Crime Scene • Perfil

Ilana Casoy, referência no true crime brasileiro

Criminóloga é uma das mais influentes do país

19/02/2022

Nascida em 1960, vinda de uma família de intelectuais, Casoy se formou em Administração mas sua paixão mesmo era a investigação. Fez especialização em Criminologia pelo IBCCRIM e dedicou ao estudo da mente dos serial killers, com foco em montagem de perfis psicológicos. Em 2007 se tornou a primeira autora brasileira a publicar um livro pela DarkSide® Books e virou madrinha da linha Crime Scene. Descubra curiosidades sobre uma das maiores criminólogas do país e suas principais obras.

“Histórias policiais, crimes não resolvidos, sempre me intrigaram. Minha lembrança de infância sou eu na cozinha da casa da minha avó com meus pais e entrou o Boris [Casoy], meu tio, falando: ‘Mataram o Kennedy’.”

Vampiro de Niterói

Ao longo da sua carreira, Casoy já entrevistou um número incontável de criminosos. No início, um dos criminosos mais chocantes que ela investigou foi Marcelo Costa de Andrade, o Vampiro de Niterói, assassino que esteve ativo no início dos anos 90. Durante a entrevista, feita num hospital psiquiátrico, Casoy precisou sair para recuperar o ar enquanto o criminoso lhe contava o que fez com as 14 crianças que assassinou.

Além de dar detalhes dos crimes, Marcelo de Andrade afirmou que escolhia crianças como vítimas de suas cruéis sessões de tortura e sodomia por serem inocentes e, após a morte, ele acreditava que elas iriam direto para o céu. Marcelo preferia os meninos por serem mais bonitos e, segundo ele, tinham a pele “lisinha”.

Chico Picadinho

Outro criminoso que Casoy entrevistou para montar o perfil foi Chico Picadinho, que espalhou medo nas décadas de 1960 e 1970. Sobre o contato que teve com o criminoso, ela comenta: “Ele é um cara cultíssimo, faz yoga, se levantava cada vez que eu entrava na sala. Jamais diriam que ele matou uma mosca, mas aquelas mãos picaram pessoas.”

Detalhes sobre esses e outros crimes estão no livro Arquivos Serial Killes: Made in Brazil e Louco ou Cruel, uma edição especial com o relançamento de seus dois primeiros livros.

Investigações

Como o foco do seu trabalho é montar perfis psicológicos, Casoy afirma que “Quanto menos você julgar, mais a pessoa vai contar quem ela é.”, ressaltando a importância de escutar o que o criminoso quer falar, método empregado por diversos países.

Essa fase do trabalho envolve fazer diversas entrevistas e visitas para descobrir o que se passa nas mentes dos criminosos (todas devidamente anotadas e usadas pela polícia). Já são inúmeros casos e cadernos de anotação que Casoy acumula, sendo alguns deles as fontes principais de seus livros.

A importância de ouvir o criminoso também a fez enxergar alguns erros no sistema jurídico/penitenciário do país, o que gerou a série Em nome da Justiça, atualmente em sua 2ª temporada — em exibição no canal AXN.

Cada episódio conta um caso diferente, apresentando as contradições envolvidas nas investigações e os erros cometidos pela polícia ou pela justiça que resultaram na condenação de inocentes.

Casos de Família

Em 2016, Casoy lançou seu livro Casos de Família: Arquivos Richtoffen e Arquivos Nardoni, que reúne seus arquivos dos casos e faz uma análise detalhada de tudo o que aconteceu nesses crimes que tanto chocaram o país.

A obra também acompanha passo a passo o rumo das investigações e julgamento dos assassinos que romperam a linha da lei e do sagrado, os sentimentos e dúvidas da autora ficam agora expostos ao público.

Ficção

Com todo o conhecimento acumulado sobre crimes, Casoy embarcou numa nova empreitada e também passou a escrever ficção. Ainda em 2016, em conjunto com o autor Raphael Montes e sob o pseudônimo Andrea Killmore, Casoy lançou a obra Bom Dia, Verônica. O mistério sobre a real identidade dos autores só foi revelado durante a Bienal do Livro de 2019, quando os autores participaram de um bate-papo e apresentaram a nova edição da obra.

Sobre escrever o livro a quatro mãos, e com autores de vertentes tão diferentes (Montes já era um conhecido autor de ficção), Casoy aponta: “desde o início, tínhamos uma certeza: o trabalho seria conjunto e não da forma mais simples, com cada um escrevendo um capítulo”.

O livro virou série produzida pela Netflix e já está em sua 2ª temporada:

Antologia Dark

A autora também participou da Antologia Dark, uma homenagem à obra de Stephen King e um agradecimento por suas palavras terem formado leitores e vidas.

A obra busca promover a importância do conto no universo do horror e o diálogo entre autores nacionais e grandes mestres da literatura dark trazendo talentos nacionais que transformaram suas loucas obsessões em palavras assustadoras e cativantes.

Audiovisual

Além da série em exibição pelo canal AXN, a autora já se envolveu com outros projetos audiovisuais, como colaboradora da série escrita por Glória Perez e dirigida por Mauro Mendonça Filho, Dupla Identidade.

Em 2021, ela lançou dois filmes sobre o caso Richthofen em parceria com Raphael Montes: