zeus e o deu à humanidade. Quando Zeus descobriu, condenou Prometeu a uma punição eterna: o titã seria preso a uma rocha no cume do monte Cáucaso, onde todos os dias uma águia viria para arrancar o seu fígado — que se regenerava por causa de sua imortalidade — repetindo o castigo para sempre.

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Qual a relação entre Frankenstein e Prometeu?

A história escrita por Mary Shelley se compara à figura mitológica de Prometeu porque tanto ele como Viktor Frankenstein foram penalizados por tentar ajudar os humanos. De maneira semelhante ao titã grego, o cientista também quis ditar as regras da humanidade, o que levou a um fim trágico.

Em uma analogia, o poder dos deuses levado aos humanos por Prometeu na forma de fogo também foi “manipulado” por Frankenstein de certo modo, ao querer criar vida de maneiras não naturais. Por isso ele é chamado de Prometeu moderno. Há outra semelhança entre as duas histórias: Prometeu dá o fogo aos humanos de uma estátua de barro, enquanto Frankenstein dá vida a um homem a partir de pedaços de um corpo sem vida.

Tanto a lenda grega quanto a obra de Mary Shelley têm uma lição categórica: não tente desafiar ou imitar os poderes dos deuses, pois as consequências serão catastróficas.