Quem vê os elegantes e sedutores vampiros do século 20 dificilmente os associa às repulsivas criaturas mortas-vivas do folclore do leste europeu, do qual foram inspirados. Em quase quatro séculos, a literatura vampiresca tomou conta do imaginário popular e se adaptou às mudanças da sociedade e anseios dos leitores, mantendo-se relevante até os dias de hoje.
Há, inclusive, uma mitologia bem definida quando o assunto envolve vampiros. Ela é composta por características como: sede por sangue humano, presas afiadas, trocar o dia pela noite, não poder ser exposto à luz solar, sensibilidade a alho e ao símbolo da cruz e a morte por meio de uma estaca no coração. Muito do arquétipo do vampiro se deve a Bram Stoker e sua obra-prima Drácula. Mas o conde da Transilvânia está longe de ter sido o primeiro vampiro da literatura.
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A ficção envolvendo vampiros encontra suas raízes entre as décadas de 1720 e 1730 na área que hoje é a Sérvia. A região vivia uma verdadeira histeria vampiresca depois de dois casos de possíveis vampiros: homens já falecidos que supostamente saíram de seus túmulos causando a morte de algumas pessoas.
Uma das primeiras obras literárias envolvendo o folclore dessas criaturas foi o poema alemão O Vampiro, de Heinrich August Ossenfelder. Os versos são repletos de erotismo e já estabelecem a sede de um vampiro pelo sangue de sua amada. A partir de então, várias histórias envolviam um personagem voltando do túmulo para visitar viúvas ou amantes e levá-las para o outro lado.
Em sua obra vampiresca A Noiva de Corinto (1797), Goethe inverte a lógica, colocando uma vampira em busca de seu ainda vivo noivo. A história amplia a temática para o conflito entre paganismo e cristianismo.
No século 19, quem trouxe de volta os vampiros à tona foi Lorde Byron por meio de um poema e de histórias nunca finalizadas. Alguns fragmentos foram escritos durante uma temporada na companhia de Mary Shelley — que na mesma época começou a escrever Frankenstein —, Percy Shelley e de John William Polidori, que era médico de Byron.
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Eles travaram uma competição de histórias de terror que deu as bases para o conto O vampiro, de Polidori. A história foi adaptada para uma peça e posteriormente para uma ópera, levando os vampiros a outros patamares artísticos.
Ainda durante o século 19, com a expansão dos vampiros a outros países, como Alemanha, França e Inglaterra, estas criaturas figuraram em muitos penny dreadfuls e se aproveitaram o tom obscuro da Era Vitoriana. Somente no final daquele século, a literatura vampiresca produziria a obra que ditaria os rumos desta mitologia que persiste até hoje: Drácula, de Bram Stoker.
Em uma sociedade tomada por doenças contagiosas como sífilis e tuberculose, Stoker se apossou desse medo para tornar o vampirismo algo transmissível. O Conde Drácula não apenas bebia o sangue de suas vítimas, mas era capaz de contaminá-las e torná-las criaturas como ele.
Baseado vagamente na figura de Vlad III Drácula, um imperador romeno do século 15, Bram Stoker estudou a mitologia daquela região a fundo para compor seu personagem. Ele também se inspirou em mitos irlandeses de criaturas sugadoras de sangue.
Além do próprio Drácula, o escritor criou personagens que passaram a compor a mitologia vampiresca desde então. É o caso do caçador de vampiros Van Helsing, da vampira Lucy Westenra e das Noivas de Drácula.
Mas este sucesso não foi instantâneo. O Conde Drácula só passou a fazer parte do imaginário (e dos pesadelos) das pessoas quando o personagem foi retratado no cinema, na primeira metade do século 20, com o longa adaptado da peça de teatro da Broadway.
A partir de então, o vampiro entrou com tudo na cultura pop de cada época: passando pelo ar gótico de Nosferatu, criando um híbrido com zumbis em Eu sou a Lenda e até entrando para a comédia como em O que fazemos nas sombras. A escritora Anne Rice mergulhou nesta mitologia e se tornou um dos principais nomes da literatura vampiresca contemporânea através dos livros Entrevista com o Vampiro, O Vampiro Lestat e A Rainha dos Condenados.
Com adaptações que se encaixam em todos os gêneros e públicos, os vampiros se mantêm relevantes no imaginário popular. Eles podem nem sempre dormir em caixões ou morar em assombrosos castelos, mas a sua sede de sangue é permanentemente alimentada pelos fãs, que certamente não deixarão estes mortos-vivos desaparecerem tão cedo.
A caveira tem seu próprio arsenal de vampiros sanguinários. Passando pelo clássico até as interpretações mais modernas das criaturas, separamos aqui seis publicações perfeitas para quem tem sede de sangue:
A consagrada obra de Bram Stoker, que transformou o mito do vampiro no que conhecemos hoje, faz parte da coleção Medo Clássico da DarkSide®. Através de fragmentos de cartas, o autor narra a história de humanos lutando para sobreviver às investidas do Conde Drácula. Ambientado na Londres vitoriana do século 19, o livro conta com duas edições: First Edition e Dark Edition.
Uma cidade com um mês inteiro sem ver a luz do sol parece o lugar perfeito para um banquete vampírico. É isso o que acontece na cidadezinha isolada de Barrow, localizada no Alasca. Nesta releitura moderna, os vampiros são criaturas desprezíveis, brutais e cruéis que aterrorizam os habitantes, cuja única esperança é torcer pelo raiar do sol o quanto antes. 30 Dias de Noite faz parte da coleção Graphic Novel.
Pitadas do universo de Anne Rice, do jogo de RPG Vampiro: A Máscara e de filmes clássicos de vampiros compõem o universo de Love Kills, uma HQ que moderniza o mito em torno destas criaturas. Repleta de aventura e terror, a história de Danilo Beyruth levanta reflexões sobre a mortalidade do próprio leitor.
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Esta HQ que mistura metal e terror reúne três histórias sangrentas. Uma delas acompanha um caçador em fuga após um vampiro arrancar toda a sua família de sua vida. A obra foi inspirada por canções da banda Semblant e a arte foi propositalmente composta para ressoar com as músicas de origem. A edição da DarkSide® é uma celebração aos fãs de terror e de metal.
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A investigadora Audrey Rose precisa decifrar o mistério de corpos que surgem completamente drenados dentro de uma academia de medicina forense. Só que tem um detalhe: ela está no coração sombrio da Romênia, onde viveu o terrível imperador Vlad, o Empalador. O livro, publicado pelo selo DarkLove, mistura elementos do horror gótico com os o tom investigativo dos livros da coleção Crime Scene.
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Uma antologia repleta de escritores de terror e fantasia também tem lugar para uma boa história vampiresca. No conto Juvenal Nyx, Walter Mosley explora personagens que são, essencialmente, vampiros, embora ainda apresentem algumas diferenças, como a presença de um dente que os humanos não possuem e a forma de difundir o vampirismo. Além deste, Seres Mágicos & Histórias Sombrias tem outros 26 contos de escritores como Peter Straub, Joe Hill e Joyce Carol Oates.
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